Justiça desigual

Ana Laura de Oliveira
Paradoxos
Published in
2 min readNov 12, 2017

A linha tênue entre justiça e igualdade

Por Ana Laura Oliveira

Foto: Ariovânia Soares

Acordei como em outro dia normal. Me levantei, me vesti e corri para a faculdade… tinha mais um dia da rotina de uma estudante. Chegando lá, tive as aulas com aquele PowerPoint que atrai o sono de toda a sala.

Conversei com alguns amigos, e o assunto da vez foi injustiça. Colocamos mais questionamentos na mesa do que soluções, dentre eles: será que um dia toda essa injustiça terá fim? Saímos da conversa sem uma única resposta.

Fiquei com aquilo na cabeça pelo resto da manhã: será que um dia vai acabar a injustiça? Afinal, o que é justiça? Continuei com aquele pensamento até as aulas acabarem... Justiça e igualdade são a mesma coisa? Cheguei à conclusão que não.

Naquele mesmo dia, eu iria ao teatro para fazer um trabalho de faculdade. Então, saí da aula e fui pegar o ingresso do teatro na av. Paulista. Peguei e vim para casa… tentando pensar em outras coisas, mas aquele assunto sempre voltava à minha mente.

Em casa, resolvi algumas coisas… e já estava quase na hora de ir para a sessão de teatro. Me arrumei e fui. Chegando lá, para minha surpresa, qual era o tema central da peça?

Saí do teatro mais pensativa ainda, mas agora… de uma forma diferente. Como é incrível que por um simples motivo mudamos quem somos e no que acreditamos… Saí com algumas respostas na minha cabeça.

Justiça e igualdade não são a mesma coisa. Por exemplo, se dermos para três pessoas de diferentes tamanhos (pense em uma escadinha em que uma é maior que a outra e assim por diante) um banquinho, isso será igualdade, mas não justiça. Já que uma tem a estatura bem maior que as outras, e outra, bem mais baixa. Agora, se dermos para a pessoa menor dois banquinhos e para a do meio um, ambas ficarão da mesma altura que a mais alta. Isso é justiça!

Às vezes, no nosso dia a dia, nos deparamos com pequenas situações em que poderíamos agir diferente, mas até sem pensar fazemos algo que mesmo sem atingir alguém também não ajudou. Paramos para ver a injustiça que acontece na política brasileira, por exemplo, o descaso com a saúde pública, e não olhamos para o lado, como no metrô, quando sentamos em um lugar preferencial e fingimos estar dormindo para não dar lugar. Tinha necessidade de ter um lugar reservado para o preferencial? Todos os lugares, havendo alguém nessas necessidades, não deveriam ser assim?

Agora, quando está quase acabando meu dia, mais questionamentos e mais respostas surgem na minha cabeça. E quanto mais eu penso no assunto, mais perguntas surgem, quase sempre sem respostas. Mas agora, pelo menos, tenho alguma consciência de que justiça não acontece só longe de mim, mas também bem debaixo do meu nariz…

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