A Voz do Infinito — Vai com medo mesmo: parte 4 (final)

Rafiki
Revista Passaporte
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14 min readMay 19, 2017

Esses últimos dias tem sido intensos.

Recebi tantas mensagens de pessoas me agradecendo pelos textos, mas na verdade eu que tenho que agradecer por toda atenção e carinho que vocês dedicaram a essa leitura.

Vocês são incríveis galera. Obrigado!

E agora sem mais delongas, com vocês, a quarta e última parte.

Depois de visitar aquela comunidade carente voltei para casa atordoado, precisava fazer alguma coisa. Por isso, pedi doações à todas as pessoas que conhecia ou não por redes sociais e fui tocado pela generosidade das pessoas. Gente que dizia:

-Olha você não sabe o bem que ajudar essas pessoas me fez. Às vezes eu me pego pensando nos meus problemas, mas isso não é nada perto da realidade dessas pessoas, isso me fez enxergar tudo de uma nova perspectiva. Obrigado, estou muito feliz de saber que eu ajudei a amenizar a dor dessas pessoas.

Juntos conseguimos 10 mil rúpias indianas, que foram entregues a ONG que auxilia aquela comunidade.

E sabe o que isso me diz? Que o mundo ainda é um lugar de esperança. E em tempos de tanta intolerância e violência, onde pessoas se explodem por suas diferenças, isso me basta.

Podemos viver sem água e sem comida por dias, mas nem um segundo sem esperança. Ela é o que nos faz olhar para futuro com o otimismo de que dias melhores virão.

Ainda bem que existem heróis anônimos, como essas pessoas que se dispuseram a ajudar gente que elas nem conheciam, lá do outro lado mundo. Um dia de cada vez essas pessoas transformam o mundo em um lugar muito melhor do que ontem.

Depois de algum tempo vivendo na Índia, decidi que queria ir para Tailândia simplesmente do nada.

Na verdade não foi tão do nada assim. Por muitos anos meu pai trabalhou em países como a Índia, Tailândia, China e Taiwan e eu queria seguir os seus passos, para conhecer todos esses lugares, esse também foi um dos motivos que me levou a recusar o trabalho na Romênia.

Nesse ponto da minha viagem eu já não tinha mais dinheiro que não viesse do meu cartão de crédito ou cheque-especial, como eu faria para pagar isso? Não sei. Só decidi que seria melhor resolver um problema de cada vez. E nesse caso meu maior problema era chegar à Tailândia.

Comprei minhas passagens aéreas para dois dias à frente, numa companhia Low Cost (são companhias aéreas de baixo custo onde refeições, cobertores e até travesseiros são comprados a parte).

Meu plano era passar apenas alguns dias em Bangkok e depois retornar para Índia, pois meu voo sairia de lá em poucas semanas.

Muito bem.

O dia de embarque chegou, arrumei minhas malas e pedi um Uber para o aeroporto. Um motorista muito sorridente veio me buscar e fomos conversando o caminho todo até o aeroporto. Durante uma de suas histórias, ele estava me explicando como se converteu ao cristianismo, ele me disse:

-Sabe, às vezes Deus faz com que algumas coisas deem errado para depois dar certo.

Nos despedimos com um abraço e eu segui para o Check-In. Despachei minha bagagem, peguei meu ticket de embarque e fui para o departamento de imigração onde carimbaram meu passaporte com a saída do país. Enquanto seguia para a próxima etapa me dei conta de uma coisa:

- Onde estava o meu dinheiro e cartões de crédito?

Sim. Eu os havia esquecido.

-Alô? Puviin, pelo amor de Deus você tem que me ajudar! Eu estou no aeroporto e esqueci todo meu dinheiro e cartões na nossa acomodação. Traz eles aqui no aeroporto por favor, eu embarco em 40 min. — O QUE?! Porra Charles eu não acredito que fez isso. Puta que pariu! — ele gritou do outro lado da linha.

O Puviin era conhecido por dominar a arte dos palavrões. Às vezes eu o chamava de Sr. Puviin “boquinha suja” Varman. Ele era meu amigo, vindo da Malásia, a combinação. de coração de ouro com uma boca de bueiro e um estômago que mais parecia um poço, porque ele sempre estava com fome, mesmo quando tinha acabado de comer quantidades cavalares de qualquer prato. Nós éramos companheiros de quarto, nos eramos irmãos.

