Um vazio para cada um
Perder alguém que amamos pode ser um grande catalizador para esse sentimento
Por Julia Flores, Bruno Roque e Giovana Ventura
O que é o vazio? A palavra vem do conceito proveniente do vocábulo vacīvus, uma referência àquilo que carece de algo. Mas e a noção do vazio existencial? Ela é usada para denominar uma sensação que as pessoas têm; porém, para os filósofos, faz parte da condição humana de se sentir e é inerente à parte lógica. É vital, que faz sair da inércia.
Quando não encontramos um sentido, é um vazio. Afinal, nos sentimos alienados por não entender algo, por sentir falta, criando uma lacuna. Na visão ocidental, o vazio é depressão e, na oriental, é o estado de que não há nada que o perturbe. Ele pode ser apenas solitário e derivar em uma depressão ou outros distúrbios psicológicos. Porém, também pode nos aborrecer, nos questionar ou simplesmente nos tornar apáticos disso.
Mas, para nós, o que é o vazio? É uma coisa para cada um. Para Julia, pode ser saudade. Para o Bruno, pode ser a solidão. Para Giovana, pode ser simplesmente um conforto de não estar entre o caos. O vazio é tão abstrato e tão psicológico que toma formas diferentes para cada um dos indivíduos. Pode ser um motivador ou se tornar gatilho para o consumo de substâncias, por exemplo.
Talvez o vazio seja perder alguém que você ama. Chegar em casa e não ter mais aquele cheiro que tanto estávamos acostumados. Sentir saudade e angústia por ter perdido aquela companhia ao seu lado. Viver com um aperto no coração e não conseguir controlá-lo. É como chorar sem saber quando parar. Perceber que, como seres humanos, não temos controle nem do vazio e muito menos da morte. É de fato perder o controle. Quando não entendemos ou compreendemos algo, ficamos desolados, perdidos.
Como ter opinião sobre o vazio? Sobre esse sentimento que chega sem avisar? Que derruba, desmonta e quebra? O meu vazio chegou no dia 11 de dezembro do ano passado. Um vazio que não importa o que eu faça, não vai passar. Posso encher minha cara de vodka. Posso apelar para qualquer substância, esse vazio vai permanecer comigo.
Nos primeiros meses foi difícil. Ver que ela já não estava mais lá. Perceber que esse vazio não iria sumir. Que a saudade seria para sempre e que o aperto no peito viria toda vez que eu me lembrasse dela, ou seja, a todo momento. Às vezes me pego conversando sozinha, imaginando que ela está lá, me ouvindo e ainda dando pitaco. Mas, quem sabe? Eu, como todo ser humano, não tenho controle sobre a morte, principalmente o que acontece após. Para os católicos e evangélicos é o céu e o inferno. Para os espíritas, o espírito precisa encontrar sua paz e luz. Para mim, minha avó se tornou meu novo anjo da guarda.
Essa minha crença ajuda a diminuir a saudade e me faz ter a esperança de que ela sempre está comigo. Se isso é verdade? Eu não sei, só sei que, depois que ela se foi, esse vazio ficou e não há nada que tire isso de mim. Tenho que tomar coragem e todos os dias lidar com ele.