Bem Que Buda Falou

E eu deveria ter ouvido.

Se o ego é fonte de todo sofrimento,
Se nada é permanente,
O que eu faço com todos esses desejos?

Penso, penso e penso.
E percebo que a resposta não está em pensar.
Eu a toco levemente toda vez que me permito divagar,
E ela me escapa quando tento apreendê-la.

Como um pássaro livre.

A tinta escura contra o papel não responde nada.
Há algo que lhe escapa.
O caminho está na parede branca e vazia.
Está no escuro de minhas pálpebras.

Há lugares pelos quais passei,
Que eu faria de tudo para voltar.
Há outros que nunca fui,
Que faria de tudo para conhecer.

Há bocas que beijei,
Que beijaria de novo em qualquer oportunidade.
Olhares que troquei,
Que trocaria mais vezes repetidamente.
Pessoas que conheci,
Que esqueceria para conhecer de novo no dia seguinte.

É possível medir a qualidade da minha vida pelas minhas lembranças?
Daqui a vinte anos, que tipo de lembranças eu quero ter?
Lembranças para as quais eu possa retornar com alegria?

Então se o sofrimento é a causa primeira para viver,
E a vida é a causa primeira para a felicidade,
Devo escolher bem: por quem vale a pena sofrer?
Debulhar-me em lágrimas? Tomar todas as dores?

No momento em que tiver esta resposta,
Saberei também por quem vale a pena ser feliz.