O olho da multa
O karma que eu paguei em dólares canadenses
Por Julia Tamelini
Era na semana do meu aniversário que eu queria me presentear com uma viagem a Nova Iorque. Eu desejava muito visitar a cidade mais badalada e metropolitana dos Estados Unidos. Quando era no mês de outubro eu estava bem situada morando em Toronto, e decidi guardar dinheiro para a viagem com que eu tanto sonhava.
Eu, muito espertalhona, resolvi não pagar mais o Toronto Transit Commission (TTC) para utilizar o transporte público da cidade. No Canadá, o passageiro não precisa necessariamente passar o transfer, passe (bilhete) ou ticket na catraca. Mas, sempre que utilizar um ônibus, metrô ou streetcar é preciso comprar obrigatoriamente um ticket ou transfer no período da manhã, tarde ou à noite. Sendo assim, eu não comprei mais o passe de estudante, e passei a comprar o ticket e a usá-lo o dia todo, sempre que utilizava o transporte.
Pensei nessa ideia genial para economizar dinheiro, e o pior, eu sabia que estava infringindo as regras. Três dias antes do meu aniversário, estava eu descendo do streetcar (bonde elétrico) na estação Spadina. No mesmo instante me deparo com alguns fiscais metropolitanos inspecionando os tickets, tranfers e passes dos passageiros, e claro, eu não fiquei de fora.
Enquanto o policial averiguava meu passaporte, eu sentia toda a neve de Toronto entrando no meu estômago. Não tive muito pra onde correr, a não ser encarar a enrascada em que me coloquei durante esses meses. O fiscal soube que eu não possuía o ticket do período vespertino, e eu não soube o que responder. Me fingi de desentendida, mas com receio de acontecer uma besteira maior. E então, a autoridade torontense me fixou uma multa de C$ 230,00.
A minha viagem às terras ianques foi por água abaixo. Todo o dinheiro que havia guardado eu paguei na multa do transporte público. Porém, meu visto venceu em seguida e eu não pude deixar o Canadá, mas, em contrapartida, realizei outro sonho. Viajei sozinha a Ottawa, Montreal e Québec.
