BANGKOK um olhar…

Fome de Mundo

Clau Barreto
Revista Passaporte
7 min readMar 14, 2018

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O início da minha jornada de 10 meses começa pela Ásia, em Bangkok. O que dizer dessa cidade, se tanto já foi dito nesse mar de blogs, vlogs e coisas que eu nem sabia que existia? Mas tá, decidi que também vou fazer parte dessa legião de falantes. Minha fome, como já disse antes, é de mundo. Vim com fome de comer e também de imergir. Com tempo largo, decidi ficar no mínimo duas semanas em cada lugar e foi assim que fiquei em Bangkok.

Escolher o lugar foi uma delícia. Com os diversos apps de acomodação, fiquei perambulando de casa em casa e conhecendo meus talvez futuros anfitriões. Na busca, fiquei imaginando: porquê abrir suas casas?! Que vontade é essa de ver gente indo e vindo? Deve ser alguma nova “tara” no bom sentido! Eu mesma já fiquei super a fim de abrir a minha e poder viajar sem sair de casa.

MEU CANTINHO

Depois de procurar, ler os infinitos comentários e através deles identificar o que está por trás daquelas informações, comecei a entender que tem sempre um local óbvio que os turistas em geral ficam. É claro que isso também é muito direcionado pela indústria do turismo, que prefere todo mundo mais juntinho para poder vender seus pacotes, mas, o ponto é que desse jeito eles criam uma coisa meio clichê, fake e lógico, mais cara! Em uma matéria que vi não sei onde, disseram que em Bangkok direcionam os turistas para um mesmo lugar, como uma espécie de “ilha”, pra cidade poder viver a sua vida normal(!). Não sei se é verdade, mas essa informação me guiou e resolvi ficar num outro bairro (nem Khaosan Road e nem Sukhumvit)

Sathorn

Escolhi Sathorn, perto do Parque Lumpini , que não sabia que era tão grande e tão delicioso, só vi que no mapa tinha um quadrado verde perto da casa que escolhi. Mas esse não foi o único motivo da minha decisão. Quando vi que um dos meus anfitriões era pianista clássico, logo pensei: um pianista clássico que abre sua casa para receber pessoas que nunca viu, deve ser alguém interessante. Acertei nos dois casos! O bairro é delicioso, o parque é fantástico e tem um clima maravilhoso (oxigênio necessário). As pessoas locais fazendo seus exercícios, tai chi, corrida, bike e muitas pessoas fazendo refeições diversas com louça, toalha de mesa e muita, muita comida boa, tornaram tudo ainda mais especial.

Parque Lumpini

A CHEGADA

Meus anfitriões eram incríveis. Chegar em casa, ouvir Chopin e ser convidada para jantar um pad Thai legitimo me deixou sem palavras!

O bairro é residencial, com shopping, ruazinhas, becos, massagem, bares, café, feiras, mas também edifícios de escritórios, clubes, galeria de arte, livraria, enfim. Lugar que pessoas moram, saem para trabalhar, voltam, vivem suas vidas; simples assim!

The Grand Palace

Desde que cheguei em Bangkok, já fui gostando de tudo, apesar do peso do ar. Vi que iria conviver com aquela poluição, mas nada que me afetaria a ponto de ter que usar aquelas máscaras que tanto vemos por aqui. No dia seguinte fiz o reconhecimento do meu bairro e fui encontrar uma amiga que estava na…Khaosan Road! Mas isso foi ótimo, pois de cara já fomos fazendo tudo que era “necessário”. The Grand Palace, Tha Tien Market, atravessar o rio Chao Phraya (muito louco) pra ir ao Templo Wat Arum, se perder pelos bairros do outro lado do rio, ver criancinhas saído da escola com seus uniformes se deliciarem em frente de bancas com seres aquáticos diversos (enguias, sapos, peixes, crustáceos)… vivos! Elas escolhiam e saiam felizes com seus saquinhos plásticos. Enfim, vários pitstops para cervejinha e finalizando a noitinha na agitada rua Khaosan Road.

