Mergulhados nas estrelas

A habilidade dos shows de nos transportarem para dentro de nós mesmos

Nathalia Corominas
Paradoxos
2 min readJun 2, 2021

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Foto por Nathália Corominas Pereira

Por Nathália Corominas Pereira

O habitual gramado do Allianz Parque estava coberto de tapumes, e um palco alto se estendia por ele. No céu escuro, estrelas brilhavam, mas não mais do que aquelas presentes nos olhos de cada uma das pessoas dentro do estádio. O vento frio não abalava o calor que parecia emanar da alma dos artistas no palco. Sete artistas. 40 mil fãs. Um som uníssono.

A última música da noite começa, os telões se preenchem com vibrantes tons de azul, roxo e rosa, as luzes na plateia simulam estrelas. Em um segundo, o mundo ao nosso redor se transforma, estamos imersos em uma galáxia, e um misto de sentimentos percorre o corpo. Admiração. Alegria. Tristeza. Saudades de algo que ainda nem terminou.

Uma menina loira e alta à minha esquerda começa a chorar incontrolavelmente e sua amiga a abraça, na mesma situação. Enquanto isso a garota imediatamente à minha frente grita a plenos pulmões a letra da canção, em um coreano quase perfeito. Eu olho em volta e vejo um mar de pessoas. De vozes. De galáxias. Cada uma das pessoas parece estar imersa em seu próprio universo. Uns olham atentamente as telas dos celulares. Outras focadas apenas nos garotos no palco. Mas é uma mesma emoção.

Os minutos parecem correr em câmera lenta e ao mesmo tempo tão rápidos quanto um flash, como em uma cena de filme de ação cheia de detalhes. Cada um dos integrantes acena enquanto os fãs continuam a entoar as mesmas notas finais da canção. O mais novo não consegue controlar as lágrimas, e mesmo ao se despedir age como se quisesse ficar mais, nem que fosse um minuto. Em seus olhos, se fosse possível contar, veríamos 40 mil estrelas brilhando.

Os fogos começam a estourar no céu, e instintivamente olhamos para cima. Em um piscar de olhos, os garotos sumiram do palco. Os holofotes se acendem, de forma a nos acordar do inebriante sonho em que estávamos. Mas as vozes dos fãs não se calam. E só podemos lembrar dos versos que acabamos de cantar, “talvez a razão pela qual esta noite está tão bonita, não sejam as luzes e estrelas, mas nós”. Cada um de nós é uma estrela na galáxia. E tudo que podemos desejar é voltar no tempo e viver tudo novamente.

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