O mundo em uma visão humanista

Amanda Martins
Paradoxos
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3 min readNov 12, 2017

Por Amanda Martins

Foto: Pixabay

Estava eu naquela cidade cinzenta que apelidam carinhosamente de “terra da garoa”. Mais um dia na minha rotina que não passava de tomar um ônibus para a faculdade, e outro de volta para casa. Durante o trajeto, pessoas vêm e vão, vidas diferentes passam do nosso lado sem ao menos sabermos.

Comecei a analisar aqueles seres humanos que ali estavam. Por detrás daqueles sorrisos forçados e olhos inchados devido ao cansaço da semana, que histórias guardam? Passo por milhares de pessoas diariamente e não faço ideia do que cada um passa. Passei a olhar mais detalhadamente. Havia uma mulher. Aparentava ter uns 35 anos. Alta. Seus cabelos loiros não ultrapassavam o ombro. Seu olhar inchado parecia dizer-me algo. Talvez resultado de uma noite mal dormida. Talvez um dia difícil, com discussões e lágrimas. Estava claro que ela não queria estar lá. Desci do ônibus.

Aquele pensamento não saía de mim. O que será que as pessoas escondem dentro de seus passos diários? Será que a pessoa à minha frente sofre por conta de problemas na família? Será que ela é feliz consigo mesma? Saber que existem infinitas histórias compartilhadas apenas com alguns me intriga. Mas acredito que é assim que deva ser. Além do que, o mundo não teria graça se fôssemos todos iguais.

Foto: Mirela Lemos

O tempo passou, e meus pensamentos tomaram um rumo totalmente diferente, mas talvez não tanto assim. Vício. O que será que isso representa na vida de cada pessoa existente? Para mim, pode significar uma coisa; para você, talvez signifique algo oposto. Mas esse não é o caso. O problema é muito maior do que saber o que significa. É saber quem passa por isso e por que a sociedade generaliza o vício para apenas duas coisas: drogas e álcool. Mas o buraco é bem mais profundo. Peguei meu computador e comecei a refletir. Vício significa uma dependência física ou psicológica que faz buscar o consumo excessivo de algo, ou até mesmo uma mania de fazer sempre a mesma coisa. Vai muito além do alcoolismo ou do uso de drogas. Eu tenho certeza que grande parte das pessoas responderia “não” ao ser questionada sobre possuir vício ou não. E é isso que me preocupa. A população hoje em dia está tão cega com as coisas, que acaba não se preocupando com algo que é muito sério.

Me veio uma imagem na cabeça. Duas pessoas, uma do lado da outra. O que elas estariam fazendo? Conversando, descobrindo os interesses ou até discutindo sobre o tempo. Mas isso não existe mais. O vício pela tecnologia tomou conta de todo mundo. Me entristece pensar nisso. Quando era criança, minha maior diversão era brincar de boneca, brincar na rua. Hoje em dia, as crianças querem ficar dentro de casa jogando em seus celulares, que ganham quando ainda muito novas. Muitos passam horas na frente da telinha sem ao menos se importar com o mundo lá fora. Durmo e essa questão não sai da minha cabeça. Então decido dar um conselho para todos aqueles que um dia poderão ler este texto. Responda a seguinte questão: se você não tivesse mais tal coisa de que você gosta muito (seja um celular, seja um jogo, seja um alimento etc.), sua vida seria a mesma? Se sua resposta for “sim”, parabéns, você não foi engolido pelo vício. Mas caso sua resposta seja “não”, procure alguma ajuda. Não é uma coisa que as pessoas levam a sério, mas pode ter consequências enormes. E eu digo, e repito, não sei aonde esse mundo vai parar, pois o que é sério é considerado brincadeira hoje em dia.

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