Uma foto da Catedral e da fonte na Plaza de Armas de Lima; bem ao lado, ocorre a troca da guarda, uma vez por dia, um espetáculo bem diferente dos europeus, com muita música latina e vários espectadores animados.

Lima — ou, quase um Rio de Janeiro peruano

Resolvi escrever de viagens e foi isso que saiu.

Ligia Thomaz Vieira Leite
Revista Passaporte
Published in
7 min readJan 11, 2019

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Tomada pelos espanhóis em 1535, Lima era a capital do vice-reino do Peru e se tornou a capital do país de mesmo nome. Não tão popular entre os turistas quanto Cusco, a cidade conquista mais pelo charme de uma que não tem toda a sua dinâmica voltada para os estrangeiros. Uma cidade mais para ser vivida que para ser conhecida.

A chegada

Chegando no aeroporto, fica claro que a maioria dos turistas fica em Miraflores, já que todos os taxistas que vêm te abordar ao sair da esteira de bagagens já oferecem os preços até lá, que variam entre 50 e 60 soles. Eu e meus amigos optamos por ficar no centro histórico, onde os hostels estavam mais baratos e, para lá, o taxi oficial do aeroporto ficava em 55 soles.

Eu cheguei sozinha e, no avião, conversando com um peruano que viajou ao meu lado, fui indicada a pegar um taxi oficial, já que, para eles, os carros de aplicativo não são considerados tão seguros e, menos ainda, os taxis de rua. Principalmente a noite. Principalmente para uma mulher sozinha. Em grupo, não há problema em pegar um taxi de rua.

Outro ponto importante para destacar sobre a chegada em Lima é que o aeroporto só oferece 30 minutos de wi-fi grátis e não dá pra pausar. Vale guardar para usar quando for pedir um uber. Como eu não sabia, a minha acabou antes.

Sobre uberes no aeroporto: o uber é legalizado em Lima, mas no aeroporto eles não têm local determinado para buscar passageiros, o que pode render algumas boas confusões se você, como eu, não tiver comprado chip com internet, já que o wi-fi só funciona dentro do aeroporto.

Hostel

Escolhemos o 1900 Backpackers Hostel e foi uma ótima escolha. O staff era bastante atencioso, as camas limpas e confortáveis e a atmosfera geral do lugar uma delícia.

Alguns pontos importantes: 1) o hostel é enorme, mas alguns quartos ficam de frente pra uma das grandes avenidas de Lima e os peruanos gostam muito de buzinar, então se você se incomoda muito com o barulho, leve tampões de ouvido, ou escolha outra hospedagem; 2) ficamos em um quarto compartilhado que não tinha tomadas perto das camas, vale levar um carregador portátil para deixar carregando do lado de fora do quarto e deixar para carregar o celular ou câmera com ele; 3) os chuveiros — leia-se: a pior parte de nossa estadia —. Durante o tempo que estivemos hospedados no 1900, os chuveiros do banheiro feminino não pareciam estabilizar bem a temperatura da água que variava de congelante a escaldante (literalmente, eu e uma amiga chegamos a nos queimar com a água).

Em todo o resto, o hostel foi maravilhoso, contando com programações diárias com base em gorjetas, uma arquitetura lindíssima e um terraço delicioso para passar o tempo bebendo uma cerveja com os amigos.

Comida

Uma parte importante de conhecer um país, a meu ver, sempre foi a gastronomia e nesse ponto, o Peru é o próprio paraíso. Passei poucos dias em Lima, mas comi muito bem em absolutamente todos os lugares que escolhi.

O destaque, nesse ponto, vai para o restaurante La Mar, em Miraflores, uma cevicheria deliciosa que só abre para o almoço. A comida é maravilhosa, mas vá preparado para enfrentar uma espera longa antes de sentar. Uma vez sentado, a comida vem super rápido e os garçons são mega atenciosos. Os preços são mais salgados que a média limeña, mas seguem a média dos bons restaurantes cariocas, com pratos girando em torno de 70 soles.

Agora, para quem não é tão fã de frutos do mar, a dica é o Laboratorio — La Panetteria, em Barranco, com o staff mais simpático que eu conheci em Lima e sanduíches para todos os gostos. Os preços são mais moderados que os do La Mar, mas também não são tão indicados para os mochileiros que buscam uma refeição super barata.

