Um vazio para cada um

Perder alguém que amamos pode ser um grande catalizador para esse sentimento

Bruno Roque
Paradoxos
3 min readOct 14, 2020

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Por Julia Flores, Bruno Roque e Giovana Ventura

O que é o vazio? A palavra vem do conceito proveniente do vocábulo vacīvus, uma referência àquilo que carece de algo. Mas e a noção do vazio existencial? Ela é usada para denominar uma sensação que as pessoas têm; porém, para os filósofos, faz parte da condição humana de se sentir e é inerente à parte lógica. É vital, que faz sair da inércia.

Quando não encontramos um sentido, é um vazio. Afinal, nos sentimos alienados por não entender algo, por sentir falta, criando uma lacuna. Na visão ocidental, o vazio é depressão e, na oriental, é o estado de que não há nada que o perturbe. Ele pode ser apenas solitário e derivar em uma depressão ou outros distúrbios psicológicos. Porém, também pode nos aborrecer, nos questionar ou simplesmente nos tornar apáticos disso.

Crédito: Wladislaw Peljuchno — https://unsplash.com

Mas, para nós, o que é o vazio? É uma coisa para cada um. Para Julia, pode ser saudade. Para o Bruno, pode ser a solidão. Para Giovana, pode ser simplesmente um conforto de não estar entre o caos. O vazio é tão abstrato e tão psicológico que toma formas diferentes para cada um dos indivíduos. Pode ser um motivador ou se tornar gatilho para o consumo de substâncias, por exemplo.

Talvez o vazio seja perder alguém que você ama. Chegar em casa e não ter mais aquele cheiro que tanto estávamos acostumados. Sentir saudade e angústia por ter perdido aquela companhia ao seu lado. Viver com um aperto no coração e não conseguir controlá-lo. É como chorar sem saber quando parar. Perceber que, como seres humanos, não temos controle nem do vazio e muito menos da morte. É de fato perder o controle. Quando não entendemos ou compreendemos algo, ficamos desolados, perdidos.

Como ter opinião sobre o vazio? Sobre esse sentimento que chega sem avisar? Que derruba, desmonta e quebra? O meu vazio chegou no dia 11 de dezembro do ano passado. Um vazio que não importa o que eu faça, não vai passar. Posso encher minha cara de vodka. Posso apelar para qualquer substância, esse vazio vai permanecer comigo.

Crédito: Jon Tyson — https://unsplash.com

Nos primeiros meses foi difícil. Ver que ela já não estava mais lá. Perceber que esse vazio não iria sumir. Que a saudade seria para sempre e que o aperto no peito viria toda vez que eu me lembrasse dela, ou seja, a todo momento. Às vezes me pego conversando sozinha, imaginando que ela está lá, me ouvindo e ainda dando pitaco. Mas, quem sabe? Eu, como todo ser humano, não tenho controle sobre a morte, principalmente o que acontece após. Para os católicos e evangélicos é o céu e o inferno. Para os espíritas, o espírito precisa encontrar sua paz e luz. Para mim, minha avó se tornou meu novo anjo da guarda.

Essa minha crença ajuda a diminuir a saudade e me faz ter a esperança de que ela sempre está comigo. Se isso é verdade? Eu não sei, só sei que, depois que ela se foi, esse vazio ficou e não há nada que tire isso de mim. Tenho que tomar coragem e todos os dias lidar com ele.

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