09 dicas para se perder na sua próxima viagem

Aníbia Machado
Revista Passaporte
Published in
6 min readMar 11, 2018
Projetado por Visual Hunt

Disse o poeta gaúcho, Mario Quintana:

“Viajar é trocar a roupa da alma”.

Você provavelmente já leu essa frase em algum quadro decorativo ou no perfil do Instagram de um viajante qualquer.

Esse trecho da obra intitulada “Preparativos de Viagem” (1987), reflete exatamente o sentimento pós-viagem de quem está aberto a vivê-la plenamente. Disposto a se entregar ao novo e se perder.

Convenhamos, se perder é trágico não é mesmo? O que pretendo, na verdade, é trazer uma nova abordagem, de como você pode fazer descobertas incríveis que não estão roteirizadas.

Em seguida lhe dou 09 dicas para uma nova roupagem da alma. Se não lhe interessa “mudar de roupa” e manter-se no status quo o deixa feliz, me despeço do leitor nesse parágrafo.

Para você que aqui ficou, mantenha sua mente aberta e faça o teste em sua próxima trip.Depois me conte como foi a experiência.

1- Planeje by yourself

Desde a compra das passagens, hospedagem, roteiro diário e até como se deslocar dentro da cidade. Faça tudo você mesmo. Você economiza, ganha flexibilidade e foge do convencional.

Pesquise além dos pontos turísticos, os principais costumes, comidas e cumprimentos básicos. As pessoas ficarão felizes em saber que você se interessou pela cultura local.

O Google Trips pode te ajudar a organizar isso tudo. O app sugere pontos próximos para você visitar e ainda é possível utilizá-lo offline.

Sempre procuro promoções de passagens aéreas no Melhores Destinos ou Decolar.

No Airbnb, tem várias opções que valem a pena. A parte mais atraente é que você pode se hospedar na casa de um local. Trocar ideia e pegar dicas com o host pode ser enriquecedor.

Além de economizar uma grana com as dicas acima, é provável que não fique tão perdido, literalmente, quando chegar no seu destino.

2 — Visite os bairros e o interior

Claro que você não vai deixar de visitar os principais pontos turísticos! Mas não se atenha somente a eles.

Você só vai conhecer a realidade do seu destino se visitar pontos esquecidos pelos turistas em geral.

Frequentemente as áreas mais visitadas são “higienizadas”, para que não transpareça, em maior ou menor grau, os problemas sociais que todo o lugar do mundo tem.

Essa é uma de muitas casas de barro avistadas no interior da Bahia:

3 — Use o transporte coletivo

É claro que chamar um Uber ou Táxi é muito mais prático e seguro. Vai ter momentos que você vai utilizá-los. Mas você precisa usar mais de uma vez o transporte coletivo, seja ele metrô, trem ou ônibus.

Aqui quero trazer um fato ocorrido em nossa recente viagem a Salvador.

Conhecemos um dançarino no ponto de ônibus. Ele possuía uma alegria de viver imensa! Super comunicativo, nos ajudou a chegar em nosso destino com segurança. Acabamos nos conhecendo mais e descobrindo que ele é uma celebridade na cidade, todos o aclamavam quando passávamos pelas ruas.

Homem negro, pobre e gay. Nos deu um baita exemplo de superação! Mesmo sob inúmeros episódios de preconceitos e problemas sociais, tinha uma alegria e otimismo contagiante! E isso só foi possível porque: primeiro, não encontraríamos ele no Uber e, segundo, fomos abertos a receber sua ajuda.

4 — Comparações são inevitáveis, mas não pense que seu jeito é o jeito certo!

Se você está na região de Criciúma/SC vai perceber que a conhecida bergamota em todo o estado, é chamada de laranja crava por aqui.

Esse é um simples exemplo de que as diferenças existem até mesmo em cidades vizinhas. Agora imagine do outro lado do Brasil e do mundo?

Quem diz o que é certo ou errado? Quanto mais lugares e culturas você conhecer, mais vai aprender que não existe jeito certo ou errado de agir ou pensar. Isso vai depender de onde você cresceu e o que aprendeu.

