Castelo de Edimburgo, vista do parque que fica aos pés do rochedo

Edimburgo em dois dias

Suellen’s beta version
Revista Passaporte
Published in
9 min readMar 19, 2018

--

A capital da Escócia, Edimburgo ou Edinburgh (nome em inglês) é um destino turístico bem comum para quem está de passagem pela Inglaterra. Em Junho de 2017 eu e mais duas amigas resolvemos passar um final de semana lá em uma viagem super rápida, aproveitando duas oportunidades: verão europeu aliado à passagens aéreas baratas da queridinha irlandesa Ryanair. Lembrando que todas estavam morando em Dublin, o que facilitou nossa viagem.

Planejamento

Acho bem complicado viajar com amigos, ainda mais uma viagem curta e focada como essa, onde não se tem tempo a perder. Então antes de comprar passagens alinhamos bem as nossas expectativas com relação aos dois dias. Quais eram os interesses de cada um, o que não podia faltar e quanto cada uma estava disposta a gastar. Expectativas alinhadas. Caça às passagens aéreas. A Ryanair para quem ainda não conhece é uma das companhias aéreas de baixo custo aqui da Irlanda, ela é realmente uma das mais baratas e oferece zero de serviços. Você paga cada centavo de item extra, inclusive água. Meu marido costuma dizer que é um ônibus que voa. Mas ninguém embarca em um avião deles esperando conforto, então acho justo pelo que cobram.

Vista de uma das ruas centrais, com as tradicionais cabines telefônicas inglesas

Conseguimos uma opção de voô saindo bem cedinho no sábado com um preço bom, as passagens no total ida e volta para cada uma saíram cerca de 58 euros, o que é um valor bom levando em conta alta temporada. Esse voô chegava em Edimburgo antes das 8h da manhã, ótima opção para curtir ao máximo o sábado na cidade. Conseguimos a volta para segunda de manhã, cedo também, com chegada em Dublin por volta das 9h da manhã.

Etapa dois, reservar o local para ficarmos. Optamos por uma viagem bem econômica, a ideia era ficar o máximo de tempo explorando a cidade, logo uma acomodação barata foi a escolha. Antes de reservar qualquer coisa pesquisei a geografia da cidade para escolher uma opção que nos favoresse aos deslocamentos caminhando. Como várias cidades da Europa, Edimburgo é uma cidade para se conhecer caminhando e com pouco tempo disponível tem que se investir um tempinho pesquisando o local.

Eu me encantei com essa vista..

Logo, descobri que a cidade é como que dividida em duas, cidade antiga e cidade nova. No centro da cidade antiga é onde tudo acontece, onde tem grande parte das atrações culturais e históricas. Com isso em mente partimos procurar acomodação no centro da cidade antiga. Entre três pessoas a opção Airbnb se torna mais viável do que hotel. Achamos um apartamento bem no centro antigo com um quarto de casal e um sofá-cama na sala, cozinha e banheiro no apartamento. Prédio histórico, super antigo, pelas fotos dava para ver que o apartamento não era assim grande coisa, mas o preço e a localização favoreciam. Pagamos cerca de 100 euros cada uma para as duas noites.

Vista do lado mais alto da cidade

Aqui deixo uma dica baseado em minha experiência de viagens pela Europa. Se você quer ficar bem instalado passeando pela Europa tem que reservar no mínimo hotel 4 estrelas, abaixo disso será na sorte e bem provável que você termine em algo bem velho e um pouco decadente. Airbnb, vale o mesmo, as opções mais baratas você corre o risco de passar algum aperto. Não que isso seja problema, como disse alinhe as expectativas primeiro. E ainda acho melhor um local assim do que dividir hostel e banheiro com desconhecidos. Os centros das capitais européias são antigos demais e não adianta esperar uma super acomodação pagando pouco. Obviamente nesses mesmos centros existem hóteis 5 estrelas de luxo, que trazem todo o glamour da cidade antiga e medieval com o conforto da modernidade. Repetindo vale alinhar antes qual o seu orçamento e suas prioridades com aquela viagem.

