Adeus
Sabe aquela sensação de quando você se perde de si mesmo?
É. Quando você está fazendo alguma daquelas tarefas cotidianas (sendo ela importante ou não), e de repente uma imagem, palavra, ou qualquer outra coisa serve como um gancho para o rosto de uma pessoa muito querida.
Você se esquece. Esquece de respirar e de piscar. Fica ali, entretido, imaginando como aquela pessoa está naquele momento, se ela também pensa em você e se sente sua falta.
Até que, de tão ressecados, seus olhos começam a chorar, enquanto seus pulmões vazios imploram por oxigênio. Para compensar o tempo ocioso, você é obrigado a inspirar uma enorme quantidade de ar e logo depois expirá-la, o que gera o suspiro.
Daí falarem que quando se suspira é porque está se pensando em alguém.
Mas até o momento do primeiro suspiro, você nunca entendera essa lógica. E quando passa a entender, começa a perceber outras coisas também.
Percebe que o tempo passou muito rápido, e que quase todo ele foi desperdiçado. Percebe também que a despedida está mais próxima do que se imaginava, e que não há mais nenhuma possibilidade.
Você percebe que, embora tenha feito o máximo possível, se arrepende das coisas que poderia ter feito e deixou de fazer por pura falta de auto-estima e determinação.
E por último, você percebe que está prestes a chorar — e dessa vez não por seus olhos estarem ressecados, mas sim por estarem encharcados d’água.
Afinal, você não quer dizer adeus.
Agora que está explicada a pergunta, você consegue compreender essa sensação? Consegue me responder?
Para o seu próprio bem, por favor, diga que não.