Helena

O sopro da vida

Talita Alves
Paradoxos
2 min readJun 5, 2021

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Por Talita Alves

(Crédito: Pinterest)

E lá estava a pobre Helena com o olhar triste, caído. Sua energia de criança desapareceu na mesma intensidade que penas se desfazem no espaço. Não sabiam o porquê e nem o momento exato em que a casa, antes tão barulhenta e agitada, havia se transformado em um lugar em que a felicidade não encontraria morada.

Os que ali estavam rezavam por Helena, ignorando os gritos da mãe no quarto ao lado, que chorava a dor do parto. Ela, no entanto, tentava apressar o nascimento de seu filho pois em seu coração já pressentia que a pobre Helena não resistiria. Seus olhos passeavam pelo cômodo e tentavam atravessar a parede que distanciava seu afago da pequena Helena.

Seus outros irmãos ali presentes cravaram a atenção na pequena, mas não entendiam o porquê das velas ao redor de seu corpo definhado, tampouco porque não podiam correr ao redor da fazenda. Assim permaneceram por longos minutos, até que a quietude do espaço cedeu lugar ao choro do bebê que acabara de nascer.

Helena, como se estivesse aguardando apenas a felicidade adentrar a casa, fechou os olhos num longo suspiro. Helena se despedia, assim, do mundo e da dor que assolava seu corpo. Antes que a mãe pudesse se despedir, uma voz gritou:

— A vela da Helena se apagou, ela se foi.

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