Acomodação na Irlanda, entre golpes e ciladas

Eduardo Franco
Revista Passaporte
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3 min readFeb 14, 2018

Hoje escrevo este texto da minha sala de casa com a vista que vocês podem ver abaixo. Porém, por aqui também vale aquele nosso ditado brasileiro “Nem tudo são rosas”.

Vista da sala

A minha saga em busca de acomodação começou desde os meus primeiros dias em Galway. Durante todo o ano passado fiquei acompanhando em grupos e blogs a oferta de acomodação por aqui e já estava sabendo que não seria tão fácil assim, mas não imaginei que seria tão difícil.

Quando cheguei aqui eu tinha apenas duas semanas de estadia garantidas na acomodação da agência e dentro deste prazo precisava encontrar algum lugar para morar, caso contrário me juntaria aos mendigos da Shop Street, principal rua da cidade.

Minha dor de cabeça começou logo nos primeiros dias com um meliante querendo me aplicar um famoso golpe que ocorre por aqui. O cidadão queria que eu depositasse o primeiro mês de aluguel antes mesmo de ver a casa, pois estava viajando a trabalho pelos próximos 6 meses. A suposta casa parecia realmente muito boa por fotos além de um preço bem atrativo. Falei com uma amiga que mora aqui e ela logo me alertou sobre a cilada.

Calote 1 desviado com sucesso, a busca seguia e a pressão aumentava. Meus principais meios de busca foram sites de aluguel e grupos no Facebook. Todos os dias eu mandava mensagens e e-mails, porém de uns 50 envios tive resposta de aproximadamente 10, e destas 10 respostas apenas 3 estavam dentro do meu orçamento.

Na primeira semana aqui fiz minha primeira visita, a casa era de um irlandês e além dele moravam mais 3 pessoas na casa, lugar bem organizado e uns 8 minutos da minha escola. A casa seria perfeita se o dono não fosse um babaca arrogante. Pensei por um dia e decidi procurar outro lugar.

A busca continuava e neste meio tempo quem aparece? Mais um bonitinho querendo aplicar o “nem me viu”. Após direcionar algumas bonitas palavras a ele fui ver outra casa, esta mais afastada do centro, cerca de uns 25 minutos caminhando. A casa também era de um irlandês, mas ao contrário da outra essa de limpa não tinha nada. Logo na entrada percebi a sujeira por todo lado, principalmente no banheiro e cozinha.

Minha última chance era uma casa 10 minutos da escola e com um preço bem razoável, não era das mais limpas também, mas para quem estava correndo contra o tempo eu não tinha muita escolha. Falei com a moça responsável e disse que gostaria de ficar com o quarto, porém aqui além de você pagar o aluguel e o depósito você precisa ser o escolhido, não foi o meu caso. No outro dia recebi uma mensagem que o quarto já tinha sido alugado para outro sortudo.

Nunca fui muito fã daquela frase “Brasileiro não desiste nunca”, mas já estava começando a me identificar com esse nosso velho ditado. Precisei comprar mais duas semanas na acomodação da agência para continuar minha caçada na Irlanda.

Na acomodação da agência eu dividi quarto com o Felipe, um baiano gente boa que me ensinou vários palavrões em “Baianês”. Na minha terceira semana de acomodação o Felipe mudou para uma casa muito boa e na mesma semana me mandou uma mensagem que tinha uma vaga disponível lá. Entrei em contato com a responsável e em 3 dias estava mudando também. Após fechar o negócio me senti o Zagalo na Copa América de 97: “Vocês vão ter que me engolir”.

A casa é excelente, fica de frente para um lago, temos um banheiro no quarto e a cozinha é compartilhada com mais 3 pessoas, fica 5 minutos da minha escola e eu posso receber amigos qualquer hora.

Apesar de todo o estresse que deu para arrumar casa no final saiu tudo certo, meu problema de acomodação foi solucionado. Agora estou correndo para tirar alguns documentos que preciso aqui, mais algumas semanas e estará tudo resolvido.

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Eduardo Franco
Revista Passaporte

Desenvolvedor web lavando pratos para sobreviver na Irlanda. Relatos sobre viagens e boas experiências.