Aproveitando a Jornada

Eduardo Iwai
Parada Obrigatória
5 min readSep 26, 2018

Mudar de um mundo corporativo para uma startup é uma idéia assustadora para muitos, mas tentadora ao mesmo tempo.

Isso aconteceu comigo no final de 2012, quando entrei para a equipe da Easy. Pode parecer pouco tempo, mas como todos os funcionários dizem ao passarem por aqui: a Easy é uma escola! Aprendizado é tudo!

E nesse tempo aprendi muito…

Ter um propósito é essencial!

De um lado, cubículo, ramal dedicado, cadeira ajustável, com carro da empresa, sombra e água e fresca. De outro, o cenário de startup, onde temos que nós mesmos comprar água e montar nossas mesas e cadeiras, sendo bem diferente, porém gratificante! A sensação de começar, fazer o impacto com as próprias mãos… Aliado ao propósito de ajudar na mobilidade urbana, a Easy é um caso que realmente trouxe desde o início essa sensação.

Esse propósito nos ajudou a mudar a vida de várias pessoas, tornando mais fácil conseguir um transporte para as pessoas e ao mesmo tempo ajudando aos motoristas a aumentarem seu número de corridas. A tecnologia teve um grande papel nisso: GPS, Mapas, Geocodificação mudaram o cenário de esperar um carro passar enquanto um motorista dirigia a esmo esperando uma mão se levantar. Fazer um aplicativo fácil suficiente para pessoas que nunca tinham usado um smartphone foi um grande desafio.

Para isso era necessário um time. E posso dizer que esse é o maior orgulho que tenho dentro da Easy: o time! E pensar que montei junto com os dois fundadores, Marcio e Vini, uma equipe que conseguiu crescer e hoje suportar uma empresa que impacta milhões de usuários no dia a dia em diversos países! Isso é algo que traz muitos aprendizados.

Em alguns meses depois que entrei, conseguimos ter um time que cabia em um Livina (Márcio, Vini, Toniolo, Galdi, Coppola, Aquino, Pineli e Iodice), e com ele começamos a desenvolver um sistema para atender diversos mercados. Um produto que podia se adaptar à realidade distintas de vários países. E éramos um dos primeiros a aventurar neste caminho. E por ser um caminho inexplorado, muito era incerto, difícil de se ter uma definição clara. Muito foi-se aprendendo conforme o rumo e entre os erros e acertos. E tivemos que errar muito para acertar muitos dos pontos.

Ter um ambiente favorável ao erro é extremamente necessário!

Obviamente um excesso de erro faz com que não seja produtivo. Em um dado momento da empresa, entre o terceiro e quarto ano, começamos a ter medo de errar, o que paralisou nossas atividades.

Esse foi um dos aprendizados mais marcantes. O erro é importante e faz parte do jogo. Sem ele não evoluímos e não aprendemos. E conforme se cresce o time, o erro aumenta também. Administrar o erro é muito mais importante do que deixar de errar.

Deixar de errar, é não tentar. Não tentar, é não aprender. Não aprender, é não evoluir.
E para isso não devemos ter medo de errar.

E não é fácil… Fomos condicionados a não errar desde o nosso início de nossa vida. As questões que resolvemos nas escolas tem uma resposta certa, caso contrário, está errado. Muitas vezes ficamos parados procurando a solução perfeita para o produto. E na verdade não existe produto perfeito, pois hoje o mercado, o cenário muda muito. O que era dado como certo há 7 anos, não é mais. A tecnologia que existe hoje é diferente do que existia.

Em um mundo de produtos de software, a internet facilitou a “distribuição” do produto e também sua correção. O erro pode ser “reparado” de forma mais rápida. Isso faz com que a velocidade de colocar um produto no mercado seja muito mais rápida e ao mesmo tempo possibilite explorar muitos caminhos não trilhados.

Ter espaço para a criação é o dia a dia!

E isso é o que brilha os olhos de um time de desenvolvimento. A possibilidade de criar. Aprendi que desenvolvedores são criadores. São como escritores, que precisam de espaço e seu próprio tempo para conseguir escrever seu código. Muito diferente de uma linha de produção ou manufatura.

É preciso entender esta característica e trabalhar com ela. Limitar horários, tentar forçar a produção não se compara com a liberdade de definir a própria solução e decisão tendo consciência do impacto que se causa.

Liberdade ajuda na criação que leva a novas idéias e isso leva a inovação. Perder isso é perder novas oportunidades. Perder isso, novamente é paralisar.

Ditar uma redação é muito diferente de pedir para escrever. Você não dita o que um desenvolvedor deve fazer, mas dá o contexto, as informações e principalmente o porquê do que precisamos resolver. Especificar bem o problema é muito mais importante do que especificar a solução.

Ter o problema bem definido é evitar desperdícios.

Apesar de devermos errar para aprender, errar na definição do problema tem uma consequência grande… Trabalhar em um problema errado, depois de vários esforços e tempo, acaba em algo inconclusivo. E isso, em consequência, gera frustração.

Como, então, errar mas acertar no problema?

É preciso ter ciência que o problema necessita melhor caracterização e fazer testes para errar e entendê-lo melhor. Ou seja, o erro novamente faz parte do aprendizado. Se um caminho está errado, quer dizer que o outro deve ser testado.

Entender o problema é entender o usuário. Para entender, é necessário aprender. Aprender é evoluir.

Ter colaboração é tudo e para isso precisamos de pessoas!

Se errar é humano, errar é aprender, o aprendizado também é humano. E isso é o que temos de maior valor na empresa: o time, as pessoas.

Ter um time colaborativo e disposto ajudar um ao outro é essencial. E é um dos pontos que aparece de valor na empresa. Sempre vejo as pessoas em grupos, discutindo e debatendo idéias, analisando juntos dados, propondo soluções, trocando conhecimento, aprendendo. As pessoas saem juntas, choram e também comemoram juntas.

Me sinto realizado em ouvir pessoas de fora da empresa elogiarem que apesar de não termos recepcionistas, os nossos funcionários acolhem quem chega perguntando se já foram atendidos, se precisam de ajuda ou querem água ou café. Isso sem nem precisarmos ter uma orientação ou ordem. Faz parte da cultura da empresa!

O desafio sempre será manter este espírito cada vez que cresçamos mais, mas acredito muito no time de desenvolvimento que temos, hoje com 60 pessoas. Já não cabemos mais em um Livina. Crescemos muito.

Com muita adversidade, os aprendizados nem sempre foram bons, mas evoluímos. Sobrevivemos à muitas incertezas, perdas, ataques de concorrências e perda de rumo para aprendermos tudo que foi descrito. E considero que ainda temos muito mais a aprender e construir. E isso para mim é vencer!

Mas uma coisa é certa: passamos por bons e maus momentos, choramos e rimos juntos, várias pessoas já passaram pela empresa em diversos momentos… Mas quem passou, tem um carinho pela empresa. Levam consigo o aprendizado, as lembranças das pessoas e as amizades que tiveram. E continuando assim, com esse espírito e essa cultura, a viagem com certeza continuará… E não importará tanto o destino final, desde que aprendendo e desfrutando dessa nova jornada!

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