Dezoito contra uma

Roberta Tokunaga
Paradoxos
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2 min readNov 10, 2017

Comissão vota projeto que proíbe aborto em casos de violência sexual

Por Roberta Tokunaga

Foto: Rovena Rosa / Agência Brasil

Dentre os 18 votos favoráveis à restrição do aborto mesmo em casos de estupro, na Comissão Especial da Câmara dos Deputados, as dezoito pessoas que votaram eram homens e a única pessoa a votar contra era uma mulher. Seria esse resultado apenas uma coincidência ou será que ele indica algo? Dezoito contra uma é um resultado com número bem expressivos, a probabilidade de ser uma coincidência é baixa.

Algumas questões perambularam pela minha cabeça ao ver o resultado da votação, tais quais: por que apenas homens são contra o aborto mesmo em casos de violência? Algum homem já sofreu violência sexual? Por que um dos deputados se autointitula “Pastor Eurico”? Não deveria ser apenas “Eurico”? Ou “deputado Eurico”? E quais fatores ele utilizou para decidir seu voto? Seu cargo de pastor influenciou na decisão? O Estado não é, ou pelo menos era, laico?

Se alguém souber e tiver disponibilidade para responder todas essas perguntas, por favor, me responda. Pois, por mais que eu tente chegar em alguma conclusão, a única que eu tenho é que não faz sentido. Não faz sentido alguém, que além de nunca ter passado pela situação, não ter medo de passar por ela, afinal sabe que isso não vai acontecer, ter de decidir qual é a melhor attitude a se tomar se caso venha a acontecer.

Que fique claro que todos podem ter uma opinião, mas não cabe a todos condenar o que fazer em cada situação. Principalmente aquelas que envolvem o corpo do outro. Ou será que alguém interfere na decisão do que esses deputados querem fazer com o próprio corpo? Eu aposto que não.

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