Os 10 melhores livros que li em 2017

Fabio Ismerim
13 min readDec 20, 2017

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Mais um ano bem legal e extremamente produtivo no âmbito literário, embora não tenha batido a meta de este ano ainda. (não enquanto escrevo este post, mas até o dia 31 tem jogo hehe). E foi por um bom motivo.

Este ano iniciei um novo desafio na minha carreira profissional, em uma área que nunca havia atuado antes mas que considerava importante para aprender e aprimorar algumas skills. Como todo novo aprendizado, sua mente se cansa mais rapidamente até encontrar os padrões e hábitos que a levem economizar energia, além disso tive que estudar e ler alguns livros para diminuir o tempo na curva do aprendizado desse novo cargo. Portanto alguns livros que vão aparecer na lista são bem específicos. Este também é o motivo pelo qual não teremos nenhum de ficção, romance, fantasia, etc na lista, embora tenha lido uns dois ou três.

O que me levou a fazer algo um pouquinho diferente este ano das listas anteriores: pretendo explicar no que exatamente o livro me ajudou e porque foi importante pra mim. Vi isso em um post no linkedin bem legal do Rony Meisler, CEO e fundador da Reserva, que ele recomenda alguns livros que foram importantes pra ele, mas ele relata de forma clara e bem especifica os pontos que cada livro ajudou na construção da empresa dele.

Foi difícil escolher os 10 , maaaasssss…..

Vamos à eles (ordem cronológica de leitura):

1- Homo Deus — Yuval Noah Harari

Comprei esse livro no pré-lançamento (novembro de 2016 mais ou menos) pois já imaginava o que encontraria. Devorei o primeiro livro dele, Sapiens, e quando soube através do Átila, o apresentador do Nerdologia, que ele estava fazendo a revisão técnica do livro, não pensei duas vezes. Neste livro Yuval traz um pouco do passado de uma forma rápida mas a proposta aqui é falar para onde estamos indo. Como estamos aos poucos deixando de adorar divindades e a praticar o “humanismo” e o dataísmo (a crença nos dados) como religião. No passado conseguíamos opinar e prever o que aconteceria em 5, 10 ou 20 anos. Pela primeira vez na história estamos com mais perguntas que respostas sem conseguir fazer previsões. Se antigamente nossos problemas eram fome, guerra e doenças, hoje o homem busca criar a vida e viver eternamente. Até que ponto isso é benéfico? Qual impacto disso, se alcançarmos, na nossa cultura, economia e sociedade? O livro não tem pretensão de fazer previsões, mas deixar as conclusões e reflexões para o leitor. Foi fundamental para que eu entendesse melhor nosso lugar no mapa e nossas relações com nós mesmos. Pretendo reler em 2018

Link Amazon: Homo Deus

2 - O Animal Social — David Brooks

Daqueles que você não faz ideia do que esperar e que te surpreendem. Me peguei no final do livro parado, emocionado e pensando na viagem que acabara de ter. David Brooks é colunista no NYT e fala sobre comportamento, política e sociedade. Inspirado na obra de Rosseau de 1760, Emílio ou Da Educação, Brooks cria dois personagens fictícios, Harold e Erica, e conta a trajetória dos dois desde a infância até a morte. Nascidos em ambientes, bairros e famílias diferentes, o autor mostra como as escolhas, oportunidades e as forças inconscientes impactam em nossas vidas e nos rumos que ela toma. Fundamentado nas descobertas recentes da neurociência, economia comportamental e psicologia, este livro traz conceitos da ciência cognitiva de forma branda através do romance.

“Quão praticamente escasso é o meu autoconhecimento se comparado, digamos, o conhecimento do meu quarto. Não existe observação do mundo interno da maneira como existe do mundo externo”. — Kafka

Dizem que somos frutos de nossas escolhas, mas ao mesmo tempo achamos que temos plena consciência delas. Algumas coisas eu já conhecia mas foi importante ver como as forças da nossa mente atuam em nossas vidas sem nem ao menos percebermos, me ajudando a ser menos ansioso, a refletir mais antes de opinar e questionar mais.

Link Amazon: O Animal Social

3 - Escassez — Sendhil Mullainathan e Eldar Sharif

Uma nova forma de enxergar os motivos, causas e efeitos da pobreza, falta de tempo, decisões por impulsos, dificuldade na dieta, enfim, tudo que envolve a escassez.
Com muitas referências de pesquisa, este livro mostra o porque a Economia Comportamental consegue, ao menos tenta, explicar os motivos pelos quais tomamos decisões.

