Como monto meus roteiros de viagem

Leticia Barbano
Revista Passaporte
Published in
6 min readMar 16, 2019
Eu, em Milão, em 2014, no auge dos meus recém-completados 22 anos — Foto com direitos autorais

Muita gente tem medo de viajar por conta própria, sem uma agência de viagens, devido a não saber o primeiro passo para planejar uma viagem.

Minhas primeiras viagens foram uma loucura. A primeira vez que viajei sozinha foi em 2011, para a Jornada Mundial da Juventude de Madrid. Eu tinha 18 anos, iria com um grupo, mas voltaria sozinha para casa. Voltei por Lisboa, fiz um breve passeio pela cidade, fiquei em um hostel, tomei um taxi até o aeroporto e saí com a sensação de que não havia aproveitado bem as cidades que visitei.

Em 2014, me mudei para a Espanha. Ficaria lá por um ano, estudando pelo finado programa “Ciência sem Fronteiras”. Na Europa, viajar de um país para o outro é bem tranquilo e barato devido às companhias de vôos low cost — como Ryanair e Easy Jet. A primeira viagem que fiz lá foi com uma amiga de Madrid para Ávila, ambos na Espanha, e depois voltaríamos para Madrid e iríamos para a França. Eu coloquei as conexões de vôos e trens tudo em um só dia (perigoso fazer isso! perdeu uma conexão, perdeu tudo!). Para resumir a ópera, minha amiga e eu perdemos o primeiro trem, quase perdemos o vôo e quase perdermos o lugar de descer no segundo trem. Estas boas e loucas experiências me renderam histórias engraçadíssimas e também prudência na hora de planejar uma viagem e montar um roteiro.

Por onde começar?

Comece com a data e o destino. Sites como Google Flights e Skyscanner são ótimos para descobrir o melhor preço dos vôos (e a melhor data! Às vezes você planeja um dia e no dia seguinte, ou alguns dias antes ou depois, o vôo está bem mais barato). Outros sites como Rome2Rio e GoEuro elencam o meio mais barato de ir de um destino para outro (trem, ônibus, avião, carro, etc)

Às vezes vale a pena chegar por um destino e sair por outro. Exemplo: Para quem quer de São Paulo visitar Uruguai, Argentina e Chile, fica mais econômico chegar no Uruguai e ir embora pelo Chile. Os sites de rastreio de vôos fornecem a opção de verificar vôos que chegam para um lugar e saem por outro (basta ir na aba “várias cidades”). Mas atenção: não compre nada ainda! Apenas defina locais, trasportes e preços.

Depois de definir a data e escolher o vôo mais barato (dica de ouro: nem sempre comprar com muita antecedência é bom), vem a escolha do lugar para ficar.

Vale pesquisar no Booking, Hostel World e Airbnb. O Airbnb compensa, especialmente quando você está em uma turma/grupo. Alugar uma apartamento ou casa para ficar uma semana com uma família ou grupo de amigos pode sair bem mais barato (e é mais privativo também) que ficar em um hostel ou hotel. Na hora de escolher o lugar para ficar, dê preferência para locais perto do centro da cidade (assim você economiza transporte) e, se for hotel ou hostel, que o café da manhã esteja incluso no preço.

Na hora de escolher um local para ficar, geralmente, além de olhar os itens acima, também analiso o banheiro (pelas fotos e opiniões de pessoas que já ficaram é possível perceber se o banheiro é limpo ou não) e a cozinha (afinal pode ser que você cozinhe ou ao menos tome o café da manhã lá). Antes, na minha época de mochileira teen de 21/22 anos, eu não ligava para limpeza dos lugares que eu ficava. Agora, com 26, sou mais chata em relação a isso :P Principalmente se o banheiro for meio suspeito, eu descarto o local, mesmo que o preço esteja ótimo rs

Por fim, definido data, vôos e local para ficar, aí sim vem a parte de montar o roteiro! Para saber o que fazer na cidade que você for ficar (e se vale a pena fazer bate-volta para outras cidades) pesquise no bom e velho Google. Há inúmeros blogs de viagens por aí (nacionais e internacionais) com dicas ótimas de locais para visitar, turistar, comprar, comer, ficar etc. Eu sempre pesquiso: “o que fazer em [nome cidade]” ou “things to do at…” ou “visitando/visiting [cidade]”. Vou abrindo os blogs, anotando ou copiando os links do que é legal ou não fazer, o que tem de sugestão em comum nos vários blogs, o que não pretendo fazer e assim vai. O bom de você mesmo montar seu roteiro é que você personaliza-o de acordo com seus gostos e necessidades. Pessoas que estão viajando em lua de mel têm interesses bem diferentes das que viajam com os amigos ou os que viajam para fazer compras. Os objetivos da viagem vão definindo o que vale a pena ou não incluir no roteiro.

