Os vazios urbanos causados pela pandemia

A evolução do novo coronavírus e as consequências da guerra ideológica no Brasil

Julia Pinto
Paradoxos
3 min readOct 16, 2020

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Por Beatriz Penalva e Julia Pinto

Diante da história do país em que vivemos, é possível perceber uma guerra ideológica muito presente na sociedade em que vivemos. O Brasil é um lugar que desde o seu descobrimento, até os dias atuais, possui uma grande divisão de interesses e, infelizmente, o país sofreu e vem sofrendo graves consequências devido a isso.

Fonte: Pixabay

Com a chegada do novo coronavírus, a binariedade política ficou ainda mais clara e se estabeleceu como palanque nas discussões sobre saúde. Quando na verdade, qualquer tragédia tem sido usada dessa forma, como por exemplo a morte de Marielle Franco, que até hoje é alvo para discussões.

As discussões se dão porque, afinal, o país está dividido. Algumas perguntas têm se tornado frequentes por conta do covid-19, salientando ainda mais essa divisão. No começo de março a cidade de São Paulo ameaçou entrar em lockdown — protocolo de isolamento que geralmente impede que pessoas deixem uma área — e com isso várias pessoas começaram a questionar se “o lockdown deveria ou não acontecer?”. Muitos políticos, por sua vez, começaram fazer festas sem ao menos uma argumentação justa com a população que estava começando a ficar confinada dentro de suas casas. Há quem diga que a pandemia foi uma “oportunidade para a esquerda se levantar”, e para a “direita se aproveitar”. E quem está certo nessa discussão? Na verdade, a pergunta deveria ser: quem sai prejudicado no meio de tudo isso? A resposta é muito simples: a população.

Olhando para dados concretos, e sem tocar no assunto “discussões de direita e esquerda”, nota-se que os números na pandemia não são baixos. Ao todo foram registrados 5.002.357 casos por covid-19 no Brasil, mais de 148.000 mortes ocorreram no país devido ao novo coronavírus. Cerca de 706.000 empresas fecharam e em agosto a taxa de desemprego subiu para 13,6%. Os casos de corrupção cresceram em estados como Amazonas, que teve mais de 4.000 mortes, Rio de Janeiro, com o caso de Gabriell Neves, Santa Catarina, Paraíba e outros.

Tendo em vista a divisão do país e a perspectiva dos brasileiros confinados, o vazio dos familiares que perderam a carga psicológica, por estarem sem contato com os outros, sejam eles familiares, amigos ou até colegas de trabalho, o risco de perderem seus empregos durante este período delicado, inúmeras marcas e celebridades se juntaram aos movimentos em prol da saúde tanto física quanto mental dos outros. Alguns dos movimentos mais famosos foi o “Fica em casa”, “Cuide do seu vizinho” etc.

Fonte: Pixabay

A luta contra o suicídio já é uma batalha travada há muito tempo junto com a conscientização sobre a depressão e, durante o confinamento, segundo o Relatório da Organização Mundial da Saúde, a taxa da população global com depressão cresceu para 5% devido ao isolamento, sendo que destas 330 milhões de pessoas, 12 milhões são brasileiras.

Segundo uma matéria publicada pelo jornal Folha de S.Paulo, as publicações nas redes sociais em relação ao suicídio e a saúde mental cresceram consideravelmente durante a quarentena. Os vazios urbanos causados pela pandemia deixaram marcas, e principalmente um alerta para olharmos de outra forma uns para os outros.

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