Como deixei de fumar

Sobre derrotas que antecedem a Vitória

Prefácio

Bem, esse texto não tem o propósito de ser um manual que ensina a forma ideal de deixar de fumar, mas espero que sirva de inspiração e que ajude de alguma forma mesmo que como pseudo auto ajuda. Esse texto falará que antes da Vitória há diversas derrotas e muito planejamento, e que a perseverança é a virtude que nos motiva a nos superar, afinal, não são todos os dias que ganhamos, é pela derrota que tiramos lições e pela perseverança conseguimos colocar em prática o aprendizado e melhorar em uma segunda oportunidade.

Portanto, apesar ter ficado textão, persevere em termina-lo.

O que me motivou a escrever esse texto é o fato de eu ter percebido que dos diversos textos que tenho publicado no medium, o que falava das primeiras 100 horas de abstinência é o único que recebe visitas constantes, assim, pensando em ajudar aqueles que procuram deixar o vício do cigarro, tentarei expor como foram minhas derrotas antes de conseguir deixar de fumar; e falar um pouco sobre o método que utilizei para conquistar o meu monte Everest.

Vale ressaltar, que, apesar de não fumar por quase 3 anos, eu ainda gosto do tabaco; minha boca ainda saliva quando me recordo do sabor e dos momentos. Ou seja, ainda sou um viciado.

Meu everest

Deixar de fumar pode ser tão difícil quanto escalar o Everest. Afinal, trata se de um dos vícios mais difíceis de se abandonar, e assim, como o monte mais alto do planeta, demanda muito esforço, determinação, planejamento, análise de riscos, apoio, controle e principalmente, conquistas individuais para ser alcançado.

Determinação

O primeiro passo para deixar de fumar é estar determinado à largar de vez o cigarro. Não trata se de dizer que quer, mas de dizer que vai largar. Para isso, é preciso planejar-se, afinal ninguém se aventura no Everest sem antes saber dos desafios e conquistas da jornada.

Nesse momento do vício, de tomar s decisão de parar, nos inclinamos a nos enganar dizendo que o cigarro acalma, que ajuda com o intestino, alivia a fome, traz o sono e etc. Jogue essas bengalas fora, elas só lhe trarão problemas. Definitivamente não te ajudaram na caminhada. Aceite a realidade antes de qualquer tentativa: o monte é o maior do planeta, vai ser difícil e quase insuportável!

Estar determinado não é dizer que sabe que o cigarro faz mal ou que está tentando deixar o vício, não é sobre como se mostrar para as outras pessoas. Trata se de um compromisso com você mesmo.

Estar determinado é estar preparado para enfrentar os desafios que virão. Para mim, estar determinado tomou 6 meses de planejamento constante e lutas psicológicas. Não havia um cigarro se quer que eu acendia pensando em deixar o vício. “E se este fosse o último cigarro?”

Se perguntar é se conhecer.

Passei a me ver longe do cigarro a fim de saber como me sentiria. Me desafiava em pensamento. Comecei a estudar sobre as doenças ocasionadas pelo fumo, criei medos; métodos e meios de deixar o vício, me intusiasmei com os benefícios que traria à minha saúde. Cheguei até a pesquisar sobre o tempo necessário para “recuperar” meu pulmão.

Estar determinado é ter mais que vontade de deixar o vício, mas também ter um plano para tal.

Experimente situações, se imagine sem o cigarro, faça testes para saber como seu corpo se comportará, estude as vantagens de deixar o vício e as desvantagens de continuar fumando, trace objetivos simples para se engajar, explore suas virtudes, conheça suas oportunidades, faça com que você tenha interesse, coloque isso como uma meta maior: a meta do semestre, do ano quem sabe e corra atrás de dela!

Tome o tempo que for preciso para se planejar, só assim conseguirá um plano

No final, seu plano deverá responder: por que largar o vício ? Como largar o vício ? O que enfrentará pelo caminho? O que receberá em retorno? Quanto tempo levará sua caminhada? Quem te ajudará durante a jornada?

Apoio — Com quem contar

É extremamente importante que você só busque apoio de outra pessoa se estiver de fato determinado a largar o vício, se não, o tiro poderá sair pela culatra. Ninguém paga pelo guia em uma jornada ao Everest se não for de fato encarar a subida.

Qualquer jornada ou desafio sem apoio tem grande chance de se tornar um tremendo fiasco. Da mesma forma, ninguém sobe o Everest sem ajuda, ferramenta, proteção e preparação.

Lembre se, enquanto esteve se “determinando” você acabou por jogar todas suas desculpas e falsas bengalas fora, já se desfez dos apoios ruins e já começou sua jornada.

Em minha primeira tentativa de deixar o vício não consegui colocar em prática a busca pelo apoio. Muito por que não queria me comprometer com outras pessoas, pois tinha medo de falhar e ter que ficar ouvindo que eu era um fracassado, dessa forma, me dei a chance de falhar e não ser cobrado por outros, nesse instante, ao considerar a falha, eu já estava falhando na jornada.

Apoio neste método é primeiro de tudo aceitar. É aceitar que és incapaz, e que precisa sim de ajuda, de apoio de outras pessoas, ferramentas e etc. Tentar a jornada sozinho é muito difícil.

