Férias de 2018 (SP — CE)

Rodrigo Borges
Revista Passaporte

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Escrevo em meio a uma tempestade tropical numa praia do Ceará. Desde 2009 não chovia assim nessa época, segundo Ticiana, uma das responsáveis pela pousada onde eu e Clarissa estamos hospedados. Chegamos ontem e já demos uma caminhada na praia antes da chuvarada. Mas as férias começaram antes de chegarmos aqui.

Na quinta-feira passada, rumamos a São Paulo para ficar um tempo com Rodolfo e Isabel. Foi o dia seguinte à quarta-feira de cinzas, após um carnaval que passamos assistindo filmes, séries e comendo. Eu ainda trabalhei um pouco, tentando colaborar com esse momento tenso que é tirar férias tendo muito o que fazer e controlar.

Em São Paulo, conhecemos o novo endereço do pessoal, na Rua Joaquim Eugênio de Lima. Belo apartamento bem localizado. Chegamos por Guarulhos, e pouco depois do meio-dia estávamos lá. Fomos almoçar apenas com Rodolfo, que trocou a folga do carnaval pela quinta e sexta em nosso benefício. Caminhamos até o Le Vin, onde Clarissa pediu o melhor prato (massa recheada com pato e molho de laranja) e eu tomei uma sopa de cebola. Demos uma volta pelo Instituto Moreira Sales, onde vimos exposições de Chichico Alkmim e Anri Sala.

Clarissa contemplando o som loko de Anri Sala.

Passamos também pela Japan House, onde conhecemos o trabalho do arquiteto Sou Fujimoto. Voltamos pra casa para descansar antes de encontrar o pessoal da minha pós-graduação: Malu, Miriam e Caio.

Migs.

A gente se encontrou na hamburgueria Raw (filial vegetariana na Rua Augusta). Comemos diversas coisas vegetarianas e dividi com Clarissa um hambúrguer de cogumelo com espinafre. Falamos bastante bobagem e foi uma noite bem legal.

Na volta, joguei um pouco de video-game com o Rodolfo e depois fui dormir com Clarissa, enquanto ele esperou Isabel chegar (3h da manhã) do trabalho. Tomamos café em casa comendo os croissants que compramos na rua pouco antes. Então, fomos ao CCBB visitar a exposição do Basquiat com o Che.

Pintura em porcelana de Basquiat sobre Walt: uma das minhas obras preferidas.

Mixed feelings com a arte à parte, foi um passeio legal. Então, fomos ao Mercado Municipal de Pinheiros, onde encontramos a Antonieta e Isabel. Almoçamos no C6 Burger, uma hamburgueria nova logo ao lado do mercado. Bem gostoso tudo. Separamo-nos de Isabel e Che e fomos com a Antonieta e Rodolfo para o Instituto Tomie Ohtake, onde visitamos a exposição cinética do argentino Julio LeParc.

Voltamos para casa para descansar e, logo depois, partimos para um jantar no japonês , com Rodolfo, Antonieta e Ricardo, seu namorado. Boa comida, conversas e sakê.

No dia seguinte, fomos todos tomar café no Santo Pão. Demos mais uma volta e rumamos para o Eataly, que Clarissa queria conhecer. Lá, encontramos com Diego, comemos uma boa carne e tomamos café. Voltamos pra casa e assistimos "Três Anúncios para um Crime" com pipoca. Depois, delivery de pizza. No domingo, fomos a um brunch no Futuro Refeitório, onde encontramos Matias, Daniel, Ricardo e Diego para comer o que de mais hipster Pinheiros pode oferecer.

Depois, demos uma volta pelo bairro e fomos andando até o metrô rumo aos Jardins. Acabamos parando na ICI Brasserie, onde comemos mais um pouco. De volta à casa, assistimos um péssimo jogo do São Paulo. Dei mais uma volta com Clarissa para fazer compras pré-praia e fomos assistir Castelo de Vidro, com Woody Harrelson (ler com voz de locutor). De manhã, saímos cedo para Guarulhos, onde encontramos um aeroporto bem cheio. O voo a Fortaleza foi relativamente tranquilo, com um gordinho do meu lado e duas turbulências daquelas de esfriar a barriga, mais para o fim do trajeto.

Em Fortaleza, almoçamos ainda no aeroporto e combinamos com a empresa de aluguel de carro de nos pegar. O posto deles fica no estacionamento do Makro. Chovia bastante quando saímos. O processo de locação de carro é aquela coisa. Seguro disso, seguro daquilo, franquia, "nós recomendamos ao senhor", etc. Já com o carro, partimos para a BR-116 e a CE-040 (recém-reformada), únicas estradas necessárias para chegar à pousada Stella Cadente. As pistas são surpreendentemente boas. Poucos buracos, duas vias em 98% do caminho, havia poucos carros, enfim, o trajeto foi bem agradável e sem emoções desnecessárias. Viemos ouvindo rádio para adaptação ao local. Muita música pop estrangeira e brasileira e sertanejo. O sinal de 3G pegou em praticamente 90% do caminho, falhando apenas à medida que chegávamos à região da praia.

Chegamos à pousada com o pessoal do trabalho me ligando para resolver problemas. Faz parte. Clarissa tratou de ser recepcionada enquanto eu estava ao telefone. Louie e Ticiana nos receberam. O casal cuida da pousada desde setembro do ano passado, quando vieram de Curitiba a convite dos proprietários, dos quais um mora em Londres e outro no Marrocos. Louie é claramente francês. Ticiana é de Curitiba mesmo. Ambos têm um histórico de trabalhar em restaurantes e é a primeira vez que trabalham com hotelaria.

Demos uma volta pela praia vazia, que fica logo à frente da pousada, depois de deixar as coisas no quarto. Então, voltamos e jantamos. Louie é cozinheiro e preparou um peixe guaiuba, pescado na região, com arroz e salada. Ticiana preparou drinks, que bebemos merecidamente. Foi simples e bem bom. Fomos direto pra cama depois de quase um dia inteiro de viagem.

Demorei a escrever esse texto, parando para fazer coisas. Termino-o agora, horas depois, com um céu quase sem nuvens e sol lá em cima. Uma das pausas foi para dar a segunda caminhada, pós-chuva forte e café da manhã (frutas, ovos mexidos, torradas e crepe). O sol estava forte. Aparentemente, Clarissa já está vermelha nos ombros. Eu, mais nordestino, pareço conservar o pouco da honra praiana que me resta e ainda não apresento reações adversas ao sol. A maré está baixa, os pássaros cantam e ouve-se ondas. Daqui a pouco sai o almoço.

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