Maratona etílica — Toronto, Canadá

Filipe Mendonça
Revista Passaporte
Published in
14 min readJul 13, 2019
Skyline de Toronto. Arquivo pessoal.

A ideia

Era algum fim de semana de setembro de 2014 em Toronto. Eu estava em um pub trocando conversas aleatórias com Abood, um grande amigo árabe que conheci no primeiro dos sete meses que eu passei na cidade. Já tínhamos alguns pints de diversas cervejas diferentes na cabeça quando surgiu a ideia.

‒ A gente poderia fazer uma espécie de desafio alcoólatra. — eu comecei.

‒ Conte-me mais. — disse Abood, enquanto se ajeitava com um braço em cima do encosto da cadeira e o outro em cima da mesa, com a mão espalmada perto do seu pint, como se fosse um pistoleiro pronto para sacar o revólver. Talvez estivesse a apenas um gole de aceitar qualquer ideia imbecil que eu desse e, por isso, estava pronto para virar o pint a qualquer hora.

‒ Vamos escolher uma das linhas do metrô daqui. Então, vamos seguir essa linha do início até o fim, descendo em todas as estações e tomando um pint de cerveja no bar mais próximo antes de seguir para a próxima parada. — como eu previ, Abood, com um movimento de mão, agarrou o seu pint e tomou o gole que o separava das más decisões.

‒ Soa como um plano perfeito. Quando vamos?

Cabem aqui algumas notas para dar um contexto melhor para essa história. Primeiro, em 2014, o metrô de Toronto tinha basicamente duas linhas, a amarela (que cruzava a cidade de norte a sul a norte, fazendo uma espécie de U) e a verde (que ia de leste a oeste). Existiam outras duas linhas pequenas, mas a maior parte dos bares estava perto das principais. Então, bastava escolher uma dessas e dar prosseguimento ao plano. Além disso, tínhamos um passe mensal com o qual podíamos utilizar o metrô de maneira ilimitada.

Segundo, Abood, apesar de árabe, não era muçulmano. Isso significava que ele bebia sem problemas e que o Canadá, com bebida legalizada (ao contrário da Arábia Saudita, onde ele tinha que contrabandear ou viajar para outro país), era um paraíso para ele. Mas, antes de me conhecer, ele bebia mais whisky e outros destilados. Eu bebia basicamente cerveja e eventuais Cubas Libres. E, como acabávamos saindo frequentemente, isso significava que tínhamos que decidir por um tipo de álcool para tomar. Afinal, entre as regras imaginárias para se beber com amigos, existe a de tomar a mesma coisa para tentar manter o nível de álcool sempre parecido. Assim, às vezes tomávamos Jack and Coke (o mais próximo que eu consigo de tomar whisky), outras, Cuba Libre, mas, muitas vezes, acabávamos tomando cervejas. O Canadá tem umas cervejas maravilhosas e seria um desperdício não aproveitar isso para acabar tomando Jack Daniel’s ou Captain Morgan, que podem ser encontrados em qualquer lugar do mundo. Além do que, cervejas eram mais baratas. Com o tempo, Abood acabou se acostumando a tomar o ouro líquido e, quando tivemos essa ideia da maratona, ele já era um entusiasta.

Mapa do metrô de Toronto em 2014.

Então, ainda no pub, aproveitamos para planejar tudo direito. Puxei um mapa do metrô que eu tinha na mochila e decidimos pela linha amarela, já que morávamos perto dela. Havia trinta e duas estações. Trinta e dois pints parecia uma medida irreal. Então, decidimos começar na estação de Eglinton e irmos até Eglinton West. A verdade é que a parte mais agitada da cidade está mais ou menos entre essas estações e, para além delas, existem mais parques e subúrbios e os pubs são poucos. Então, reduzimos a quantidade de estações para vinte e duas. Vinte e dois pints é uma medida completamente irresponsável, mas pareceu alcançável. Afinal, queríamos um desafio.

Estabelecemos algumas regras. Começaríamos às onze da manhã, horário em que os bares de Toronto começavam a vender cerveja, e terminaríamos até duas da manhã, quando a venda acaba (ou seja, quinze horas de desafio, vinte e dois pints, média de um pint a cada quarenta minutos). Um bar por estação e um pint por bar, que deveria ser um dos mais próximos da estação (assim teríamos margem para evitar bares muito estranhos ou muito caros). O desafio não envolvia necessariamente o metrô, ou seja, poderíamos caminhar entre estações que fossem próximas (o que ajudaria também a baixar o álcool). Além das regras, algumas recomendações que demos a nós mesmos era beber um copo de água antes de cada pint e dar preferência por frituras na hora de comer.