Deslocamentos

Lima é quase uma São Paulo do trânsito peruano. Pra todo lugar que você for de carro vai ter trânsito. Acontece que Lima é também uma cidade grande, então você vai precisar se deslocar sobre rodas. Algumas opções:

  1. Taxi: é o modo mais óbvio e pode ser bem barato, mas tudo vai depender da sua habilidade de negociar, já que por lá as corridas não são marcadas no taxímetro, mas sim os preços são combinados antes de você começar a corrida. Ah, existe um combinado que alguns motoristas fazem com os passageiros de pegar outros passageiros para o mesmo destino no caminho e, nesse caso, os motoristas andam pela rua buzinando pra que as pessoas saibam que tem vaga no carro. Eu não tentei essa modalidade, porque não cheguei a pegar taxis além daquele entre o aeroporto e o hostel, mas adoraria ter tentado.
  2. Uber e outros aplicativos: aqui não tem muito mistério. Vale destacar o aplicativo que me foi indicado pelo meu companheiro de avião, o TaxiVIP. Não cheguei a usar, mas fica aqui a dica.
  3. Ônibus: Lima tem dois sistemas de ônibus: o metropolitano, que é tipo um BRT, e o normal, que é beeeeem roots. Eu, como boa mochileira nutella, não peguei o segundo — também porque não precisei — , mas peguei o segundo para ir do centro histórico para Miraflores e achei super tranquilo. A passagem é paga com um cartãozinho bem do tipo bilhete único e custa 2 soles e 50 centavos. O trajeto é feito em uma via expressa, de modo que é super rápido, mas o busão enche bastante, então se prepare pra uma experiência beeem similar à carioca.
  4. Mototaxi: eu tenho pavor de motos, então não andei, mas, mesmo para quem sofre do mesmo medo que eu, os mototaxis de Lima têm uma super estrutura que se assemelha mais aos famosos tuktuks asiáticos que aos nossos mototaxis cariocas. Parecem um pouco mais seguros.
A imagem mostra a fachada da Casa da Literatura Peruana, antigamente uma estação de trem, é dentro dela que fica a biblioteca Vargas Llosa; um ótimo lugar pra ter um pouco de paz, ler e tomar um café quando em Lima.

Lugares

O que visitar em Lima? É o que você deve estar se perguntando depois de tantos minutos de leitura. Como eu disse, não tive muito tempo em Lima, mas seguem minhas indicações:

a) Free Walking Tour pelo centro histórico: au adoro fazer walking tours nas cidades que visito. Acho que é um jeito bem especial de conhecer a cidade, sem focar só nos pontos turísticos mais visitados. O que eu fiz era da Lima by Walking e andava pela Plaza San Martin, Plaza de Armas (durante a troca da guarda que, pra quem gosta desse tipo de evento, é bem diferente das outras que acontecem pelo mundo), o antigo prédio dos correios (que hoje é um mercadinho de souvenirs), um dos rios que cortam a cidade, a Casa de Literatura (que também é uma antiga estação de trem) e acabava em um mercadinho de souvenirs com degustação de pisco. Foi bem turístico comparado ao que fizeram as minhas amigas, com um guia que, na verdade, trabalhava no hostel em que ficamos e foi quase um tour particular. De qualquer forma, valeu a pena. Conhecemos vários lugares legais e o guia deu várias informações sobre a política e a história do Peru.

A foto mostra o pôr-do-sol no Malecón de Miraflores.

b) Malecón de Miraflores: Miraflores em si é uma delícia de bairro para se perder, mas é legal manter em mente que aquela não é a realidade da maioria dos bairros limeños. As ruas organizadas e cheias de árvores que desembocam em um paredão de pedras que dá direto na praia é um privilégio de poucos, mas vale a pena ser aproveitado pelos turistas. Durante minha estadia, passei três vezes pelo malecón (esse calçadão que tem antes da descida para a praia) e posso confirmar que o melhor horário para visitar é o do pôr-do-sol. O clima da cidade não permite muito que se veja o sol efetivamente, mas ver o céu e todos os arredores se pintando de laranja é um espetáculo a parte.

c) Ruínas pré-incas: esse passeio eu não tive tempo de fazer, mas as amigas que viajaram comigo fizeram e indicaram muito. As ruínas de Huaca Huallamarca e Huaca Pucllana ficam no meio da cidade e são super legais pra você começar ou encerrar seu tour histórico pelo Peru. Se estiver com o tempo corrido, vale conhecer uma só (Huaca Pucllana é mais famosa, mas pelas fotos, achei Huaca Huallamarca mais diferente).

d) Barrancos: eu não tive nenhuma noite inteira em Lima, além daquela em que eu cheguei, então não pude conhecer a famosa night de Barrancos, mas passeei pelo bairro durante o dia e já deu pra sentir uma vibe bem tipo Lapa. Os bares todos fechados, mas com gente entrando e saindo arrumando as coisas para a noite, parecia que ia ficar bem bom a noite.

Uma foto dos meus pézinhos cansados no chão lindíssimo do 1900 Backpackers Hostel.

O fim

E aqui chega ao fim minha primeira experiência de blogueira de viagens. Se ela vai continuar ou não, só o futuro nos dirá. De qualquer forma, vale a pena visitar Lima, vale a pena visitar o Peru. Se quiserem saber mais, mandem uma nota privada ou pública pra esse post que eu respondo e, quem sabe, não preparo outros…

As fotos desse post foram todas tiradas por mim, então, se gostarem, sigam meu instagram pra acompanhar minhas andanças pelo mundo.

E, para quem vai para o Peru e quer dicas mais profissionais, de quem faz isso a bem mais tempo, pode encontrar um guia aqui.

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