Em minha segunda tentativa quando consegui êxito, busquei por apoio e passei a compartilhar com as pessoas minhas vontades de fumar, minhas fraquezas, os gostos e sabores de modo que pudesse ter com quem compartilhar. Passei a ouvir melhor os desafios enfrentados por ex fumantes, como também à me inteirar de programas anti tabagismo. Sempre, após me abrir com outras pessoas recebia palavras de apoio que me faziam sentir confiança. Me sentia como um maratonista que recebe palavras de apoio da multidão durante a reta final de uma maratona. Essas palavras me fortalecia e fazia com que eu passasse a confiar mais no meu próprio plano o que aumentava o meu comprometimento.

Plano: Riscos

Antes de começar sua jornada você deverá se preparar para recaídas. Sim, elas ocorrem. O terreno da conquista é acidentado e de difícil locomoção, assim, torções e dores surgirão.

Quando coloquei meu plano em ação em minha segunda tentativa eu temia muito as recaídas, afinal, graças a uma delas voltei a fumar após 3 meses. Contudo, em minha segunda tentativa eu sabia que algo deveria ser feito caso elas surgissem. Por isso, tracei um plano espaçado que as permitissem, dessa forma, meu plano previa que eu tirasse pelo menos 1 cigarro a cada 2 semanas. Dessa forma, com objetivo, meta e prazo eu sabia que as recaídas ocorreriam de forma incremental, dia a dia, e que eu poderia poder trata -las conforme fossem surgindo.

Plano: Seu tempo

Meu plano foi desenhado para que em 1 ano eu deixasse o vício por completo. Esse era o meu tempo, afinal, só eu sabia do significado do cigarro para mim. Dessa forma, eu deveria tirar da minha cota de 20 cigarros por dia, 2 cigarros e consumir então em um dia apenas 18 cigarros. A cada mês eu tirava 2 cigarros do limite diário. Parece simples, contudo o transtorno psicológico de estar se limitando é muito intenso. Por isso é importante saber o seu próprio tempo e o quanto você aguenta de stress e pressão própria.

Sabemos que metas frouxas não trazem resultados, contudo metas impossíveis não proporcionam engajamento.

Não se sobe o monte Everest com passos de formiga, a menos que você seja uma formiga.

Execução do plano e controle dos resultados.

Controle das metas é fundamental para acompanhar suas conquistas e conhecer seu desempenho e limites. Ao definir suas metas em seu plano, você deverá também estabelecer recompensas para si. Não hesite em compartilhar seu sucesso com aqueles que te acompanham, certamente eles vibrarão junto com você.

Em minha primeira tentativa de deixar o vício, não dava importância para os resultados alcançados, assim, conquistas não possuíam valor e o auto conhecimento foi ignorado.

De nada adianta subir 2 ou 3 acampamentos em 1 dia, se depois passará 7 dias acamado.

Você deverá comemorar cada acampamento conquistado na subida, tomar nota do tempo gasto, dos riscos enfrentados e do desafios vencidos.

Em minha segunda tentativa de largar o vício comprei uma lousa e a coloquei na parede de minha cozinha. Desenhei nela 12 grandes estrelas que representavam os 12 meses sem cigarros. A cada mês que batia a meta eu chamava minha esposa para me acompanhar na atualização da lousa, coloríamos a estrela que representava o mês juntos, eu falava das dificuldades daquele mês, da importância em te-la ao meu lado e dos medos dos próximos meses. Depois, para comemorar jantavamos juntos. Todo dia, a todo momento que eu estava na cozinha eu via o quadro do orgulho, que eu jamais queria que se transformasse em vergonha, afinal ele já não era só meu.

Durante a subida faça paradas, mas nunca desça.

Último passo.

O último trago. Seguir seu plano te levará ao dia que encontrará seu último cigarro. Nesse momento tudo fica incerto e o medo de fracassar fica muito nítido. É importante conhecer como será o pós último trago, apesar da química estar mais controlada e do psicológico mais engajado é preciso que saiba que entrará uma abstinência que deverá durar não mais que 48 horas.

Pense nessas horas como sendo seus últimos passos da escalada. Não se escala o Everest para morar em seu topo, enquanto lá em cima o ar é rarefeito e o ambiente contra humano. Pense na abstinência como sendo este momento, ele é gratificante e difícil ao mesmo tempo, mas deverá durar pouco tempo.

Quando deixei de fumar, acabei parando de vez antes do tempo planejado. Estava fumando 4 cigarros por dia e estava muito difícil de diminuir, constantemente removia um cigarro mas logo recaia. Então percebi que não se tratava de tirar 1 cigarro, mas sim de dar o último passo. Sabia que seria difícil e esperei o momento certo para faze lo. Comuniquei minha esposa da decisão, expliquei a ela o que aconteceria e como eu ficaria para que ela pudesse me ajudar nas próximas horas. Quando chegou o dia, fumei o último cigarro longe dela e no outro dia já acordei pensando na luta da abstinência. Para abstinência, escrevi um texto próprio.

Espero que de alguma forma esse texto te inspire. Caso queira, deixe sua experiência nos comentários, fale de suas conquistas, fale também de seus fracassos, quem sabe você sirva de inspiração para outros.

Veja como foram minhas primeiras 100 horas sem cigarro

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