Chapada Diamantina — Roteiro de 7 Dias

Fernando Cavalcanti
Revista Passaporte
Published in
11 min readFeb 20, 2018

A Chapada reserva grandes surpresas para os seus visitantes, cachoeiras, grutas, montanhas e um ar meio místico…

Dia 01

Chegamos no meio da tarde com bastante fome após uma longa viagem de 1,5hr avião (rec – ssa)+ 6hrs carro direto para nossa pousada em Lençóis.

Achamos mais prudente pedir um prato em nossa pousada mesmo para ganhar tempo e viabilizar a visita para 1 Cachoeira ainda no mesmo dia e foi a melhor decisão que podíamos ter feito.

Pedimos um Spaghetti ao molho Pesto e que nos surpreendeu de tão gostoso que estava (talvez a fome grande tenha dado um tempero especial) e um açaí na tigela.

Seguimos direto para a cachoeira do Ribeirão do Meio que ficava a apenas 3km de nossa pousada (trilha da cachoeira iniciava na saída de nossa pousada), foi um percurso bem tranquilo. A cachoeira tinha bastante gente (afinal era no meio do carnaval) com um visual lindo, deu pra ter um aperitivo das surpresas e belezas que iríamos experienciar nesta trip.

Panorâmica da Cachoeira do Ribeirão do Meio

A noite nós fomos jantar na cidade no centro de lençóis em um restaurante chamado Sabor da Terra que tinha no cardápio algumas opções vegetarianas. Assim que publiquei uma foto no Instagram que estava em Lençóis, um amigo de infância enviou uma mensagem falando que também estava por lá e terminamos jantando juntos.

Brusqueta que pedimos no restaurante Sabor da Terra.

O centrinho de Lençóis é bem badalado, a rua estava repleta de pessoas animadas, muitos restaurantes com boas opções de alimentação saudável, música ao vivo, muita gente jovem e principalmente gringos.

2 Dia — Cachoeira do Mosquito, Poço do Diabo e Gruta da Lapa Doce

Acordamos bem cedo, tomamos café da manhã em nossa pousada e fomos direto para cachoeira do mosquito que fica em torno de 30min de carro de Lençóis, boa parte da estrada é de terra batida, se não estiver chovendo é bem tranquila. Ao chegar no Mosquito é necessário pagar uma taxa de 30,00 por pessoa para poder entrar na fazenda, depois de pagar a taxa percorremos em torno de 3km de carro até o ponto onde deixamos o carro e seguimos mais 800m a pé até a cachoeira. O visual do mosquito é impressionante, (a vazão de água estava boa).

Logo que chegamos não havia muita gente na cachoeira, mas em questão de pouquíssimo tempo, uma infinidade de pessoas tomaram conta mas mesmo assim conseguimos tirar boas fotos!

Visual incrível da Cachoeira do Mosquito

O nome Cachoeira do Mosquito se dá por que os garimpeiros da região achavam normalmente pequenos diamantes (chamados de mosquitos) nessa cachoeira.

Depois da subida de volta, paramos no restaurante da própria fazenda (que trabalha com buffet no valor de R$ 30,00 (não é barato, mas é muuuito gostoso).

Após o almoço seguimos direto para o Poço do Diabo através da BA-242 (cerca de 30min de carro), a entrada da cachoeira é gratuita, porém paramos o carro dentro de um estacionamento particular e pagamos R$10,00 (muito caro para o que oferecia), era um restaurante e loja para pegar turistas bem inflacionada), a trilha até o poço do diabo é bem rápida e muito fácil, não demora nem 5min, mas ao chegar lá ficamos surpresos com a quantidade de gente, uma farofada muito grande e decidimos pular para o nosso próximo destino; Gruta da Lapa Doce.

Poço do Diabo, farofada danada.

Até a Gruta da Lapa Doce fica no município de Itaquara, cerca de 40min de carro do Poço do Diabo (47km), ou 1h do centro de Lençois (67km) para o passeio na Gruta é necessário acompanhamento de um Guia, o valor para o casal foi de R$ 120,00 e o passeio durou em torno de 2h30, sendo 20min de até chegar na entrada da Gruta.

Entrada da gruta da Lapa Doce

Após o passeio fomos para a nossa Pousada no Vale do Capão, seguimos pela a BA-122 até chegamos na cidade de Palmeiras onde começa uma estrada de terra batida por 20km, no caminho vimos uma placa de uma cachoeira chamada Riachinho e decidimos parar para ver o por do sol, é cobrada uma taxa de R$ 6,00 (no qual pagamos apenas metade já que estava no final do dia), o visual do por do sol de dentro da cachoeira é incrível demais.

Pôr do Sol na Cachoeira do Riachinho

Seguimos para a nossa pousada, porém o Google Maps nos mandou entrar em uma rua antes de nossa pousada e que seguimos por dentro da mata por quase 1km até percebermos que estávamos isolados de tudo (e já era escuro) nesse caminho nos deparamos com uma raposa que parou em frente ao carro e depois seguiu para dentro da mata, foi uma experiência única e que nos deixou com a sensação que essa viagem realmente seria incrível (infelizmente não conseguimos tirar uma foto dela).