- Caralho Charles. Não dá tempo. O aeroporto fica há 1h de distância. Mas faz assim, vai para Tailândia, eu tenho um amigo que mora em Bangokok, ele pode te emprestar algum dinheiro enquanto te mando suas coisas por SEDEX.

Naquele momento fiquei paralisado. Tinha que tomar decisão em poucos minutos que definiria se eu seria o cara mais corajoso e louco que meus amigos conhecem ou o mais idiota e imprudente.

- Puviin, eu não posso fazer isso. Eu tenho que pagar a reserva do hostel, o transporte até o aeroporto e a minha alimentação até os minhas coisas chegarem e a gente não sabe se seu amigo está disposto a me emprestar tanto dinheiro. Estou voltando para a nossa acomodação.

Enquanto voltava para imigração notei um risco no meu visto, na palavra “single” e perguntei porque a moça havia riscado aquela palavra se eu era “solteiro”.

Foi quando ela me explicou que aquele single na verdade significava entrada e saída única, ou seja, eu só poderia entrar e sair da Índia com aquele visto apenas uma vez.

Isso mesmo.

Se eu tivesse embarcado naquele avião, provavelmente ficaria preso no aeroporto quando tentasse retornar à Índia para pegar meu voo para o Brasil. Eu seria o novo Tom Hanks em uma nova versão de Terminal.

E não é que o motorista de Uber tinha razão mesmo?

-Sabe, às vezes Deus faz com que algumas coisas deem errado para depois dar certo.

No dia seguinte, passei a maior parte do tempo irritado. Até que decidi, quer saber? Que se dane eu vou para Tailândia.

Comprei uma passagem para o mesmo dia e esgotei completamente o limite do meu cartão de crédito. Entrei no site da embaixada indiana e me apliquei para um visto online, porém como havia esgotado meu limite, não tinha como pagar pelo serviço. Então liguei para Larissa:

- (…) E foi assim que aconteceu. Você acha que foi uma boa ideia comprar outra passagem? Cara, eu estou cagado de medo.

Ela mal conseguia controlar a risada.

-Vai! Você já comprou as passagens! Perder outra vez o voo seria muito triste.- Ela respondeu. — Mas tem mais uma coisa. Nega, meu limite estourou e eu preciso pagar o visto, me empresta seu cartão de crédito? -Perguntei. — Você é muito louco, claro que empresto, hahaha. Eu quero ver onde essa história termina.

Feito.

Antes de ir para o aeroporto, dei um abraço no Puviin e coloquei meu colar no pescoço dele.

- Porque você está me dando isso? -Ele perguntou. — Eu quero você sempre se lembre do seu “irmão de pele/cor” (na real, a gente se chamava de Skin Bros, porque mesmo sendo de origens diferentes tínhamos o mesmo tom de pele. E sim, em inglês é bem mais legal, né?).

-er, você não precisa fazer isso para que eu me lembre de você.-Eu sei, mas é um presente.

-Então eu também quero te dar um presente. disse ele tirando uma pulseira do braço.

-Eu sei o quanto você ficou chateado por ter perdido o voo para Bangkok. Desculpa ter falado com você daquele jeito no aeroporto, eu estava preocupado com você. Por favor, fica com isso. É a minha pulseira preferida. Eu comprei em Bangkok, na Tailândia.

Um arrepio percorreu todo o meu corpo, porque em poucos minutos o meu Uber chegaria para me levar até o aeroporto e eu ainda não tinha contado ao Puviin viajaria naquela noite.

Um sinal? Eu prefiro acreditar que sim.

- Puviin, estou indo para o aeroporto em poucos minutos. Comprei outra passagem para Tailândia.

-Puta que pariu! Caralho Charles! Você perdeu a cabeça?

Agora sim. Esse era o meu SkinBro, que aprendi a amar.

Sr. Puviin “Boquinha Suja” Varman.

Quando cheguei ao aeroporto fiquei 40 min encarando o portão do aeroporto. De algum jeito a ONG que tinha cancelado meu projeto descobriu que eu iria para Tailândia sem visto aprovado para voltar à Índia e então ao Brasil. Eles tentaram me persuadir à não embarcar, por ser uma situação de alto risco, que se desse errado poderia causar o um grande transtorno a eles. Por serem vi-responsáveis pelo meu visto, eles seriam responsabilizadas por qualquer incidente internacional envolvendo os voluntários que eles recrutaram.

