A vida que sempre queremos ter
Por vezes nos pegamos olhando a grama do vizinho e desejando ter uma vida que não temos. Achando que a felicidade está em algum lugar fora e longe de nós.
Ouvi uma história de um médico que trabalhava em dois grandes hospitais e há anos ele acordava sempre no mesmo horário, às 5h e voltava para casa também no mesmo horário às 23h, exceto se houvesse alguma emergência.
Essa rotina o impedia de ver a filha, que ainda era bebê. E também o atrapalhava de ter um tempo de qualidade com a esposa. Que apesar de espera-lo, muitas vezes caia no sono e eles acabavam não tendo contato por dias. Essa rotina seguiu por alguns anos.
Um dia ele encontrou uma revista que contava a história de um empresário que tinha uma rotina enlouquecida e resolveu tirar um ano sabático, ele largou tudo, e foi viajar por 1 ano. Sua última cidade foi Manaus. O empresário abriu uma pousada. Trabalhava de segunda a quinta. Ele conta que mudar para Manaus fez a vida ter outro sentido.
O médico achou que aquela revista era um sinal. Ele falou para a esposa, vamos para Manaus, eu não aguento mais ver nossa filha crescer sem eu estar junto.
Depois de um tempo eles se organizaram e partiram com o objetivo bem claro, eu quero ver minha filha crescer. Ele só não tinha pensado como ele faria para realizar isso, e quais caminhos ele teria que fazer para conseguir seu objetivo.
Depois de 1 ano que ele tinha mudado, durante um plantão, ele começou a sentir dores no peito e descobriu que estava infartando.
Ali naquele momento, ele se deu conta que depois de um ano morando em Manaus ele não tinha buscado a filha nenhuma vez na escola. E notou que desde a mudança ele vinha trabalhando ainda mais.
Foi só aquele momento que ele se deu conta que a mudança que ele estava procurando na vida, aquela mudança que iria possibilitar ele de buscar a filha na escola não tinha a ver com ele mudar de estado, a mudança não era geográfica. A mudança era interna.
Muitas vezes a gente se distrai olhando a vida e o sucesso do outro, da amiga, do primo e a gente pensa que se fizermos igual teremos uma vida parecida. Que nossos filhos se comportarão de forma diferente e a gente será feliz e realizada também.
E isso tem muita relação com a lenda da Tulipa Negra.
Uma história popular conta que a tulipa negra teve origem no drama de uma jovem persa que nutria um grande amor por um jovem da sua região.
Como o seu amor não era correspondido, ao ser rejeitada, a menina fugiu para o deserto. Desesperada, ela chorava muito. Reza a lenda que em cada local da areia onde caia uma lágrima, nascia uma tulipa negra.
Na vida poderemos ter inúmeros momentos de decepção e frustração, fugir deles se escondendo num deserto não trará solução, somente profundo sofrimento.
Exercer a Parentalidade não tem a ver em fazer o que você imagina ser igual aos outros, é olhar pra nossa vida e entender o que a compõe. O que você valoriza, o que você é e o que seus filhos são.
Uns dias atrás publiquei esse exercício e trago aqui novamente. Quero que você se responda. E tente responder com poucas palavras, o mais conciso possível, no máximo 7 palavras:
- Qual foi o propósito da decisão mais importante que você tomou com relação a trabalho?
- Qual foi o propósito da decisão mais importante que você tomou com relação a seu relacionamento conjugal?
- Qual foi o propósito da decisão mais importante que você tomou dentro da sua família?
- Qual foi o propósito da decisão mais importante que você fez para si mesmo?
- E qual a decisão mais importante que você tomou num conflito?
Pense com calma.
As respostas para essas perguntas podem te ajudar a encontrar onde você está dentro de si mesmo. E se não encontrar uma resposta concisa para essas perguntas, você precisa encontrar um propósito na vida.
O principal ensinamento do Budismo é o seguinte: coloque em prática diariamente na sua vida a busca pela compreensão e valorização do seu verdadeiro EU, e isso mudará o seu destino.
Isso significa, libertar-se de pensamentos como: “é claro que eu sou assim, veja minha vida”, “eu não consigo crescer no trabalho porque meu chefe me odeia”, “não consigo ser o pai ou mãe que quero ser porque meu filho só grita”, “não consigo ser o pai ou mãe que quero ser porque a babá não veio hoje”.
Assuma responsabilidade sobre quem você é. E seja quem você quer ser.
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