Porém, se você tem preguiça master de pesquisar nos blogs, existem dois aplicativos que procuram o que fazer na cidade para você, além de ajudar a organizar a viagem em si: Sygic Travel e Save Trip. O bom dos apps é que você consegue ver, pelo mapa, as atrações que estão perto umas das outras, além de reunir, em um só local, passagens, roteiro, dicas e afins. Baita mão na roda!

Já acabou?

Nããão!!! O último passo são os detalhes. Aquelas coisas mínimas que se você esquecer, podem te trazer uma grande dor de cabeça. São eles:

  • Como você fará para chegar/sair do aeroporto ou estação de trem até o hostel/hotel? (ônibus, taxi, uber, cabify, 99…)
  • Quais meios de transporte utilizar durante o passeio na cidade?
  • Quanto custa os passeios que você fará?
  • Há taxas extras nas compras ou pagamentos de hotéis, restaurantes e transportes?
  • Há descontos que você poderá ter nesta viagem? (ex: tax free, desconto para estudantes, casais)
  • O câmbio do dinheiro é melhor onde? Vale a pena pagar com cartão? É melhor andar com que quantidade de dinheiro?
  • Qual será o valor máximo de dinheiro que você poderá gastar por dia incluindo passeios, compras, alimentação e transporte?
  • Há algo específico da cultura do país/cidade que você vai visitar que você não saiba e que pode te trazer complicações?

Que eu lembre são essas perguntas que me guiam e me ajudam.

Terminada esta fase, não é hora de comprar nada ainda! Some todos os gastos - faça uma estimativa dos que você não sabe - e veja se é preciso adequar o roteiro de viagem ao seu orçamento, talvez reduzindo alguns dias ou tirando alguma cidade.

Depois de 100% de certeza, aí sim, hora de comprar passagens, reservar hotéis e já pensar na mala de viagem :-)

Resumão

  1. Veja preços e melhor transporte para a cidade/país que pretende visitar
  2. Pesquise melhores lugares para ficar
  3. Monte o roteiro do que fazer na viagem
  4. Cuide dos detalhes: transportes internos, preços de passeios, taxas, câmbio, dinheiro, aspectos culturais
  5. Comprar tudo!

Dicas Finais

  • Ande com uma mala pequena (dessas que você leva de bagagem de mão no avião). É muito ruim viajar com uma mala gigante. Aprenda a viver com pouco. Se preciso, use uma lavandeira do hostel ou cidade que você esteja.
  • O melhor aplicativo para explorar uma cidade é o Here WeGo (antigo Here Maps)! Ele permite que você baixe o mapa de uma região ou cidade e use offline andando a pé, de maneira muito precisa. Eu gostava de “me perder” descobrindo cidades a pé e depois voltar para onde eu estava colocando no aplicativo. Se você tem a versão paga do Sygic Travel, não precisa do Here WeGo, pois o primeiro também cumpre a função do segundo.
  • Faça Free Walking Tours! Grande parte dos hostels conhecem onde há um tour gratuito pela cidade com um guia especialista. Em cerca de 1 ou 2 horas você consegue conhecer o principal da cidade, incluindo explicações históricas, e depois dá uma contribuição espontânea ao guia. Além disso, é nestes passeios que você faz amigos e conhece gente diferente. Muito legal!
  • Para viajar de uma cidade a outra que não seja uma distância longa, vale a pena usar o BlaBlaCar. É um aplicativo de caronas que funciona no mundo inteiro. As caronas costumam aparecer de 1 a 3 dias antes da data desejada.
  • Existe app para conversão de moedas (assim você sabe se o que está pagando está caro ou não). Eu uso este, mas parece que este outro também é bom.

E vocês? Quais suas dicas?

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Leticia Barbano
Revista Passaporte

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