Madame Musur Bar & Restaurante

Lá adotamos nosso restaurante do coração, Madame Musur. O ambiente aconchegante, a comida deliciosa, a cerveja gelada nos acompanharam enquanto ficávamos vendo o movimento (de turistas) da rua. E antes de nos despedirmos, massagem!

Como não vim aqui só para roletar, entrar nos templos e beber, na sequência fui fazer meus cursos, mas sobre eles falarei em uma postagem a parte.

Entre um curso e outro, conheci lugares que achei muitíssimo interessantes, alguns mais turísticos e outros nem tanto.

Dei uma escapada de 02 dias para Ayutthaya à uma hora da cidade (antiga capital da Tailândia, só pra resumir). Pequena, deliciosa, com um mercado flutuante lindíssimo, bares deliciosos, povo solicito e… templos, muitos templos. Com certeza vale essa fugida!

Mercado Flutuante Ayutthaya
Mercado Flutuante Ayutthaya
Achado em Ayutthaya / Baanmaekean

ME TORNANDO PARTE

Após a primeira semana e diante de tantas novidades, o olhar vai se acostumando e relaxando. Já deu para ir aos pontos turísticos, já deu para entender um pouquinho do funcionamento da cidade e aí começa, para mim, o grande barato: Curtir a cidade sem roteiros e fazer o que mais gosto, flanar e observar. Assim passei os dias… me perdendo! A cada perdida, metrô errado, estação de trem contrária, eu ia encontrando uma Bangkok totalmente diferente dos cartões postais (coisa que já nem existe!).

Cloud 9
Sala Rattanakosin
Cerveja artesanal

Indo todos os dias andar de bike no parque Lumpini, fazendo exercícios, meu tai chi inventado, tomando água de coco na mesma senhorinha que me cumprimentava como se já fossemos amigas de longa data, fui me sentindo um pouquinho parte de tudo aquilo.

Mercado Flutuante Tradicional Taling Chan

O que dizer de Bangkok? É uma grande cidade como todas as grandes cidades no mundo. Não achei tão caótica como dizem. Ela tem uma lógica própria, mas todos se entendem muito bem nela, e é oriental, logo, talvez seja isso que cause tanto estranhamento. Sim, existe um trânsito intenso e muuuuitas motos, que acho bom para se locomover com mais mobilidade (vou adotar no Brasil), uma religiosidade presente e de verdade, mas ao mesmo tempo leve e linda.

A comida está presente o tempo inteiro. Comida de verdade, elaborada, com sustância, com história, com cultura, preservada, cultuada e acima de tudo, consumida em grande escala. Aqui a comida de rua é a vero! Não tem papo de food truck e tal. Se monta e desmonta barraca, com fogão, com grelha, com panelas, com tudo que tem direito para fazer a comida muito elaborada que é comida todos os dias. É cultural se comer na rua, mas isso não tem nada a ver com comer mal. Se come muito bem e com uma variedade enooooorme de coisas jamais vistas por nós meros ocidentais. Fica claro que eles sabem fazer comida de tudo e de todas as formas. Conservas, defumados, filetados, ensopados… coisa de quem sabe o que é falta de comida e que precisa fazer de qualquer coisa algo que alimente. E como o ser humano se adapta a tudo, porque não fazer com mais sabor?!

É isso aí! Amei essa cidade com sua modernidade calma e um povo tranquilo e muito paciente com nós, turistas ávidos de saber tudo em tão pouco tempo. Percebendo a importância de ficar mais tempo nos lugares, partirei de trem para Chiang Mai ao norte da Tailândia, agora para ficar 01 mês!!!

Me aguardem…

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Clau Barreto
Revista Passaporte

Produtora cultural, cozinheira, bailarina, inquieta, curiosa e adoro viajar!