Aqui fica bem explicado porque a escassez torna tudo mais complicado. Ao mesmo tempo que ficamos focado para cumprir determinada tarefa (pense em um projeto que você esteja envolvido e está perto do fim do prazo), a escassez tem um custo que os autores chamam de taxa de largura de banda. Como temos uma preocupação que está no topo da mente, acabamos entrando em um túnel em que tudo que não se refere àquela tarefa, fica de fora e acabamos sendo negligentes. Como consequência não conseguimos pensar a longo prazo.

Um prazo apertado ou a falta de dinheiro faz com que nos concentremos na tarefa à frente. Com as mentes focadas, tendemos a errar menos por descuido. Isso faz muito sentido: a escassez nos captura porque é importante, merece nossa atenção

Esta, dentre outras referências e inúmeros exemplos, explicam os motivos pelos quais agimos por impulso (comemos um doce quando temos um dia conturbado e estamos de dieta), ou porque as políticas públicas voltadas para as pessoas pobres são tão difíceis de se obterem sucesso (você entrega remédios grátis mas ainda assim é difícil fazer com que a pessoa tome os remédios adequadamente. Me ajudou a ser mais organizado nas minhas tarefas principalmente no trabalho. Também foi importante para refletir e entender melhor o impacto do ambiente na vida dos mais necessitados. Se tiver mais interesse, olha só esse TED do Sendhil sobre como ele usou alguns conceitos da Economia Comportamental para resolver problemas sociais:

Link Amazon: Escassez

4- A Arte da Escolha — Sheena Iyengar

A autora passou décadas atuando no ramo de pesquisa sobre como as escolhas nos moldam e interferem em nossa visão de mundo. Ela fez sua pós-graduação em Standford e teve aulas com ninguém menos que Amos Tversky, pioneiro na ciência cognitiva e co-autor de diversas pesquisas e trabalhos realizados com Daniel Kahneman.

Achei interessante como culturas influenciam na forma como fazemos nossas escolhas. Muitos preferem ser livre e ter opções para escolher, já outros preferem mais que as escolham sejam mais direcionadas por alguma outra autoridade.

Também gostei de saber que ter muitas opções para escolher não é algo necessariamente benéfico, prejudicando muito nosso desempenho em fazer a melhor escolha. A famosa pesquisa da geleia que foi amplamente difundida é de sua autoria, onde ela mostrou que uma loja nos EUA achava que ter muitas opções de produtos era algo bom, no entanto, nada daquilo transformava em venda. Ao colocar 25 tipos de geleias com sabores diferentes, muitos provavam mas não convertia necessariamente em vendas, ao passo que expor 6 tipos diferentes tinha um resultado melhor. O famoso menos é mais.

A cultura também tem um impacto forte em como as pessoas escolhem, por isso cuidado ao planejar sua campanha e elaborar o seu PDV. (alô pessoal de marketing!!)

Link Amazon: A Arte da Escolha

5- Como fazer amigos e influenciar pessoas — Dale Carnegie

Não dava nada pra esse livro. Comprei em uma promoção e ele ficou encostado. Mas depois de vê-lo nas listas do Diego Gomes e do Peçanha eu resolvi ler. Impressiona por ter sido escrito há tanto tempo e continuar tão atual e ainda necessário. O livro tem um “quê” de auto-ajuda mas é todo pautado em exemplos que o autor viveu dando seus cursos e citando muitas personalidades da época (o livro é da década de 30), o que tornam os insights mais valiosos, ao meu ver. Warren Buffet tem o certificado deste curso na parede do escritório e diz que é mais importante que qualquer diploma.

Recomendo esse livro para todos, pois vejo uma carência significativa na forma como nos relacionamos hoje em todas as esferas. Temos dificuldades em dialogar, em se interessar de verdade pelo que o outro tem a dizer. Quando alguém te conta algo, você faz perguntas a respeito ou ouve e logo em seguida conta algo sobre si?

O ponto aqui não se trata de você persuadir e manipular pessoas, mas sim de se relacionar e se comunicar de forma mais saudável. Me ajudou demais quando comecei a trabalhar com inside sales em uma empresa de tecnologia.

Link Amazon: Como fazer amigos e influenciar pessoas

6- Superprevisões — Philip Tetlock e Dan Gardner

Fantástico! Esta leitura foi um divisor de águas pra mim. A primeira vez que li o nome do autor foi no brilhante livro A Lógica do Cisne Negro, do Nassim Taleb há uns 7 anos, falando sobre o modelo de pensamento do porco espinho e a raposa — que inclusive me motivou a escrever um post aqui no blog. Essa conclusão veio do experimento que ele conclui que os analistas e especialistas são péssimos em prever (famosa anedota de que não são melhores que chimpanzés jogando dardos).