Estamos falando aqui de moralidade e não de ética. Mas não vou me aprofundar nesse conceito agora.

Portanto, aprenda a julgar menos e tente entender melhor as diferenças. Contextualize o momento e o lugar onde você está!

5 — Dê ouvido aos invisíveis, eles tem muito a dizer

Aquele vendedor ambulante que fica no seu pé, o garçom que faz o seu pedido, o menino que oferece o serviço de engraxate, o passageiro no metrô.

Dificilmente o turista puxa conversa com pessoas que figuram as cenas da viagem. Talvez por receio ou insegurança.

Essas pessoas podem ter uma visão diferente do que é vendido nas agências de turismo. Por que não ter uma impressão realista dos moradores locais?

Em uma visita à Praia do Forte na Bahia, conversamos com os donos de uma barraca de cocada. Um senhor com provavelmente seus 80 anos nos falou a respeito do desenvolvimento desenfreado do lugar. Na beira da praia você tem acesso à diversos restaurantes e lojas de grandes marcas. É lindo de se ver! Porém, para aquele senhor e para inúmeras outras famílias que moravam ali, o progresso causou um impacto negativo nas vendas e os moradores locais foram obrigados a mudar-se dali.

Se tivéssemos comprado nossas cocadas e nos calado, talvez nem conheceríamos esse outro lado da história.

6 — Existem diferenças sociais em todo o mundo, em uns lugares mais e outros menos

Não que isso seja motivo para conformidades. Mas, infelizmente, grandes metrópoles concentram elevados índices de desigualdade social gerando sensação de insegurança em vários cantos do mundo.

Não pense que se você for para Paris será mil maravilhas! Portanto, fique atento e carregue somente o essencial.

O Brasil tem seus problemas. Mas não é só aqui e não é só com humanos! Em Mantova, interior da Itália, você pode ser abordado por cachorrinhos pedintes como este da foto (haha!).

7 — Pessoas sem vontade e sem propósito estão por toda parte

Indivíduos desmotivados com o que fazem estão em praticamente todos os lugares que passei. Então me pergunto: por que pessoas com má vontade trabalham atendendo o público?

Por outro lado, se você estiver aberto às oportunidades, encontrará pessoas incríveis dispostas a ajudar.

Não quero pensar que a maioria dos seres humanos são desagradáveis!

Então, tome cuidado para não exercer generalizações acerca do povo local com base em poucas amostras.

8 — Seja minimalista e mais viagens acontecerão

Se você é do tipo que gosta de fazer comprinhas em outlets, traz lembrancinhas para toda a família e se hospeda só em hotéis estrelados, fico feliz por você.

Mas se você não esbanja dinheiro assim como eu e quer viajar pelo menos duas vezes ao ano, pode começar a cortar esses gastos desnecessários.

Planeje com antecedência, pesquise e compre o essencial. Você vai conseguir ver que viajar não é apenas sonho ou coisa de gente rica.

9 — Be open source

Isso mesmo!

Como os softwares de código aberto, esteja sempre aberto a compartilhar experiências e a escutar o que os outros podem lhe ensinar.

A troca de expertises é muito mais valiosa do que guardar a receita daquele bolo e morrer sabendo só essa receita e nada mais.

É claro que muitos ainda dirão:

“Quero viajar para descansar, não quero me incomodar”.

Ok! Essa é uma escolha sua. O mercado do turismo precisa de perfis assim para sobreviver.

Mas aqui cabe um alerta:

Sua alma estará fadada a vestir todo dia a mesma roupa, sem graça, sem brilho, sem novidades. Mais do mesmo. Todos os dias!

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Sou Aníbia Machado Giusti, entusiasta de antropologia cultural, história e viagens. Cantora e analista de GC.

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Aníbia Machado
Revista Passaporte

Construindo um futuro mais amável/respeitoso (Educadora da Ayla)🤱 Aprendiz e experimentadora 📚 Amor a todos os seres 🐽🐶🐱🐄 Secular e progressista 👩‍🔬