Eu estava em pânico, o pessoal da ONG realmente tinha conseguido sugar minha coragem. Então fechei os olhos e disse:

Deus, o Senhor sabe que eu estou cagado de medo, então por favor, me dá um sinal. Se for pra eu embarcar, vou ligar pra minha mãe é dizer tudo que está acontecendo, se ela disse sim, então eu embarco.

-Alô, mãe? É o seguinte, eu estou aqui de frente para o aeroporto. Eu comprei uma passagem para Tailândia, mas meu voo de volta para o Brasil sai da Índia e eu não tenho visto para entrar na Índia de novo. E nem dinheiro caso eu precise comprar uma nova passagem, e eu sei que você e o pai também não tem. O que eu faço?

-Vai.

-O que?! Mãe, a Sra. entendeu o que eu falei?! Eu não tenho visto!

-Eu entendi. Mas quando você vai ter outra chance dessa? Vai e se der errado a gente pede ajuda na TV. Boa viagem filho, agora eu vou dormir porque são 6h da manhã aqui. Ah! Seu pai mandou um beijo. Te amo.

Você não entende a magnitude desse milagre! Minha mãe odeia que eu viaje sozinho, odeia! Quando mais sozinho em Bangkok.

Definitivamente, era um sinal.

Coloquei minha mala nas costas e fui, sem nunca olhar para trás.

Na minha primeira noite em Bangkok, fiz um amigo. Seu nome era Julian. Ele era um jovem escultor do sul da França que havia largado tudo para viajar o mundo. Ele literalmente não tinha para onde voltar. Nos estávamos num restaurante jantando quando perguntei:

- Julian, você não tem medo, por não ter para onde voltar?

- Medo? O meu único medo é de ser infeliz. E eu nunca fui tão feliz quanto nesses meses. viajando o mundo.

Depois de ouvir suas palavras, fui automaticamente transportado para cada ocasião da minha vida em que deu um passo para trás por ter medo. E foram muitos.

Mas eu não precisava mais temer.

Naquela mesma noite, meus amigos me enviaram mensagens perguntando se eu estava bem. Parei. Pensei. E respondi:

-Eu nunca me senti tão bem. Nunca estive tão vivo. Eu sabia dos riscos que fazer essa viagem me traria. E mesmo assim decidi seguir em frente. Se o preço por viver esse momento for ficar preso em um aeroporto ou ser deportado. Eu estou feliz em pagar.

No dia seguinte meu visto foi aprovado.

Eu pensei que esse tipo de coisa só acontecesse em filmes. Mas acho que tudo é possível quando a gente abre para o mundo e todas as experiências que ele têm a oferecer.

Gosto de pensar que muitas coisas na vida acontecem por um motivo. E por isso prefiro acreditar que fiz aquela viagem porque eu precisava daquela conversa, precisava me livrar das lentes do medo. E por isso sempre serei grato ao Julian. Infelizmente (ou felizmente para ele) aquela foi a última noite dele em Bangkok, no dia seguinte ele foi para o Camboja.

Obrigado Julian.

Nos dias que seguiram visitei templos a perder de vista, comi coisas exóticas e fiz muitos amigos. Eu já me sentia de casa, nem a comida me incomodava. Na minha última noite, parei na varanda do Hostel e escrevi:

Nesse exato momento vejo os barcos que cortam o rio.

Vejo as luzes que nunca dormem.

Sinto a brisa que sussurra aos meus ouvidos, aprecio seu afago e tento capturar cada detalhe.

O movimento das águas.

A direção do vento.

A posição da única estrela visível no céu.

Quero guarda-los comigo.

Porque sei que enquanto puder me lembrar, este momento será eterno.

Na noite de Bangkok, me junto à sinfonia da vida, à percussão de corações, à majestosa canção ritmada pelo maior dos maestros. O destino.