Ao chegar na Pousada Villa Lagoa das Cores, ficamos totalmente encantados com os mínimos detalhes, fomos super bem recebidos na recepção do hotel, com direito e um chá quentinho (pode acreditar que depois de entrar em tanta cachoeira, um chá quente é tudo que vc precisa) e fomos levados até o nosso quarto que era SUPER confortável.

Nosso quarto na Pousada Villa Lagoa das Cores

O pessoal do hotel nos recomendou comer em uma pizzaria de um suiço que fazia muito sucesso no centro do Capão, porém não encontramos essa Pizzaria e terminamos comendo em outra pizzaria (que estava bem gostosa por sinal), após a pizza, voltamos direto para a nossa pousada e apagamos para o dia seguinte.

3 Dia — Pratinha, Torrinha e Lençois.

Acordamos cedo e fomos tomar café da manhã em nossa Pousada (já falei que estamos encantados com os mínimos detalhes da Pousada?), a mesa do café era linda, a comida vegetariana e deliciosa (e olhe que eu não sou vegetariano).

Café da manhã da Pousada.

Após o café da manhã, seguimos por 45km de nossa pousada até a Caverna da Torrinha. O passeio é bem cansativo, é preciso ter um certo fôlego, são 3km no total, muitos momentos é preciso andar agachado para passar por lugares bem apertados.

Caverna da Torrinha

É uma das cavernas brasileiras com maior diversidade de espeleotemas, formações típicas de interior de caverna, como a raríssima flor de aragonita e as agulhas de gipsitas. Além disso, tem a maior extensão entre as grutas de Iraquara.

flor de aragonita

Seguimos por 11km em estrada de terra até a Fazenda Pratinha. A entrada na fazenda custa R$30 por pessoa e dá direito a ver a Gruta Pratinha e Gruta Azul, e a nadar no rio Pratinha.

Para nadar na Gruta Pratinha é preciso pagar mais R$ 40 de taxa de flutuação, que inclui colete, nadadeiras, máscara e snorkel e visita guiada de 30 minutos.

Gruta Azul

A Fazenda Pratinha tem toda uma estrutura com estacionamento, restaurantes, serviços de massagem. Como o acesso é bastante fácil e não é preciso fazer nenhuma trilha, é bastante visitada

Da pratinha, seguimos direto para Lençóis para pegar Paula na rodoviária.

Jantamos no Restaurante Lampião Culinária Nordestina, onde as meninas comeram uma moqueca vegana. Depois pegamos mais estrada para voltarmos para nossa Pousada/Paraíso no vale do Capão

4 Dia — Cachoeira da Fumaça e Cachoeira do Riachinho

Acordamos cedo e fomos ao encontro do nosso guia (recomendado pelo proprietário de nossa Pousada) o João Pé no Chão, esse apelido é dado pois ele só anda descalço (esse cara sim, é Homem de verdade!kkkk) paramos o carro em frente ao início da trilha e seguimos até a base dos Guias que fica no pé da trilha, lá recebemos algumas explicações onde nos pedem uma doação de qualquer valor para a manutenção da brigada.

A subida para a Cachoeira da Fumaça é bastante puxada, são 2h30 no total, nos quais, 1h em uma subida bem íngreme, que totaliza em torno de 2km, no caminho é possível dar algumas paradas para contemplar o visual e recuperar o fôlego.

Parada estratégica para recuperar o fôlego da subida da Cachoeira da Fumaça.

Após a subida, são mais 5km por uma trilha bem mais tranquila até a garganta da Cachoeira da Fumaça, o visual lá é fantástico, tem uma energia incrível e compensa o enorme esforço para chegar.

Visual da Cachoeira da Fumaça

Possui 340 metros de altura, sendo a segunda maior do Brasil.
Recebeu esse nome porque pela altura da queda, a água evapora-se, formando um panorama visual como se fosse fumaça

A descida da Cachoeira é bem puxada também, tem uma hora que comecei a sentir um pouco o impacto no joelho, mas deu tudo certo!.

Terminamos o passeio da Fumaça às 16h, totalmente famintos e fomos direto almoçar um PF no restaurante de comida caseira da Dona Dalva, lá as meninas pediram um pastel de jaca que estava incrível.

Depois do almoço fomos para a Cachoeira do Riachinho para ver novamente o por do sol.

A noite voltamos para o centrinho do Capão com o objetivo de jantar na famosa Pizzaria do Suiço (que descobrimos que se chamava Pizzaria Capão Grande), o restaurante é enorme e bem peculiar, existem apenas dois sabores de pizza; doce e salgado, pedimos uma pizza grande sendo 1/4 doce e o resto salgada, pedimos também uma garrafa de vinho para acompanhar. A pizza é enorme, deliciosa e tem ótimo custo X benefício, serve muuuito bem 3 pessoas, o valor é de R$ 55,00.

