Geração Covid e o que vem depois de tudo

Os dilemas e desafios dos jovens que têm planos desfeitos pela pandemia do coronavírus

Pietra Mesquita
Paradoxos
2 min readApr 13, 2021

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Por Brenda Vieira e Pietra Mesquita

A CNN publicou no fim de março de 2021 uma matéria que revelou como pesquisadores estão nomeando a nova geração de bebês e crianças que já vive grande parte de suas vidas no contexto da pandemia do coronavírus — a “Geração C”, ou “Geração Covid”. Apesar de ser uma tarefa difícil analisar, categorizar e caracterizar um grupo de pessoas que vive um período específico do tempo, eles acreditam que os impactos da pandemia já podem ser considerados para o futuro dessa nova geração.

Apesar de ser o nome escolhido para bebês e crianças, talvez exista uma geração ainda mais consciente dos impactos do vírus no mundo neste momento — e por isso, o termo “Geração Covid”, neste artigo, será emprestado aos jovens da Geração Z, que no fim de sua adolescência e início de suas vidas adultas estão vendo seus planejamentos para o futuro se desfazerem como cinzas em uma queimada florestal.

O fim do ensino médio ou o fim da faculdade. Por telas de celular, plataformas digitais ou chamadas no Zoom. Enviando currículos que não parecem nunca chegar ou sendo demitidos dos atuais empregos. Com álcool em gel nas mãos, máscaras no rosto e uma quarentena interminável. Esse é o cenário oferecido a esses jovens — que fica ainda mais assustador com mais de 2,5 milhões de mortes por covid-19 no mundo todo.

Fonte: Pixabay

No período mais cruel dos últimos anos, sonhos também foram interrompidos tendo como alvo a cor da pele. Enquanto João Pedro morria no Rio de Janeiro, George Floyd não conseguia respirar nos Estados Unidos. E a Geração Covid se perguntava, como poderiam fazer parar o genocídio dos sonhos? Nas mídias sociais, a revolta de universitários exaustos pelas vidas perdidas, enquanto tentam manter as suas próprias a salvo.

No poder, um presidente negacionista, apático ao desastre das valas cheias de corpos que se despediram solitários de suas famílias. Na falta de leitos nas UTIs, a constatação: Os brasileiros também não conseguem mais respirar. Qual seria, então, a solução para todas as incertezas em um Brasil que colapsa — na saúde, na economia, na política, nas ruas e lares? E qual seria a luz no fim do túnel para uma juventude que antes, determinada a mudar as estruturas sociais e ascender para ocupar espaços, agora se encontra exausta e sem perspectiva?

Os efeitos da catástrofe são imediatos e duradouros, mas como nas grandes guerras, é em união que as sociedades se erguem novamente. A Geração Covid parece ter como característica as cicatrizes perpétuas que na verdade serão os mapas a recalcular as rotas dos novos sonhos, novos planos e novos destinos.

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Pietra Mesquita
Paradoxos

Meu nome é Pietra Mesquita, tenho 23 anos, estudo jornalismo na Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo. Atualmente, sou âncora na TV CARAS.