De volta à Índia, agora só restavam eu e meu amigo Kohei na nossa acomodação, depois que o Puviin voltou para Malásia, ele se tornou meu companheiro de quarto. E pensar que a nossa amizade começou por causa de um Reality Show japonês, que eu amava assistir: Terrace House. A gente se tornou grandes amigos, sempre cuidando um do outro, dividindo grana, comida e todos s perrengues. Juntos, nós viajamos para o norte da Índia, conhecemos o Taj Mahal e até despistamos alguns ladroes que tentaram nos enganar em Nova Délhi. Foi incrível.

Por isso a despedida me estilhaçou o coração. Havia chegado o tempo de voltar ao Brasil, mas a pior parte seria deixa-lo sozinho, ele era o ultimo voluntário à voltar para casa. Nós nos abraçamos e essa foi a primeira vez em muitos anos que eu não consegui segurar o choro.

- Se você precisar de qualquer coisa, pode contar comigo. Eu não vou te deixar sozinho. Vou te ligar todos os dias até você voltar para o Japão. A gente tá junto nessa, você é meu irmãozinho. Te amo cara.

- Eu também seu babaca. Você tá me fazendo chorar.

O Uber chegou.

Entrei no carro e pelo retrovisor a imagem dele ficava cada vez menor, conforme nos distanciávamos. Era como se algo dentro de mim tivesse se estilhaçado.

Provavelmente você deve pensar que estou exagerando. Mas a experiência de viver durante tantos meses com aquelas pessoas, fez com que a gente criasse laços muito fortes de amizade que fizeram de nós uma família.

E eu sabia que a partir daquele momento, nossa distância só aumentaria. Morávamos de lados opostos do mundo.

- O Sr. está bem? — perguntou o motorista, com inglês perfeito e com sotaque elegante. — Sim, as despedidas sempre são difíceis. — respondi de voz embargada.

Nos começamos a conversar e ele me contou que sabia a sensação porque havia morado por muitos anos em Zurique, com seu amigo Pedro, um piloto de avião brasileiro. Seu nome era Monsir, ele era co-piloto na Virgin e havia sido demitido em um grande corte, depois de várias tentativas de se recolocar mal sucedidas, sua única opção foi se tornar motorista. Ele me contou o quanto se sentia triste, porque seu trabalho havia se tornado sua identidade. Eu sorri com o coração e os lábios e disse:

- Monsir, você não é a droga do seu emprego. A gente está conversando há 30 min e só foi preciso uma frase para perceber o quão especial você é. Vou te ensinar um truque. Monsir, vai nascer amanhã? — perguntei.

- É claro que vai. — ele respondeu, achando a pergunta meio boba.

- Como você sabe? — rebati sorrindo.

- Eu sei. Tenho certeza. Posso sentir que vai, mas não sei explicar como.

- Agora vou te fazer outra pergunta. Monsir, vai ficar tudo bem?

Enquanto o sinal a frente estava vermelho. Ele fechou os olhos, respirou fundo e quando abriu novamente seus olhos estavam vermelhos, uma lágrima solitária desceu pelo seu olho e ele respondeu:

-Vai, vai ficar tudo bem.

-E como você sabe? — perguntei.

-Eu só sei vai, posso sentir. — respondeu sorrindo.

- Tenho um bom pressentimento, Monsir. A grandeza está a sua espera, você vai ver. O universo tem suas formas de conspirar ao nosso favor.

Chegamos no aeroporto e eu me despedi do meu mais novo amigo com um abraço. Ele me pediu uma foto para que mostrasse para esposa e filhos o rapaz doido que tinha largado o emprego para ser voluntário. Na foto, estávamos abraços e sorrindo com os olhos de quem tinha acabado de encher um oceano com lágrimas.

Depois disso ainda houveram muitas outras aventuras, não consegui embarcar no meu voo para o Brasil, fiquei preso nos Emirados Árabes e conheci uma apresentador de Tv de Dubai num app de paquera, ganhei um Iphone 6 num concurso e vendi para pagar minhas contas.. Mas essas são histórias para outro dia.

É eu sei, esse texto está ficando grande demais, mas já estou terminando.

Prometo.

De volta ao meu Brasil, varonil revi todos os meus amigos.

- E foi assim que aconteceu. Sir.

- Caramba Charlovski que história incrível! — disse o Sandro.

-Não é? Nunca pensei que essas coisas acontecessem na vida real. Ainda bem que a gente deixou nossos empregos.

-Ainda bem. — disse ele aliviado.

