Aquele sobre o Medieval Expresso

Amanda Freitas
Para todos os garotos que já peguei
4 min readAug 13, 2021

O primeiro date depois de quase 7 anos com a mesma pessoa, a gente nunca esquece

É muito, muito, muito estranho mesmo voltar para a solteirice depois de anos em um relacionamento MONOGÂMICO. Ainda mais quando quem levou o pé na bunda foi você. Eu não estava pronta psicologicamente para o que viria. Parecia uma ovelhinha inocente e despreparada prestes a cair nas garras afiadas e venenosas do seu predador: o homem hétero.

Uma coisa que sempre passava pela minha cabeça enquanto eu namorava era “DEUZÔLIVRE ficar solteira hoje em dia, não saberia o que fazer”. Mas quando a realidade dá um socão na sua cara, você precisa ativar seu instinto de sobrevivência. Eu realmente tinha perdido toda a prática. Na real, no auge do meu coração partido eu nem conseguia me imaginar nos braços fortes e peludos de outro homem (isso passou rapidinho). Foram dois relacionamentos longos seguidos, a última vez que eu estive solteira foi há MAIS DE UMA DÉCADA, não existia nem smarthphone naquela época, gente! Agora TUDO ESTÁ DIFERENTE. Paquera virou crush, peguete virou contatinho e a “azaração” (eu realmente preciso renovar meu vocabulário sexual) passou para o mundo virtual.

O primeiro passo foi aprender a usar o Tinder. Baixei o aplicativo entre sangue, suor e lágrimas, determinada a encontrar um novo amor (ovelhinha, não disse?). Pedi ajuda das amigas com as minhas fotos e com 5 minutos de uso, eu já começava a contabilizar meus primeiros likes. Com 30 minutos, já tinha um convite pra transar e F1. Confesso que fiquei um pouco chocada. Deixei o app de lado logo na primeira hora e voltei minhas atenções para o bom e velho “mundão lá fora”.

Fui, na maldade, pra uma festinha de Halloween com amigos. Queria muito conhecer uma pessoa interessante, até que eu reparei nesse carinha. Como já dito anteriormente, eu nem sabia mais dar em cima de alguém. Como um namoro pode te fechar tanto para o mundo assim? Com uma ajudinha extra de uma amiga (ah, os amigos!) — que, literalmente, pegou na minha mão, me levou até o garoto e disse que eu estava afim dele — consegui desenvolver o lance.

Nossa conexão foi incrível. Beijo bom, pegação ótima. Ficamos casadinhos a festa toda. Ele falava o quanto ficou feliz de me conhecer, que a gente combinava, me encheu de elogios. SERÁ O QUE O HOMEM HÉTERO CARIOCA É TÃO EMBUSTE COMO MINHAS AMIGAS SOLTEIRAS FALAVAM ou elas estavam exagerando? Seja lá qual for a verdade, eu achava que tinha chegado no mundo dos solteiros com o pé direito.

Para facilitar a história e manter a privacidade, vou chamar este abençoado de O MEDIEVAL, já que ele curte coisas da Idade Média. Oi? Aparentemente, ele frequenta feiras medievais e faz luta de espadas. Sem julgamentos!

Nós nos encontramos uma segunda vez e seguimos com o padrão de um encontro “perfeitinho”. Fomos ao cinema, depois num barzinho, até que O Medival me chamou para a casa dele. Minha resposta foi “Não”, seguida por um “Vamos para a minha casa?”. Entendam a força dessa frase. Foi a primeira vez na minha existência que eu pude chamar alguém para o meu próprio apartamento. A liberdade e o prazer que eu senti naquele momento, nem mil orgasmo conseguem alcançar (ou eu que tô gozando mal?).

Nós fomos para a minha casa, tudo estava perfeito, transamos e… 20 minutos depois, ele já estava pedindo o UBER. Eu fiquei chocada pela segunda vez nesse texto. Ele não vai dormir aqui? Não vamos repetir? Não vai rolar sequer uma conchinha? O menino chamou o carro ainda pelado, Brasil!

E foi sozinha na minha cama, num misto de choque e solidão pós-coito, que eu comecei a refletir sobre as novas regras de conduta de relacionamentos. É normal a pessoa meter o pé depois de meter o p. ou ele não passa de um hétero muito do mal-educado, para dizer o mínimo. Dormir na casa do crush é atestado de carência ou de compromisso? Ok, ok, vivemos em tempos de amores líquidos, mas precisam ser tão expressos assim?

Depois do Medieval sair correndo do meu apartamento, igual a gente corre pra não perder o ônibus, minha ficha não caiu imediatamente. Ainda trocamos mensagens durante alguns dias, até eu convidá-lo para sair novamente e ele me dar o famoso ghosting. Famoso pra quem? Eu ainda não tinha vivido isso, pelo menos não com esse termo chique em inglês. Acho que a gente chamava isso de DAR O PERDIDO mesmo. Ou, uma explicação mais lúdica para o acontecido: ele resolveu abraçar a sua paixão pelo universo medieval, pegou sua espada de GOT e foi viver num castelo no interior da França, sem celular, sem internet e sem vergonha na cara. Nunca mais ouviu-se dele.

A sensação que ficou foi que o mundo inteiro mudou radicalmente na última década, enquanto eu fiquei parada. Algo me diz que ainda vou me chocar bastante na minha recém adquirida vida de solteira. Quem me ajuda?

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*Essas histórias foram escritas antes da pandemia, não estranhe os cenários e possíveis aglomerações.

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Amanda Freitas
Para todos os garotos que já peguei
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Uma jornalista/roteirista/contadora de histórias com a tarefa de dividir com vocês meus causos da solteirice e o que mais vier. Minha terapeuta que mandou.