Quanto você se cobra?

A maternidade traz para a superfície coisas que não nos permitimos olhar. Parece aquela imagem de piscina limpinha, que quando a água se acalma, a gente consegue perceber a sujeira no fundo.

Mariana Wechsler
parentalidade
Published in
3 min readMar 4, 2022

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Eu sofro com a autocobrança há muito tempo, mas só consegui enxergar com a maternidade. Em um cenário em que a pausa é o norte, a auto cobrança é aquela parte que se nega a parar, é aquela parte que acha que eu tenho que dar conta de tudo mesmo sem saber o que são essas coisas e quando eu nego a obedecê-la ela me enche de culpa.

Com o passar do tempo descobri que eu não precisava eliminar a auto cobrança da minha vida, por que ela é responsável por sustentar muitas partes importantes em mim.

A mesmo parede que não me permite descansar, é exatamente a mesma que diz que a minha vida é responsabilidade minha, portanto as mudanças e as decisões que eu tomo também são. Por isso é tão difícil eliminar essa parede.

Entendi que o problema não é a parede, não é a voz da autocobrança. É sim a medida que ela se manifesta, ela não precisa gritar. Ela pode simplesmente, silenciar.

A autocobrança me ajuda a dar o melhor de mim, a ir fundo nas coisas, a explorar, a arriscar e a abrir algumas portas. E é por isso que é tanto difícil me livrar dela, porque ela não é só ruim.

É dessa voz que vem muitas vezes o empurrão para ir embora de alguns lugares, de colocar limites em algumas situações é ela que me pede para eu tomar alguma atitude e pegar minha vida nas mãos quando alguma dificuldade se apresenta, ela me trás responsabilidade e auto consciência.

O único problema é que a autocobrança acha que todas as situações da vida são resolvidas com o fazer. E nem sempre isso é verdade, algumas coisas se resolvem quando a gente respira, descansa, espera, confia ou pensa.

É necessário lembrar que o ideal é aquilo que a gente consegue e dá conta de fazer. Que tudo bem não ser uma mãe exemplar, produtiva, insuperável nesse momento, que tudo bem a gente patinar para encontrar uma rotina nessa nova rotina mundial. Que tudo bem falhar, não dar conta ou se perceber de pijama às 3h da tarde.

Quando percebi que eu poderia pegar leve comigo eu não me vi mais no fundo da piscina, vi-me na superfície.

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Mariana Wechsler
parentalidade

Escrevo sobre Parentalidade e sobre a vida, com pitadas de ensinamentos budistas e minhas experiências. https://correnteza.substack.com/subscribe