O Sandro havia sido meu chefe no meu antigo emprego, basicamente ele me ensinou boa parte do que eu sei. Quando as coisas feias por lá e ele decidiu sair, essa foi uma das situações que me fizeram repensar o quanto eu queria continuar no meu trabalho. Mesmo sem trabalhar no mesmo a gente continuou a se falar praticamente toda semana. Ele havia se tornado, mais do que o meu chefe, ele era meu amigo e sem sombra de dúvida ele uma das pessoas mais inteligentes que eu conheço.

No dia seguinte, dando continuidade à maratona de reencontros, fui almoçar com meu amigo Caio, a gente havia estudado juntos, há alguns anos. Ele é uma daquelas amizades que mesmo se a gente passar séculos sem se ver, quando a gente se encontra é como se não tivesse passado nenhum dia. Ambos estávamos sem emprego, sem grana e sem perspectiva de mudança tão cedo. E mesmo com tudo isso nunca havia me sentido tão feliz e realizado.

Mas o Caio nem tanto. Ele estava triste. Um ambiente de trabalho tão tóxico quanto o meu havia feito aquilo com ele. Esse foi o motivo que o levou a deixar seu emprego mais ou menos no mesmo período que eu.

-Caião, vai ficar tudo bem. É igual dizer que o sol vai nascer amanhã, a gente não duvida. Se você conseguir dizer para sí mesmo que vai ficar tudo bem e sentir a mesma segurança com a qual diz que sol vai nascer amanhã, então vai ficar tudo bem. Não sei de que jeito, mas vai.

-Tomará nego.

-Você vai ver disse bagunçando o cabelo dele.

Duas semanas depois, o Sandro havia me indicado para uma vaga de emprego, na qual passei. Para um cargo que eu queria há anos, quando a moça confirmou que a vaga era minha até perguntei se ela tinha certeza, não dava para acreditar que aquilo estava acontecendo, principalmente porque já não tinha me restado muito dinheiro.

E quanto ao Caio, ele conseguiu um novo emprego em uma das maiores e mais respeitadas agências do Brasil, um dia antes de mim.

Incrível, não é? Nunca o vi tão feliz.

Quem poderia imaginar onde um pedido de demissão poderia levar?

Gosto de pensar que existe uma voz que nos guia e que a gente só precisa de coragem o suficiente para seguí-la. Eu o fiz e não me arrependo nem por um instante.

Eu ouvi a voz do infinito me chamar. Todos nós a ouvimos, pelo menos uma vez em nossas vidas.

Às vezes ela ecoa reverberando pelos corredores das nossas almas e às vezes é só um sussurro frágil, fácil de ignorar. Essa voz nos guia e guia a tudo que é, tudo que existe. Ela diz às flores, floresçam e elas florescem, diz aos pássaros para voar para o norte ou voltar para o sul e eles partem, diz às nuvens encharquem a terra e elas trazem a chuva. Essa voz rege todo o universo e faz com que tudo que existe atinja sua plenitude, seu propósito. Mas não se engane. A voz não está fora de nós, pelo contrário ela habita em nós. É a partícula de Deus, a centelha do infinito que liga todas as coisas ao princípio. Pois tudo e todos compartilham a mesma origem. Nós somos a poeira das estrelas, os astros antigos, existimos e vibramos na mesma frequência cósmica. E cada vez que ignoramos essa voz, contrariamos nossa própria natureza. Por isso, seja corajoso. Ouça a voz do infinito que reverbera em você. Se renda. Você vai se surpreender com que pode acontecer. E quanto a mim, como diria uma amiga minha que é mais poesia que mulher: Vou beber do mundo e ele beberá de mim, é dando que se recebe então vou lá me completar. Você vem?

Essa é a minha história, espero que a primeira de muitas. Obrigado por fazerem essa viagem ao passado comigo. Meu coração fica do tamanho do mundo de saber que posso ter te inspirado de algum jeito e que agora somos amigos.

E meus infinitos agradecimentos a minha família e aos meus amigos queridos que me apoiaram nessa loucura. Vocês fizeram toda a diferença na minha vida.

Até a próxima :-P

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Rafiki
Revista Passaporte

Explorador da alma que habita este corpo, que sem ela seria vazio, mesmo cheio de pele, nervo, carne e osso.