Pizzaria Capão Grande

5 Dia — Cachoeira da Purificação, Angélica e Morro do Pai Inácio.

Marcamos com o nosso guia João Pé no Chão às 09h30 para nos levar até a trilha da Cachoeira da Purificação, são 10km de carro por uma estrada de terra e lama até o ponto de parada onde seguimos a pé.

Nosso guia é um capítulo à parte, o João é fantástico, um cara super consciente, de bem com a vida, responsável… Quer saber um pouco mais sobre ele? Clique aqui ou veja a reportagem sobre ele aqui

A trilha até a Cachoeira é de cerca de 3km, não é uma trilha difícil, tem um mato fechado, mas é tranquila de fazer (comparando com a fumaça..)

A Cachoeira da Purificação tem esse nome pois a água é beeem gelada (tão gelada, que purifica a alma), aconselho entrar de uma vez, depois que você mergulha o frio passa!

Cachoeira da Purificação

Depois seguimos seguimos por mais 2km até a Cachoeira da Angélica, o visual da trilha é tão fantástico que você esquece que foi ver uma cachoeira!

Trilha até a Cachoeira da Angelica.

Almoçando no Pico do açaí que estava delicioso.

De lá seguimos para ver o pôr-do-sol no Pai Inácio, foram cerca de 1h30 de carro até chegarmos na base do morro, chegamos com o tempo bem apertado a subida é de cerca de 20min. Não é preciso pagar pela trilha, mas é necessário pagar pelo estacionamento o valor de R$ 5,00.

O Morro fica a 1.120 metros de altitude, é um dos mais altos da Chapada, e proporciona vistas espetaculares. Muita gente deixa a visita ao Pai Inácio para o final do dia para apreciar o pôr do sol.

A noite fomos direto para o centro do Capão onde jantamos no Restaurante Oxe Restô.

6 Dia — Igatu e Cachoeira dos Pombos.

Curtimos um pouco a pousada do Vale do Capão e depois fomos direto para a cidade igatu,

Casinha de pedra em Igatu

Almoçamos no restaurante vegetariano do JJ, toda a comida é orgânica, muito gostoso, porém achamos caro e demorado (R$ 25,00 o prato).

Fizemos o check-in em nossa pousada (Art Hotel Cristal de Igatu).

Como chegamos tarde em igatu no final da tarde fomos para cachoeira dos pombos que fica bem perto de nossa pousada, menos de 20 minutos de caminhada.

Cachoeira dos pombos em Igatu.

Igatu é uma cidade muito pequena com apenas 380 habitantes, super tranquila, com difícil acesso e feita quase toda de pedra.

Voltamos para pousada a noite e comemos uma pizza no restaurante que fica anexo, a pizza pertence a pousada que nos hospedamos, a pizza era boa, mas foi a pizza mais cara que já paguei na vida, R$ 65,00 por uma pizza que serve apenas 2 pessoas, resultado, tivemos que pedir duas pizzas…

7 Dia — Cachoeira do Buracão

Para chegar na cachoeira é necessário ir até a cidade de Ibicoara, e de lá contratar um guia credenciado pela ACVIB — Associação dos Condutores de Visitantes de Ibicoara, o valor do guia era de R$ 120,00 para três pessoas, porém como encontramos mais um casal, juntamos 5 pessoas e pagamos 30,00 por pessoa. De lá seguimos por quase 20km em uma entrada de terra e barro até chegarmos na fazenda onda está localizada a cachoeira, lá é necessário pagar uma taxa de R$ 15,00 por pessoa para ter acesso a Cachoeira.

São mais 7km em estrada de terra e passamos até por dentro de um rio com nosso carro até o estacionamento e ponto de apoio (que tem banheiro). De lá deixamos o carro e seguimos por mais 3km em uma trilha plana porém com bastante obstáculos. No percurso ainda passamos por mais 2 lindas cachoeiras, Orquídeas e Cachoeira Verde.

Quando chegamos perto do buracão, são pelo menos 120m de descida bem puxada, com muitas pedras e escadas, lá no fundo há um espaço grande onde é possível deixar as mochilas, sapatos e pegar um colete salva vidas para ir até a cachoeira (nadando contra a correnteza).

O visual da Cachoeira do buracão é incrível, é sem sombra de dúvidas a cereja do bolo da Chapada Diamantina, uma das coisas mais lindas que já vi na vida, tem uma energia ímpar.

Cachoeira do Buracão

São 85m de queda d'agua, a profundidade varia entre 8 a 45m

A volta foi extremamente exaustiva, talvez por que eu já estivesse com muita fome antes mesmo de descer na cachoeira, não via a hora de comer alguma coisa e ao mesmo tempo estava relativamente meio enjoado por ter feito tanto esforço com a barriga vazia.

Fomos direto para o restaurante do Mirante ( que fica na saída da fazenda.depois almoçamos no restaurante do mirante que fica na saída da cachoeira do buracão,

e tivemos um grande problema para arrumar energia para voltarmos para nossa pousada em igatu

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