Vice
Toca a vinheta.
“E estamos aqui hoje com o vice-presidente. Boa noite.”
“Boa noite, William.”
“Vamos começar a conversa pelo tripé econômico…”
“E pelo direito de as mulheres escolherem abortar.”
“Como?”
“Você não acha que elas têm esse direito?”
“Hmm, ok. Exatamente em que circunstâncias?”
“Só quando eu quiser.”
“Entendi. O senhor tem dado opiniões muito contrárias às ideias que elegeram seu governo. Quer comentar algo sobre isso?”
“É tudo apenas uma questão de bom senso, William.”
“Como o caso do deputado ameaçado de morte e do ex-presidente impedido de ir ao enterro do irmão?”
“Sim, onde já se viu? Um parlamentar não pode ser ameaçado dessa forma, nem quem quer que seja pode ser impedido de se despedir do irmão daquela maneira.”
“Mas pode de alguma outra forma ou maneira?”
“Só quando eu quiser.”
“Bom, e sobre as taxas de desemprego, o que o senhor pode dizer?”
“Posso dizer que as cotas raciais são muito importantes nas universidades.”
“Mas, senhor…”
“E a comunidade LGBT deve ter os mesmos direitos de qualquer um.”
“O senhor está se esquivando das minhas perguntas.”
“E que devemos separar Estado e religião.”
“Senhor, senhor. O senhor pretende responder minhas perguntas, afinal?”
“Só quando eu quiser.”
“Então por que está concedendo essa entrevista? Devo continuar com as perguntas?”
“Só até quando eu quiser também.”
