Minutos que duraram uma eternidade
Ninguém imaginava que viveríamos uma pandemia em 2020, mas fomos surpreendidos
Por Daiana Rodrigues
Tudo começou quando recebi a ligação do meu namorado de manhã, lá pelas seis horas. A vó dele, de 80 anos, tinha voltado para o hospital, pois a oxigenação do sangue estava caindo rapidamente e os cilindros de oxigênio não davam conta. Era 21 de outubro, de 2020. O ano em que toda essa catástrofe da pandemia iniciou.
Eu de um lado e ele do outro da chamada, narrando os acontecimentos a cada minuto que se passava. A dor no peito crescia cada vez mais. Dona Antônia chegou ao hospital com a taxa de saturação em 40%, sendo que o mínimo a ser considerável é 95%. Ela ainda conseguiu dar um tchau com a mão, de forma vagarosa, para a família, antes de sumir dentro do local.
Cada segundo se parecia com a eternidade. Depois do meu namorado me passar todas as informações, ficamos em silêncio. Não desligamos. Só ficamos esperando o tempo dizer o que aconteceria. Uma vez ou outra, a voz dele ressurgia para se questionar o que poderia ter levado ela a se contaminar e como teve uma mudança tão brusca no estado de saúde.
Conforme os minutos se passavam, um familiar chegava no hospital. A agonia por notícias aumentava cada vez mais. E nada de médicos com novas informações. Todos se perguntavam “O que está acontecendo?”, e nada de respostas. Eles na imensidão do branco e eu no meu quarto escuro.
A espera já incomodava e a conversa do telefonema se esgotou. Restou então ao meu namorado olhar fotos antigas dela e de nós felizes, enquanto sofria. A realidade era bem diferente e até parecia um sonho, que estava longe de ser alcançado.