Fotografia Africana

Workshop com Juvenal Pereira

Por Julio Boaventura Jr e Manuela Rodrigues

Juvenal Pereira realizará o workshop Fotografia Africana
nos dias 26 e 27 de setembro durante o 11º Paraty em Foco.
Inscreva-se já!

Com uma carreira de mais de 40 anos no fotojornalismo, Juvenal Pereira começa a se interessar pela África tanto por suas origens, já que a descendência da família de seu pai vinha de uma negra escrava em Minas Gerais, como pelo encantamento que experiências como participar de Congadas lhe traziam. E ainda acrescenta o fato de sua mãe ter tido a ajuda de negras em sua amamentação "acho que mamando leite de uma negra me alimentei de africanidade”.

Com o tempo seu interesse foi crescendo. Trabalhou por quatro anos em Salvador, cidade que abriga a maior população negra do país, e além das inúmeras leituras e pesquisas passou a buscar cursos sobre a história, antropologia, cultura e fotografia desse continente quase sempre esquecido pelo ensino tradicional (mesmo que atualmente exista até uma lei que obriga o ensino da história e cultura africana em escolas de educação básica).

Se perguntarmos a qualquer pessoa com ensino médio ou superior dificilmente ela saberá dizer que a África tem 54 países (pela divisão resultante das invasões europeias) mas em torno de 800 territórios, uma população de 1,200 bilhão de habitantes (6 vezes mais que Brasil), mais de 2 mil línguas e uma história de habitação humana de mais de 400 mil anos.

Além disso, Juvenal ressalta o fato de que no Brasil a cultura negra foi renegada historicamente, e tratada quase que exclusivamente pelo viés do trafico negreiro e da escravidão.

A história do Brasil sempre colocou o negro no quarto dos fundos, como se só tivesse origem em ser escravizado. Mas muitos dos escravos que vieram pra cá eram muito mais cultos que o portugueses, sabiam escrever, calcular, astronomia, metalurgia e outras inúmeras habilidades.

Com a proposta de difundir o conhecimento acumulado sobre essa cultura tão rica Juvenal traz ao 11º Paraty em Foco o workshop Fotografia Africana.

Durante dois dias o fotógrafo dará um panorama da cultura do continente, falando da trajetória dos escravos que trouxeram parte dessa cultura para o Brasil e analisará a fotografia africana através de duas vertentes: primeiro, por meio de fotógrafos estrangeiros que desenvolveram trabalhos sobre a África, como Pierre Verger, Sergio Guerra, Robério Braga, Leni Riefenstahl, e Marcello Gurgel e depois pelo trabalho de alguns dos principais fotógrafos africanos contemporâneos, Malick Sidibé (Mali), George Osodi (Nigéria) e Imani Selemani (Tanzania).

É interessante notar como pela proximidade com a Europa, a África foi um dos primeiros continentes a ser documentado após o advento da fotografia. No entanto grande parte desse registro foi feito com o olhar estrangeiro, do homem branco europeu. Por isso é importante também analisar a produção mais recente de fotógrafos nascidos no continente.

Além de aprofundar o conhecimento sobre a fotografia Africana Juvenal espera que os participantes possam entender e compartilhar uma nova visão sobre o continente. Uma visão desvinculada da temática da escravidão e que passe a valorizar em sua plenitude toda a riqueza cultural que abriga.

Já estamos cansados de saber que a Europa não é o centro do mundo. Cartier Bresson é bacana mas a África tem outras coisas muito interessantes e ainda desconhecidas.

Vai ficar de fora dessa experiência?
Inscreva-se já, as vagas são limitadas.

A edição do blog do 11º Paraty em Foco
é de Érico Elias e do Oitenta Mundos .