Tributo a Paulo Gustavo
Ninguém imaginava, mas a pandemia nos levou um artista único
Por Pietra Mesquita
O auge da pandemia surgia quando fui promovida e assumi as lives da revista Caras. Uma nova forma de trabalhar. Um novo caminho. Uma nova jornada. Novos sonhos.
Diante de tantas personalidades que surgiam no calendário das entrevistas durante a semana, tinha uma que eu almejava e fazia parte desses novos sonhos: Paulo Gustavo. Ansiava para que um dia pudesse conversar e mostrar o meu trabalho para o artista que me fazia correr para os cinemas e dar valor à arte nacional.
Mas isso não aconteceu.
Era dia 13 de março de 2021. A pandemia acabava de completar um ano. Acordei para um dia de home office normal, até que olhei a agenda do dia. Em uma das lacunas tinha um roteiro que eu precisava estudar para gravar o vídeo. O título dizia “Paulo Gustavo é internado com covid-19”. Os dias não foram mais normais dali para a frente.
Algumas semanas se sucederam e os roteiros começaram a aparecer com o título “Paulo Gustavo piora”, “Paulo Gustavo está em estado grave”, “Paulo Gustavo tem quadro irreversível”. Que difícil ler, pior ainda gravar essas notícias.
O dia três de maio chegou do jeito que um dia de trabalho jamais deveria ser. “Temos que escrever roteiro sobre a morte do Paulo Gustavo, mesmo ele não tendo morrido”, minha chefe mandou no grupo do WhatsApp da equipe da TV. Senti o baque. O jornalismo tem dessas coisas. Precisa estar preparado para tudo.
No dia seguinte, pela noite, o assessor me manda uma mensagem automática: “Às 21:12h desta terça-feira, 04/05, lamentavelmente o paciente Paulo Gustavo Monteiro faleceu, vítima da COVID-19 e suas complicações”. Era hora de gravar aquele roteiro. O que era só uma precaução se tornou real. Ele tinha partido.
Fiz o vídeo certa de que aquela live que eu almejava jamais aconteceria, mas grata por ter a oportunidade de homenageá-lo naquele momento.
