Documentário da Netflix resgata importância e malefícios das redes sociais

‘O Dilema das Redes’ apresenta o caos e benefícios causados pelas mídias sociais

Helenaggomes
Paradoxos
3 min readOct 16, 2020

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Por Helena Gomes, Isabela Bumerad e Yasmin Ahmed

Foto: Banco de Imagens / Pixabay

A sociedade hoje depende totalmente da tecnologia e, embora ela traga benefícios, os malefícios são muito ignorados. No documentário ‘O Dilema das Redes’, os criadores das mídias sociais explicam o funcionamento, o monitoramento de dados e como elas condicionam comportamentos.

Foi explicado que as redes sociais têm a função de buscar mudanças no comportamento das pessoas, controlando-as e conduzindo-as, para sugar lucro e dados a partir de todas as navegações pela internet.

As cenas que mostram a rotina de uma família servem para ilustrar os comportamentos da sociedade. Um exemplo é quando a mãe tranca todos os celulares em um vidro com temporizador para que todos conversem durante a refeição. Em menos de dois minutos a caçula, de 11 anos, levanta da mesa e quebra o vidro e acaba por danificar o celular do irmão.

O motivo de ser tão viciante? Eles fazem um serviço personalizado para cada usuário, colocando novos posts com propagandas baseadas no comportamento de cada pessoa.

Dados que ilustram a realidade

O documentário nos faz refletir a partir de dados e exemplos. O psicólogo social Jonathan Haidt, que atua na NYU Stern School of Business, da cidade de Nova York, afirmou que mais de 100 mil adolescentes são internadas todos os anos por terem se cortado ou tentado se machucar.

“Esse número se mantinha estável até por volta de 2010 e 2011. Então, começou a subir. Aumentou 62% a incidência em adolescentes mais velhas. No caso das pré-adolescentes foi 189%, quase o triplo”, informou.

Logo em seguida, o especialista apresentou um número ainda mais assustador sobre o suicídio. “As adolescentes mais velhas, entre 15 e 19 anos, tiveram aumento de 70% comparado à primeira década do século. Já as pré-adolescentes, que têm taxas bem mais baixas, aumentaram 151%”, relatou.

Haidt ainda revelou que essa diferença apresenta um motivo em comum entre a maioria dos casos: as mídias sociais. “A geração Z, crianças que nasceram por volta de 1996, é a que começou a usar mídias sociais durante a pré-adolescência”, relembrou.

Insatisfeitos com a aparência

Vivemos em uma sociedade em que as pessoas estão vazias e usam a internet para tentarem se preencher com algo inalcançável, tentando viver uma vida que não condiz com a delas.

Um fato que pode ilustrar tal impasse é o de jovens querendo mudar seu rosto. Cirurgiões relatam que antes suas clientes chegavam com fotos de famosos e pediam para ficar iguais a eles. Atualmente, elas tiram fotos em aplicativos, ou usando filtros, que modificam as faces, e pedem para se igualar àquela versão inexistente.

O uso das redes sociais mostra ter um impacto negativo na segurança e autoestima das jovens. Isso porque um estudo, compartilhado pela BBC, realizado em 2015 pelo Escritório Nacional de Estatísticas do Reino Unido, apresenta que 27% dos adolescentes que ficam por mais de três horas na web começam a ter sintomas de desequilíbrios mentais.

Um outro projeto, realizado por pesquisadores da Universidade de Pittsburgh, com quase 2 mil adultos americanos, com idades entre 19 e 32 anos, revelou que quanto mais tempo as pessoas passam navegando, maiores as chances de elas experimentarem a sensação de isolamento social.

Fake news vs. fato

De acordo com o trabalho “Iceberg digital” desenvolvido pela empresa de cibersegurança Kaspersky junto com a CORPA, as mídias sociais também contribuem para a dificuldade em diferenciar um fato de uma notícia falsa.

WhatsApp e Facebook são dois dos principais meios de comunicação que distribuem as chamadas fake news. Jovens entre 18 e 24 anos são o foco que mais as utilizam para se informar.

Na visão dos especialistas do documentário da Netflix, a sociedade está cada vez mais invertida e sendo levada a um estado de caos por conta das redes. Segundo eles, o futuro está na mão de quem as usa e como o faz.

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