Há luz no fim do túnel?

Acreditar na humanidade tornou-se um ato de resistência em tempos tão sombrios

Maryane Pereira
Paradoxos
2 min readApr 20, 2021

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Por Maryane Pereira

Em 12 de março de 2020 a população brasileira acompanhou uma enxurrada de notícias sobre a primeira morte causada por covid-19 no país. Mal sabíamos que um ano depois ainda seríamos obrigados a ver esse número crescer exponencialmente.

No começo da quarentena imposta pelos governos estaduais, estávamos todos preocupados e tristes com o número de mortes nos países europeus, aflitos com o que seria da situação econômica do Brasil e dos mais pobres. Era comum visualizar cenas de brigas em supermercados lotados, com pessoas indo às vias de fato por causa do álcool em gel.

Apesar de tudo, ainda precisávamos nos manter produtivos, por isso foram muitas as tentativas de criar mecanismos para adaptar-se à realidade pandêmica. Até criaram o conceito “novo normal” para resumir a necessidade de se reinventar.

Com o passar dos meses a população continuou a ver os números de mortos aumentando; entretanto, o comportamento dos brasileiros já não era mais o mesmo. Em pouco tempo não havia mais tanta preocupação. É como se estivessem acostumados com as mortes recorrentes. Já não se via pessoas, só se enxergava os números.

Fonte: Pixabay.

A necessidade de libertar-se das amarras do isolamento fez com que muitas pessoas ignorassem completamente os perigos da covid-19. Praias lotadas no final de ano, festas de carnaval clandestinas e falácias proferidas por negacionistas ajudaram a endossar o descompromisso com a vida.

Agora, um ano depois, boa parte da população volta a acompanhar aflita a quantidade exorbitante de pessoas morrendo por dia, não só sufocadas pelo coronavírus, mas também pelo descaso de um governo que escarnece de suas vítimas.

Contudo, ainda assim, existem organizações e pessoas comprometidas em fazer o bem, como exemplo: o padre Júlio Lancellotti, que oferece amparo aos moradores de rua, e a Central Única das Favelas (CUFA), que arrecada e distribui alimentos para famílias carentes.

Em meio a um caos infinito, torna-se cada vez mais difícil acreditar que exista uma solução, um alívio, um acalento. Mas, por mais clichê que pareça, a solução ainda mora nas pessoas. Talvez, por isso, acreditar na força da bondade humana seja a única maneira de não sucumbir à realidade.

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