‘Os Estranhos 2 — Caçada Noturna’ não tem a qualidade do anterior, mas agrada
Em 2008, ‘Os Estranhos’ entrou no hall de filmes de invasão domiciliar, trazendo o casal interpretado por Liv Tyler e Scott Speedman em uma noite de horror, quando são encurralados por um trio mascarado que faz de tudo para capturá-los.
O primeiro longa, apesar de não estar isento de falhas, conquistou status de cult e adquiriu fãs com uma narrativa própria, apoiando-se no já conhecido “baseado em fatos reais”. O diretor, Bryan Bertino, conta que a ideia surgiu quando em sua infância alguém apareceu na sua casa, no meio da noite, perguntando por uma pessoa que não estava lá. O estranho foi embora, mas no dia seguinte Bertino descobriu que outras casas da vizinhança foram invadidas naquela noite.
É justamente essa aproximação do real que faz do primeiro filme uma obra sustentável. Afinal, ele é capaz de nos colocar na pele dos personagens e nos faz acreditar que, de fato, aquilo poderia acontecer fora das telas.
Infelizmente, Os Estranhos 2 — Caçada Noturna não abraça essa premissa e fica até difícil de acreditar que o mesmo diretor esteja envolvido no projeto, agora como roteirista.
NOVOS RUMOS
O longa traz a história de uma família que, durante a viagem que fazem para levar a filha problemática (Bailee Madison) ao internato, param em um resort de parentes distantes. Lá, eles recebem a visita de três mascarados que prometem fazer daquela noite um inferno.
A premissa não é inovadora, porém consegue despertar o interesse de antigos fãs e de quem ainda não conhecia a franquia.
O problema está, principalmente, nos personagens desinteressantes: a filha rebelde que irrita tanto os pais quanto os expectadores, a mãe (Christina Hendricks) que se deixa ser atacada (verbalmente e, depois, fisicamente) sem revidar, o pai (Martin Henderson) que tenta parecer “descolado” em cena e o filho obediente (Lewis Pullman) que cai como uma luva no estereótipo de garoto popular.
As coisas não melhoram após essa introdução sofrível da família. Mesmo com as referências ao antecessor e a permanência dos algozes mascarados, Os Estranhos 2 não se salva. Afinal, é difícil ter medo de assassinos que dependem exclusivamente da burrice das vítimas para serem bem-sucedidos.
O tom de mistério não se sustenta agora que, apenas as coincidências e desleixos das vítimas, fazem com que os invasores não sejam mortos — afinal, eles não são seres sobrenaturais, por mais que o filme tente forçar isso com um personagem que, mesmo gravemente ferido, permanece atrás da vítima.
PONTOS POSITIVOS E NEGATIVOS
O terceiro ato é bom, mesmo mal aproveitado, e entrega um desfecho que dá um gostinho de “poderia ter sido melhor”. Mesmo a pequena homenagem ao clássico de terror “O Massacre da Serra Elétrica” parece subaproveitada.
Acaba que quem se destaca na trama é Lewis, que protagoniza um dos melhores momentos do longa. A cena da piscina é um show de luzes, trilha sonora e continuidade — levando o personagem ao limite.
De modo geral, Os Estranhos 2 não consegue ter a mesma carga dramática que o antecessor. Ele possui seus méritos com relação a ambientação, trilha e momentos que tornam a experiência agradável, porém se coloca na lista de “horror teen”, que vêm se estendendo com tramas com a de “Amityville: O Despertar”, uma sequência feita apenas para lucrar em cima de uma franquia.
A última cena, então, parece ter sido escrita às pressas apenas para que existisse mesmo um final. A tentativa de criar um gancho para outro filme não convence.