Primeiro dia na cidade

Chegamos cedo em Edimburgo e nosso check-in no apartamento não estava disponível ainda, como não era hotel e sim Airbnb não tinha como deixar nossas coisas lá até a hora combinada de entrarmos. A opção que achei foi um locker no terminal principal de ônibus da cidade no qual pagamos 6 euros para deixar nossas mochilas lá o dia todo enquanto passeávamos. Tanto essa estação de ônibus, como o terminal central de trem ficam no centro da cidade, tudo a uma distância que se pode fazer caminhando. Para sair do aeroporto para o centro pegamos um dos ônibus expressos que fazem esse trajeto. Em cerca de 30 minutos estávamos no centro.

Entrada do castelo

Nossa prioridade era visitar o Castelo de Edimburgo, é uma das principais atrações da cidade. Localizado bem no centro, é uma imponente contrução no alto de uma rochedo imenso. A cidade como um todo é cheia de altos e baixos, subidas e descidas. Ela também é conhecida por suas setes montanhas, todas elas nos arredores da própria cidade. Além de beleza cultural, a cidade tem um patrimônio natural muito interessante de ser explorado. Essa geografia única dá um charme muito especial à capital da Escócia. O que também quer dizer, vá preparado para caminhar com roupas confortáveis adaptadas à estação e calçados que surpotem uma boa caminhada.

Vista da cidade dos pátios do castelo

Voltando à visita ao castelo também aproveitamos que o dia estava bonito e combinamos de passar a manhã por lá e depois explorarmos o restante da cidade. O complexo do castelo é grande, tem vários espaços e diferentes áreas para visitar. Por exemplo: galeria com jóias da realeza, prisão de guerra, igreja, a parte do museu de guerra. Enfim, tudo contando em detalhes um pouco da história escocesa. Além disso, nas áreas externas do castelo é onde você tem as melhoras vistas da cidade, já que ele está bem no alto. A escócia também é famosa pelo Wisky, no próprio castelo fizemos a degustação de um brandy (base de wisky e mel) de um produtor local da região que naquele dia estava expondo na lojinha do castelo. Quem gosta da bebida e está com mais tempo na cidade pode investir em degustações mais apropriadas e orientadas.

Dentro dos pátios do castelo
Vista externa do castelo de uma das ruas laterais

Saindo do castelo decidimos caminhar pelo outro lado e explorar um pouco do centro, entre ruas e ladeiras nos deparamos com uma simpática feirinha de sábado com comidas e produtos orgânicos locais. A fome do almoço já estava chegando então não resistimos a uma paella espanhola que estava sendo prepada alí ao ar livre. Para nossa sorte o dia estava ensolarado e bonito, coisa que não é típica na Escócia. Pegamos nosso almoço e sentamos por alí com os demais que estavam também aproveitando o dia ao ar livre.

Esse é o parque que divide a cidade. Adorei esse local, ótimo para dar aquela descansada depois de um dia turistando
Nosso almoço: Paella da feirinha de rua

Depois da pausa para o almoço seguimos a exploração pelo centro da cidade. Basicamente o que separa a cidade antiga da cidade nova é um grande parque posicionado no vale, aos pés do rochedo do castelo. A cidade antiga é a parte mais alta da cidade, onde você se depara com ruas e ruelas. A parte nova é do outro lado e aparentemente um pouco mais plana e moderna. Exploramos bastante o centro antigo no sábado e o parque, já que o dia estava bonito.

Conseguimos ainda presenciar um concurso que estava acontecendo á céu aberto no parque de música tradicional escocesa, o bravo (aquela que o pessoal toca uma gaita celta vestidos com saia e roupas tradicionais). A arte é bem vibrante na capital escocesa, ainda mais no verão. Em praticamente todas as ruas tem alguém expondo algum dom artístico. Ainda no mesmo parque em uma outra parte tinha um grupo também com gaita celta, mas dessa vez em uma apresentação moderna, junto com outros instrumentos, de uma qualidade incrível. Até mesmo para uma pessoa pouco sensível à música, como eu, era impossível não perceber a qualidade e maestria do pessoal. A cada rodada eram aplaudidos de pé.

Concurso de bravo, que estava acontecendo na praça
Grupos ensaianda para as apresentações a abaixo o vídeo da banda tocando o mesmo estilo de música, mas em uma linha moderna e muito mais agitada.

Na sequência entramos na Galeria de arte Nacional, que é aberta ao público com entrada gratuita. O espaço não é muito grande, em cerca de 1h30 você consegue ver todas as obras e ler os detalhes de cada uma. Talvez 2h se arte é o seu propósito. Devo dizer que nesse meio tempo também paramos para descansar no parque, como muitas outras pessoas estavam fazendo, até porque tinhámos acordado 4h da manhã a essa altura do dia o cansaço já estava pegando um pouco.

