Bem Querer

Workshop com João Roberto Ripper
no 11º Paraty em Foco

Estúdio Madalena
Blog do 11º Paraty em Foco

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Por Julio Boaventura Jr e Manuela Rodrigues

João Roberto Ripper realizará o workshop Bem Querer
nos dias 24 a 27 de setembro durante o 11º Paraty em Foco.
Inscreva-se já!

Para João Roberto Ripper documentarismo já não é apenas uma forma de fotografar, é uma forma de ver a vida e as relações entre as pessoas.

O fotojornalista que iniciou sua carreira aos 19 anos já passou pelos principais jornais do país, até que decidiu buscar um caminho alternativo a visão imposta pela grande mídia, e fundou a ONG Imagens da Terra que ao longo de sua atuação trabalhou principalmente com projetos de documentação do Brasil rural, denúncias de trabalho escravo, infantil, entre outras mazelas sociais.

"Trabalhando em jornais, com o tempo vi que era uma ilusão aquela coisa de fazer o jornalismo como um instrumento de dar voz a quem não fala. E a medida que fui tomando um caminho alternativo vi que a forma como se informa hoje, faz com que os jornalistas contribuam para o processo de uma “história única sobre as populações pobres, e mantenham o status quo."
João Roberto Ripper

Mesmo após o fim da ONG, o fotógrafo confinou seu trabalho de documentação e contra-informação no projeto Imagens Humanas buscando mostrar o outro lado da realidade associada a situação de pobreza e miséria de inúmeras comunidades do país.

"Durante minha trajetória percebi que uma tática adotada para manter as populações tradicionais, os moradores de favelas e as menos favorecidas de um modo geral, distantes da sociedade era não informar a beleza dos seus fazeres. As notícias e imagens que se tem quase sempre relatam a falta de quase tudo e onipresença da violência da qual eles são vítimas na esmagadora maioria."
João Roberto Ripper

Com o propósito de também gerar multiplicadores desse pensamento desenvolvido ao longo de sua carreira, Ripper fundou a Imagens do Povo, uma agência escola de fotógrafos populares no maior conjunto de favelas do rio, o complexo da maré. O projeto hoje é tocado pelos próprios fotógrafos que se formaram e pertence ao Observatório de favelas. Atualmente oferece workshops por todo o Brasil, além de outros países da América Latina com o objetivo de levar esse “direito fundamental” que todos devem exercer de investigar a informação que desejam e de divulgar essa informação usando de todos o meios.

"Acho que a função hoje de um documentarista, e o fotojornalista também entra nesse barco, é a de tentar ser um caminho de "bem querer" entre quem ele fotografa e quem recebe as fotos. É uma luta difícil, ele vai ter que romper com a estrutura linear dos jornais, pra tentar ver uma forma em a sua foto não sirva para agredir as pessoas, mas para contar histórias que normalmente não são contadas."
João Roberto Ripper

E no 11º Paraty em Foco, Ripper traz o workshop Bem Querer, e propõe que durante os quatro dias de imersão os participantes conheçam o trabalho de fotógrafos documentaristas nacionais e internacionais que exploram outras formas de narrativa social. Também vai falar do conceito de fotografia compartilhada, que segundo ele “é uma fotografia onde a foto é exposta ao fotografado”, permitindo que ele olhe e veja se sente representado ali ou não, abrindo espaço para um processo de edição conjunta, e propor alguns exercícios para a aplicação prática.

"Pra mim o documentarista hoje tem que ser esse elo de aproximação entre as pessoas fotografadas e quem recebe a foto. Porque acredito que só contando muitas histórias é que agente vai conseguir fazer com que as pessoas fotografadas possam ser aproximadas e escutadas por todos." João Roberto Ripper

Vai ficar de fora dessa experiência?
Inscreva-se já, as vagas são limitadas.

A edição do blog do 11º Paraty em Foco
é de Érico Elias e do
Oitenta Mundos .

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