Idas e vindas: uma reflexão sobre as chegadas e partidas da vida
Segunda, 06 de novembro de 2017. Ainda são pouco mais de 10h da manhã e eu já passei por três aeroportos. Escrevo este texto porque gosto de observar o comportamento das pessoas de acordo com o ambiente que elas se encontram.
A passagem pelos aeroportos hoje cedo, me fez pensar como estes locais são peculiares. Eles se dividem entre a alegria da chegada e a dor da partida. Presenciei dezenas de abraços, mas, os que mais me chamam a atenção são os abraços de adeus.
Se tem uma coisa que eu sempre detestei foi a despedida. Nunca gostei de assistir a um adeus, pior ainda quando eu preciso me despedir.
Você deve estar pensando: quem gosta de despedidas? Acho que ninguém, de fato. Só que algumas pessoas lidam melhor com isso do que outras. Eu estou na lista das que não sabem lidar bem.
Passei os últimos 4 dias em São Paulo. Na minha viagem de ida, ainda em Belo Horizonte, pude assistir uma cena que me chamou a atenção.
Na área de embarque, uma menina se despedia de uma família. Jovem, com aparentemente uns 18 ou 19 anos, tinha traços e sotaque que demonstravam claramente que ela não era brasileira, ao contrário da família que se despedia.
Enquanto ela avançava na fila para embarcar, o casal e uma outra jovem acenavam enquanto sorriam com os olhos cheios de lágrimas. A menina fazia o mesmo. Quando ela terminou de entrar, o grupo que ficou se abraçou e chorou junto.
Eu não consegui parar de pensar naquilo o resto da viagem. Imaginei que ela poderia ter sido acolhida pela família durante um intercâmbio, por exemplo. Eles podem ser desconhecidos que viveram por um tempo juntos, não importa quanto, e criado apego uns pelos outros.
Seja qual for a situação, eu me perguntava se eles se veriam novamente. Se era um adeus ou um até logo. Também pensava quantos quilômetros poderiam os separar daqui para frente.
A verdade é que dizer adeus não é a tarefa mais fácil do mundo. Principalmente quando o adeus é para quem amamos.
Hoje, assim como aquela jovem, eu precisei me despedir. No meu caso, ao contrário da história que contei, da qual não sabia quase nada, eu sei por quanto tempo vai durar meu adeus e quantos quilômetros me separam de quem amo. A dúvida é: será que o tempo ou a distância mudam o tamanho da dor de partir?
Hoje o dia começou com partidas, mas ele também será de chegadas. Estou de volta à minha cidade, ao meu trabalho e a outras pessoas que também amo. Mesmo assim, o coração carrega o adeus de quem ficou para trás.
São as idas e vindas que escrevem a nossa história. São as mudanças, os recomeços, o adeus e o bem-vindo de volta.
Certa vez, uma pessoa me disse: “isso é a vida, Thayná”. É, isso é a vida. Ela não é feita só de chegadas, mas também de partidas.
Hoje, levo minha mala na mão e no coração está a esperança de viver em um lugar onde nunca mais precisarei me despedir novamente.