Acho que uma das madonas de Raphael exposta na Galeria de arte Nacional

Resolvemos jantar por volta das 18h30 e ir para casa cedo, descansar e dormir, para poder estar bem no domingo e aproveitar o máximo. Optamos por um restaurante italiano que facilmente atenderia ao gosto das três. Acabamos indo no Jamie’s Oliver Italian, uma das franquias dele na cidade. A comida estava boa, valeu o que custou. O local é bem bonito um prédio super histórico, mas faltou um pouco de climatização, estava calor na minha opinião e fica complicado se deliciar em um prato de massa, suando. Talvez tenha sido a nossa escolha de mesa, pois de fato não estava tão calor na rua.

Domingo, segunda dia

Como o apartamento tinha cozinha na noite de sábado já compramos itens básicos para o nosso café da manhã de domingo e segunda, já pensando também em economizar um pouco. Domingo acordamos por volta das 9h e já colocamos em ação o plano de continuar explorando a cidade. Caminhamos em direção oposta ao trajeto que fizemos no dia anterior e meio sem querer nos deparamos no final da caminhada com um parque e uma montanha ao fundo. Muitas pessoas estavam caminhando naquela direção e decidimos fazer o mesmo, explorar a montanha. Devo confessar que a montanha não foi planejado, acabamos meio que por acaso lá. Se tratava da “Salisbury Crags”, que tem no seu topo máximo o “Arthur seat’s”, que é um vulcão inativo datado da época romana que o pessoal acredita que trás sorte tocar nele.

Essa é a melhor foto pata ver a dimensão do quanto caminhamos, ao fundo está a montanha que subimos no domingo pela manhã e o ponto mais alta dela é o “Arthur Seat’s”, que foi nosso destino final.
A paisagem do caminho vale a pena
Vista da cidade do alto da montanha
Comemorando a chegada no tal do vulcão inativo que se chama Arthur e que dizem trazer sorte para quem dedica horas de caminhada para chegar até lá.

Não é uma caminhada muito complicada se você está equipado com água e roupas adequadas, somente a última parte que é mais ingríme e estreita. Mas isso porque nós fomos pelo caminho mais curto, mas que também é o mais complicado. Na descida descobrimos um super tranquilo, pelo qual famílias com crianças e cachorros estavam subindo. Sem querer estavámos explorando uma das sete montahas de Edimburgo. É um passeio que recomendo, a vista é muito bonita e o contato com a natureza recompensador.

O caminho da volta também foi inspirador

Dedicamos boa parte do domingo na caminhada e explorando a região ao redor. Na volta combinamos de comer no centro da cidade e depois ir em casa, tomar banho, descansar um pouco e combinar o que fazer no fim da tarde e à noite. Uma das coisas boas de viajar pela Europa no verão, além do clima obviamente é que os dias são super longos. Dez horas da noite ainda tem vestígios de raios solares, para viajantes é ótimo que se aproveita muito o dia.

Brinde de Limoncello. Viaje com pessoas que compartilhem com você o gosto pela descoberta e que sejam curiosas pela vida.

Pesquisando um pouco sobre as nossas opções, nos deparamos com mais uma montanha, dessa vez o “Calton Hill”, famosa pelo pôr do sol. Já era cerca de umas oito da noite quando decidimos que essa seria nossa opção. Apesar de falarem que é uma montanha o acesso é bem fácil, uma caminhada tranquila partindo do centro da cidade. Não gastamos nem meia hora de caminhada para chegar até lá. O dia estava muito bonito, logo saberíamos que o pôr do sol não ia desapontar. Quando chegamos lá, já tinha bastante gente garantindo os melhores locais, pessoal fazendo pic nic, com vinho, espumante, famílias, inclusive uma turma tocando violão e cantando com amplificador e tudo. Aqueles momentos que realmente são únicos e encerram com chave de ouro. Uma atmosfera tranquila, simples e de muita beleza.

Encerrando a viagem por Edimburgo com um pôr do sol bacana no Calton Hill

--

--

Suellen’s beta version
Revista Passaporte

Suellen Machado, a Brazilian living in Ireland, a journalist by degree, marketing for a living, a traveller when I can, and an occasional writer.