Você não vai realizar seus sonhos, e está tudo bem!

Um comentário sobre uma das principais discussões do Século XXI: o peso das expectativas

Caio Borges
Paradoxos
2 min readApr 12, 2021

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Por Caio Borges e Samuel Soares

Créditos: Redshot/Banco de Imagens Online

Vivemos com a cabeça no futuro e o presente nunca parece suficiente. O pensamento sempre procura o amanhã, o próximo objetivo, o passo seguinte. Somos movidos pela evolução. Já dizia Renato Russo: “sempre em frente, não temos tempo a perder”. E assim seguimos a vida, criando e buscando novas perspectivas para correr atrás.

Contudo, até que ponto viver viciado no amanhã é algo saudável? Idealizamos tanto o futuro que, quando o cenário que imaginamos sai do trilho, ou não alcança as expectativas, as frustrações são maiores do que deveriam.

Ansiedade, ataques de pânico, depressão, essas questões estão se tornando cada vez mais evidentes dentro da sociedade. Principalmente no Brasil, o país com maior número de pessoas ansiosas no mundo, 9,3% dos indivíduos, como foi revelado pela OMS em 2019. Além disso, o mesmo estudo também indicou que 86% dos brasileiros sofrem com algum transtorno mental. O nosso estilo de vida é estressante e pode ocasionar esse tipo de situação.

No geral, o pensamento não prevê as coisas dando errado, não pressupõe que, talvez a realidade não seja como era esperada. Somos ensinados que devemos ser os melhores. Não há espaço para segundo lugar.

Porém, se pensarmos no nosso contexto, de sociedade, haverá mais perdedores do que ganhadores. E isso não deveria ser um problema. Afinal, a vida não é uma competição, mas sim uma experiência única, em que cada um deveria ter a liberdade para buscar o desenvolvimento de forma individual.

Viramos reféns das nossas expectativas. É importante fazer planos, traçar metas, buscar superações. Mas isso não é lei. A preocupação com o futuro não deve ser maior do que o desperdício do presente.

Você não vai realizar seus sonhos. Não do modo como imagina. Porque a realidade não se importa com a maneira que você gostaria que as coisas acontecessem. Mas isso não significa que seja algo ruim. Muitas vezes um caminho traçado pode se modificar durante o percurso e, caso você não atinja o destino que havia planejado, é preciso saber aproveitar o local para onde foi parar.

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