134 dias em poucas palavras

Talita Vital
Revista Passaporte
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3 min readMay 31, 2018

Hoje eu acordei em uma cidade diferente, em um país diferente e em um continente diferente.

Hoje eu acordei e comecei o que era uma aventura na minha vida. Acordei e me deparei sozinha com o mundo a minha volta em sua rotina frenética.

Hoje eu acordei e me veio uma felicidade repentina, um sentimento de orgulho próprio por tudo que eu já fiz e já conquistei.

Hoje eu acordei com vontade de sair, de conhecer a vida noturna dessa cidade estranha, de conhecer pessoas novas, de sair com caras que falam quase outra língua e com uma vontade de viver algo novo.

Hoje eu acordei na casa de um estranho, estranho ao qual eu me apaixonei no primeiro encontro, estranho que me fez sentir um turbilhão de sentimentos que acordou meu coração, estranho que me faz duvidar das minhas filosofias.

Hoje eu acordei de mau humor. Tomei minha xícara de café essencial para começar o dia, mas o mau humor continuou porque o estranho não respondeu minha mensagem.

Hoje eu acordei e chorei, chorei de saudade, de desespero e de medo do futuro.

Hoje eu acordei meio foda-se o mundo, foda-se a sociedade, foda-se tudo… Eu vou sair de saia curta e decote sim.

Hoje eu acordei feliz, com um sorriso de canto a canto. Dormi com o estranho de novo, houve sentimento, houve carinho, houve entrega…

Hoje eu acordei em prantos. Faltam dois meses pra minha partida e eu não quero ir embora.

Hoje eu acordei em Paris. Acordei e turistei. Acordei e pude perceber o quanto sou pequena em relação ao mundo.

Hoje eu acordei as 13:13 da tarde. Passei a noite na balada. Vi todos os caras ao qual eu tive um relacionamento aqui na mesma festa.

Hoje eu acordei atrasada pra aula. Aula que eu não dou à mínima.

Hoje eu acordei e me senti uma fracassada.

Hoje eu acordei e era Natal, o primeiro Natal longe da minha família.

Hoje eu acordei e era necessário desistir do romance com o estranho… Aquilo machuca, sufoca e me faz mal.

Hoje eu acordei e o que eu mais queria era voltar pra casa.

Hoje eu acordei e chorei o dia todo, porque eu amei e não fui amada de volta.

Hoje eu acordei e me vi sorrindo por causa de outro cara. Percebi que o estranho vai fazer falta, mas eu consigo gostar de outras pessoas também.

Hoje eu acordei e fiz uma tatuagem. Faith. Eu preciso muito de fé.

Hoje eu acordei pela segunda vez em Lisboa. Encontrei um pingente de borboleta no chão. Fiquei pensando se aquilo era obra do destino.

Hoje eu acordei e me lembrei de que o estranho pediu pra eu ficar aqui. Ficar com ele. Disse que iria me esperar. Disse que gostava de mim.

Hoje eu acordei cansada, não dormi a noite toda porque fiquei esperando uma ligação que não veio.

Hoje eu acordei de ressaca.

Hoje eu acordei em Londres. Que cidade. Mas eu estava de mal humor.

Hoje eu acordei com ressaca de novo.

Hoje eu acordei cansada, passei a semana inteira saindo de casa à noite e voltando de manhã.

Hoje eu acordei e percebi que fiz amigos verdadeiros nessa cidade.

Hoje eu acordei, sai e conversei com moradores de rua. Que dia!

Hoje eu acordei e me despedi das pessoas que conheci aqui. Algumas eu tenho certeza que irei ver daqui uns meses. Outras não. Outras, quem sabe um dia…

Hoje eu acordei e minhas malas estavam prontas, o coração em pedaços, a saudade em evidencia, os olhos inchados de tanto chorar e a esperança de um dia voltar latejando.

Hoje eu acordei e era dia de ir embora…

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Uma revista colaborativa brasileira para todos que amam ler e escrever sobre viagens.

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