1,5 milhão de sonhos

Sonhar é de graça, alcançá-los tem preço caro e para muitos a opção é o BBB

Talita Alves
Paradoxos
4 min readApr 13, 2021

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Por Amanda Ayumi, Denise Sousa e Talita Alves

Créditos: Globo/Victor Pollak

Entrar em um reality show é algo desejado por muitas pessoas, que sonham com o que fazer com o prêmio de primeiro lugar caso consigam chegar na grande final. Ao ser selecionado para esses programas, cada indivíduo tem seus próprios valores, sonhos, objetivos e as mesmas chances de poder alcançá-los. Com o Big Brother Brasil, o reality mais popular do país na atualidade, não seria diferente.

É comum que, dentro da casa, os brothers, como os participantes são chamados, contem o que fariam com o prêmio de R$1,5 milhão. Por vezes, os confinados aproveitam a visibilidade em rede nacional para se autopromover, alavancar suas carreiras prévias, conseguir patrocínio ou qualquer que seja a intenção que a pessoa tem ao adentrar uma atração de entretenimento. Outras, no entanto, somente buscam conseguir o dinheiro para fazer um bem maior.

Reprodução/Instagram de Rafa Kalimann

Um desses casos é o da finalista da vigésima edição, Rafaella Kalimann, que durante toda sua trajetória no programa verbalizou sua intenção de ajudar a população do continente africano, onde é embaixadora da ONG Missão África. Rafa, conhecida por atuar oferecendo trabalho voluntário e doações, já realizava eventos para arrecadar fundos para conseguir realizar as viagens para o continente antes de entrar no programa. Apesar da causa nobre da blogueira, ela não ganhou a edição, perdendo para Thelma Assis e ficando em segundo lugar.

Outro ex-brother que também chegou na final, mas não levou o grande prêmio, foi Kaysar Dadour. O participante sírio do BBB 18 queria usar o dinheiro para tirar seus pais de Aleppo, na Síria, que na época estava há sete anos em guerra civil. Refugiado do país e com apenas quatro anos no Brasil, ele havia contado ao longo do reality que perdeu amigos, um tio, uma namorada e uma avó em meio ao conflito, e estava há anos longe dos pais e da irmã, visto que teria conseguido fugir para a Ucrânia quando a guerra começou.

“Eu saí em 2011 e disse que ia voltar, mas não consegui. Dei a minha palavra e não cumpri. Mas não fui eu que não quis, foi o destino”, disse ao Gshow antes do confinamento.

Ao final, ele conquistou o coração dos brasileiros e teve 39,33% dos votos, mas ficou em segundo lugar, levando somente R$150 mil, que felizmente foi o suficiente para que ele trouxesse os pais ainda no mesmo ano.

Reprodução/Instagram de Kaysar Dadour

Já o sonho da baiana Mara Viana, campeã do BBB6 — que entrou no programa por sorte a partir de uma ligação telefônica — era apenas um: pagar um tratamento para a filha Aracy, que não andava devido à síndrome de little, causada pela paralisia cerebral.

Quinze anos se passaram, e Mara pode ver seu sonho se concretizando ao proporcionar à filha mais qualidade de vida, o que permitiu que ela começasse a andar de muletas e a entrar na faculdade.

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Foto: Kiko Cabral/TV Globo

“Para uma pessoa que ganhava um salário e tinha que movimentar a casa inteira com esse salário, como era o caso da minha mãe, um tratamento adequado era inexistente… obrigada a todo mundo que votou na minha mãe e torceu por isso”, contou Aracy em um vídeo publicado no seu perfil pessoal do Instagram. Além desse sonho, Mara conseguiu multiplicar o prêmio, investir em imóveis, se formar no ensino superior e mudar a vida de toda a família.

Assim como ela, Kaysar e Rafa Kalimann também puderam alcançar seus sonhos. Nem sempre conquistar o prêmio resulta nessas conquistas, pois o norte do reality é a trajetória construída por cada participante, o que consequentemente, abre diversas oportunidades. Para os três, o BBB serviu como alavanca para a realização de sonhos vistos quase como inalcançáveis e foi a prova de que os sonhos sobrevivem em meio ao caos.

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