A Praia
Domingo de sol,
Ali estou novamente pisando na areia
Mala à mão, paletó dobrado
Sapato engraxado, engravatado
E eu só sempre quis entrar na praia
Mas nunca estive de acordo,
Nem de espírito, nem de tempo
Muito menos de corpo
A praia lotada e seminua
Gotas escorrendo sem pudor
Da água do mar
Do calor suado
Das lágrimas
Todas salgadas
Levei embora a mala, os sapatos, o paletó e a gravata
As fotos da praia são lindas, eu gostaria de ter dito
“Adeus, Rainha que Deveria Ter Sido”
E eu nunca pude, porque a vida é essa correria de encontros e desencontros na qual encontramos lugares certos em momentos errados, o contrário, ou simplesmente deixamos passar a oportunidade, porque há tantas outras coisas para resolver e muitos problemas para solucionar que tudo passa adiante e quando vemos estamos em um novo cenário, novas circunstâncias, regras diferentes da vez anterior, e o aprendizado pouco vale, já que tudo muda constantemente e assim se vão anos perdidos olhando através de sonhos quebrados e proibidos que nunca acontecerão
A praia será sempre inesquecível
E a mim cabe o esquecimento
É pedir demais de uma praia que guarde com carinho
Um homem que sequer ousou pisar em suas águas