Aqui Tetlock mostra um outro projeto, The Good Judgment Project, onde ele quis desmistificar o a analogia do chimpanzé, pois, segundo ele, foi tão propagado que acabou sendo deturpado, fazendo as pessoas entenderem que não é possível ser um bom previsor, ou super previsor como ele mesmo diz.
O livro explica os detalhes e o resultado do projeto, e mostra como podemos criar um método de pensar, agir, errar, analisar e refazer, para que possamos realizar previsões mais acuradas, afinal, estamos realizando previsões a todo momento (que horas devo sair de casa, que horas agendo minhas reuniões, e se eu decidir não ir, etc)

Desde então, sou menos ansioso e mais calmo no momento que me pedem opiniões que envolvem predileção. Também pude analisar melhor as pessoas ao meu redor realizando previsões sem fundamentos e muitas vezes sem voltar nas previsões que fizeram para corrigir. Recomendo para quem trabalha com análise de dados, estabelecimento de metas, projetos e prazos.

Link Amazon: Superprevisões

7- The Sales Development Playbook — Trish Bertuzzi

Esse tem um gostinho especial. Foi meu primeiro livro em inglês que consegui terminar :))))

Cheguei neste livro através do pessoal da Meetime e posts do Diego Cordovez (vocês são FODAS!!!) Este é recomendado pro pessoal de SaaS e bem focado na área de inside sales, mais precisamente no SDR (Sales Development Representative).

Trish presta consultoria a diversas empresas de tecnologia na área de inside sales, desde startups do Vale, a gigantes já consolidadas. Aqui ela ensina o que é preciso para ser e obter o máximo de aproveitamento de um time de SDR (closers/ qualificadores/ prospecção). Fluxo de cadência, modelos de e-mail, metas, enfim…
Ela divide o livro em 6 partes:

1- Estratégia (como criar processo; alinhando seu modelo ao seu mercado)
2- Especialização (qualidade vs quantidade; inbound vs outbound, segmentando seus prospects)
3 — Recrutamento (Inovando processo de contratação, contratar certo; ferramentas para escalar)
4- Retenção (diferenças entre motivar e gerenciar; coaching, treinamentos; playbooks)
5 — Execução (aplicando seu modelo, frameworks de voicemails e e-mails)
6 — Liderança (lidere seu time, configurando metas; meça o que importa)

Segundo ela, é preciso dominar estes 6 conceitos para criar um time de inside sales vencedor.

Recomendo demais aos que atuam na área. Livro rápido, fácil e com dicas aplicáveis que me ajudaram muito nesse novo desafio profissional.

Link Amazon: The Sales Development Playbook

8- Mindset — Carol Dweck

A autora é citada amplamente em livros que envolvem pesquisas no campo da ciência cognitiva. O livro tem uma pegada auto-ajuda no começo, mas a tônica vai mudando da metade pra frente. Consegui extrair ótimas dicas e aprendizados daqui, principalmente na educação dos meus filhos.

A autora nos distingui em dois modelos: mindset fixo e mindset de crescimento. O primeiro tem são pessoas que valorizam resultados por si só, características, e inteligência. Já o segundo é focado no aprendizado, esforço, estratégia e resultado também, mas não por si só. A ideia é que aprendamos com os erros e pratiquemos o ciclo de feedback com os próximos e com você mesmo. Não elogiar o resultado somente, ou inteligência, mas o caminho percorrido para se chegar até ele. A lição que foi tirada dos erros e acertos.

Um trecho das notas que fiz:

Quando adotamos um mindset, ingressamos num novo mundo. Num dos mundos — o das características fixas — , o sucesso consiste em provar que você é inteligente ou talentoso. Afirmar-se. No outro mundo — o das qualidades mutáveis- , a questão é abrir-se para aprender algo novo. Desenvolver-se.

Link Amazon: Mindset

9- Hiper Crescimento — Aaron Ross e Jason Lemkin

Minha expectativa era de encontrar um complemento talvez até um pouco mais do mesmo do Receita Previsível, mas logo nas primeiras páginas vi que não tem muito a ver, embora os autores também passem e falem sobre a prospecção outbound.

O propósito do livro é quase um guia para começar o seu negócio no mercado de SaaS. Como você pode fazer para validar sua ideia, inicio das vendas, crescimento, hipercrescimento, liderança de equipe, cultura organizacional e na parte final você terá um depoimento bacana do Aaron Ross sobre como é difícil empreender e como ele faz para ser pai (ele tem 12 filhos), autor, empreendedor, palestrante, marido, etc.

