Número de viagens em carros próprios caiu 1 milhão nos últimos 5 anos em SP

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3 min readJan 18, 2019

Números da Pesquisa Origem e Destino 2017 combinados à Pesquisa de Mobilidade Urbana apontam também que corridas de apps representam parcela ínfima do total de viagens com carros

Ciclista aguarda semáforo abrir para seguir viagem na ciclovia da avenida Paulista (Zanone Fraissat/Folhapress)

Os resultados preliminares da Pesquisa Origem e Destino 2017, divulgados em dezembro, representam, como diz o próprio relatório, apenas uma prévia do estudo. Ainda vai levar alguns meses para o Metrô divulgar o balanço completo, com microdados que podem revelar com um pouco mais de clareza as tendências verificadas.

O que se pode dizer por enquanto é que, essencialmente, os números confirmam o que apontam os estudos da 99: tendências de substituição do carro próprio individual por corridas intermediadas pelos aplicativos.

Comparando os resultados da OD com as informações da Pesquisa de Mobilidade Urbana do Metrô de 2012, é possível notar que, em cinco anos, o número de viagens de automóvel próprio diminuiu em torno de 1 milhão de viagens por dia e o total de viagens em qualquer veículo próprio caiu 8,5%.

É importante lembrar que houve essa queda apesar do crescimento da frota de automóveis de São Paulo em 58% e de motos em 120% na última década.

Entre 2007 e 2012, o número de deslocamentos em automóveis havia crescido quase 2 milhões de viagens por dia e as viagens de moto, 320 mil por dia. Enfim, o resultado representa uma interrupção da tendência de crescimento das viagens feitas por automóvel, possivelmente devido à consolidação dos serviços intermediados por aplicativos.

Os números da OD 2017 apontam, ainda, que as corridas intermediadas por aplicativos somam uma parcela ínfima do total de viagens realizadas com carros individuais.

Segundo o estudo, dentre as 12,9 milhões de viagens feitas em veículos particulares, apenas 362 mil são intermediadas por aplicativos, o que representa menos de 3%.

As viagens de aplicativos têm se mostrado uma alternativa viável ao carro próprio e isso beneficia inclusive os serviços de táxi. No intervalo das duas pesquisas, as viagens de táxi aumentaram 24,5%, de 90,7 mil viagens diárias para 112,9 mil. Pode-se dizer que uma quantidade considerável de passageiros da 99 que antes não utilizava táxi pode ter passado a acessar essa opção ao usar o aplicativo, já que a empresa abriga os dois serviços de intermediação.

Metrô mais ramificado

O extenso trabalho dos pesquisadores da OD, em que visitaram 32 mil casas e realizaram mais de 150 mil entrevistas, constatou ainda que o número de viagens tanto do Metrô como da CPTM teve um acréscimo de mais de 50% em relação à Origem-Destino de 2007, enquanto o sistema de ônibus viu as viagens caírem 5%.

Na década passada, eram 2,2 milhões de viagens diárias de Metrô, e, em 2017, foram 3,4 milhões. Já as viagens diárias de trem passaram de 800 mil em 2007 para 1,3 milhão em 2017. Enquanto isso, os deslocamentos por ônibus caíram de 9 milhões para 8,6 milhões por dia.

Vale ressaltar que, nos últimos anos, o sistema sobre trilhos se tornou mais ramificado: 45 quilômetros de trilhos foram adicionados, novas estações de Metrô foram inauguradas e integrações com o trem foram estabelecidas. Possivelmente, os transportes metroviário e ferroviário tenham absorvido parte dos passageiros de ônibus.

Enfim, após a divulgação do relatório completo, será possível fazer análises mais precisas de outros impactos positivos da entrada dos aplicativos nas cidades.

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