Gostei também pois os autores relatam os erros e fracassos que cometeram no caminho, mas mostrando como errou e porque errou.

Recomendo fortemente para quem quer abrir o próprio negócio, para quem já trabalha com SaaS independente do setor. Foi um livro fundamental no meu aprendizado profissional e me deu insigths fantásticos para meus projetos paralelos. Ambos os autores produzem muito conteúdo para o mundo SaaS.

Link Amazon: Hipercrescimento

10- Incógnito — David Eagleman

Se o cérebro é o assunto, dificilmente não terá o David Eagleman no meio. Logo nas primeiras páginas o autor mostra a proposta do livro com exemplos simples de como nosso cérebro interpreta os sentidos básicos (visão, olfato, tato), culminando com algumas questões que pautam o livro inteiro: o que é consciência? onde ela termina e inicia a inconsciência? Se o mundo que conheço é criado pelo meu cérebro, então, o que é real? Se nós simplesmente criamos histórias para dar sentido as nossas escolhas, pois achamos que são feitas conscientemente, então, temos o livre arbítrio?

São questões que o autor vem trazendo ao longo do livro mostrando como a neurociência avançou e como ainda há muito o que percorrer para entender e responder essas questões com clareza. Fica bem claro que o meio em que você nasce, cresce, e se desenvolve, tem impacto significativo nas suas escolhas.

Também gostei de como ele aborda e traz uma nova visão para o sistema judiciário onde não levamos em conta essas questões que entre meio, genética, comportamento, e consequências para criarmos um sistema mais inteligente que de fato leve a recuperação dos indivíduos.

Mais um daqueles livros que vão te fazer perceber que não temos, e não estamos, no controle como achamos que estamos. É o que ele chama de destronamento do homem. Tivemos o destronamento com Galileu, ao descobrir que não somos o centro do universo; depois com o estudo das camadas sedimentares derrubando a idade da Terra estimada pela igreja, tornando-a 800 mil vezes mais antiga; depois tivemos Darwin com a teoria da evolução colocando o ser humano como apenas outro ramo do reino animal; e tivemos também Francis Crick e James Watson com a descoberta do DNA. E a neurociência mostrou que não é a mente consciente que pilota o barco. É o destronamento de nós mesmos.

Somos compostos por multidões, por vários “eus” que co-existem e vão se modificando conforme o passar do tempo.

Uma leitura que te fará viajar pela filosofia, psicologia, neurociência, física quântica e biologia de forma natural, sem complicações e que te fará questionar. Uma excelente leitura :)

Link Amazon: Incógnito

Bônus :) → Growth Hacker Marketing — Ryan Holiday

Recomendo fortemente para profissionais de marketing e para quem trabalha em empresas de tecnologia e startups. Embora o termo hoje já seja bem conhecido e disseminado, ainda vejo muitos marketeiros engessados com uma filosofia e mentalidade já ultrapassada.

O autor aqui mostra como utilizar a tecnologia e poucos recursos para lançar o seu produto e encontrar o PMF (Product Market Fit), reter e escalar. Desde que comecei a produzir conteúdo há alguns anos, eu já havia notado que o profissional de marketing precisa ser mais híbrido, e entender de muitas coisas em um mundo de mudanças tão rápidas. Produzir conteúdo, conhecer um pouco de programação, desenvolvimento de produto, personas, customer success, analytics e por aí vai.

Growth Hack é utilizar poucos recursos e, principalmente, ser guiado pelos dados e métricas.
Segundo o autor, é alguém que jogou fora o guia de marketing tradicional, e substituiu por ferramentas mensuráveis, rastreáveis, testáveis e escaláveis.

Ele cita exemplos de empresas antigas, como o hotmail ao utilizar um recado no final de cada e-mail descrevendo que aquele e-mail foi enviado do hotmail; e até de empresas mais recentes como Dropbox, Zappos, Instagram.

Link Amazon: Growth Hacker Marketing

É isso aí pessoal. Espero que de alguma forma essa lista tenha sido útil de alguma forma. Eu, particularmente, sou fissurado por recomendações de livros, portanto se você quiser me recomendar algum é só deixar nos comentários aí que você deixará o tio aqui muito feliz!

Se quiser ver a lista completa dos livros que li, meus reviews, o que estou lendo e a pilha pra ler, é só me seguir lá no goodreads: https://www.goodreads.com/fabioismerim

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