Outono em Toronto. Arquivo pessoal.

Com tudo isso em mente, fomos para casa e começamos duas semanas de preparação para o nosso plano. Elas envolviam basicamente sair o mínimo possível para festas e manter uma alimentação à base de macarrão instantâneo e água para economizar dinheiro para a maratona.

O começo

Chegado o dia, nós nos encontramos no metrô às dez e meia da manhã, após um café da manhã reforçado, e rumamos à primeira estação.

Eglinton fica em meio a um centro comercial, que estava meio vazio, já que o nosso desafio acontecia no sábado. Mesmo assim, encontramos um restaurante chinês que vendia pints de Tiger, uma cerveja de Singapura. Brindamos e tomamos um bom gole para celebrar o começo da maratona.

‒ Esse plano parece muito estúpido agora que estamos sóbrios. — comentei a Abood, que confirmou com um movimento de cabeça.

‒ Mas ele fica menos estúpido a cada gole. — completou, sabiamente.

Ele tinha razão. Acabamos as nossas cervejas em pouco mais de dez minutos e voltamos para a estação. A parada seguinte, Davisville, ficava em uma zona residencial, próxima a pubs. Aliás, as estações seguintes, St. Clair, Summerhill e Rosedale eram todas bem próximas e, além disso, estudávamos na região, assim, não tivemos problema de encontrar os melhores bares mais próximos de cada uma.

Então, chegamos à Bloor-Yonge. Cabe aqui dizer que essa estação fica na intersecção da Bloor Street e da Yonge Street, que são as ruas mais longas da cidade. E, quando digo longas, significa que elas cortam a cidade de leste a oeste (no caso da Bloor) e de norte a sul (Yonge). Inclusive, terminam em outras cidades. Dito isso, a intersecção delas gera as esquinas mais caras de Toronto e os arredores também são feitos para pessoas que têm um bom dinheiro e não para estudantes estrangeiros beberrões. Mas, sabíamos de um bar ao lado da estação que era uma franquia e, assim, não era tão caro. Fomos justamente nele, o Jack Astor’s.

Eu não sou muito fã de franquias, especialmente quando se fala de comida e bebida. Acredito que acabam sendo locais muito frios, com um padrão muito forte a ser seguido e isso acaba com a personalidade do lugar. Mais ou menos como uma banda cover meia boca. Mesmo assim, o preço proibitivo da região praticamente nos forçou a ir a esse bar.

Um dos pints de cerveja. Não tenho certeza de qual. Arquivo pessoal.

A verdade é que o Jack Astor’s ficava bem próximo à nossa escola e já havíamos ido lá mais vezes do que eu me sinto confortável em dizer. Tomamos um copo de água e o pint protocolar e fomos à próxima estação, Wellesley, a pé. Com seis cervejas na cabeça e com o relógio já tendo passado do meio dia, aproveitamos para decidir o que almoçar.

Eu lembrei que havia um restaurante brasileiro praticamente ao lado da estação. Não era a melhor comida do mundo, mas a culinária do Brasil vai muito bem com cerveja. Então, dei a sugestão a Abood.

‒ Comida brasileira, topa?

‒ Se tiverem cerveja de outro país, eu tô dentro. — em 2014, a cerveja brasileira não era essas coisas todas e eu já havia dito isso a Abood. Por sorte, pouco tempo depois, a coisa melhorou muito.

Então, fomos por nosso sétimo pint. Pedimos os copos de água antes e olhamos o cardápio. Eu fui de costela de porco com feijão, arroz, farofa e vinagrete. Acredito que é um belo prato para frear um pouco o álcool. Apesar de não ser muçulmano, Abood não come porco por nojo. Para os árabes, comer porco é tão asqueroso quanto é para a gente comer cachorro. Então, ele pediu picanha e os mesmo acompanhamentos. Uma bela escolha também. Pensei em pedir umas coxinhas para a entrada, mas tínhamos que gerenciar o espaço no estômago para mais dezesseis pints, incluindo o que acabava de chegar à nossa mesa.

‒ Um brinde às más decisões. — levantei o meu copo..

‒ A vida é uma sequência de más decisões com alguns momentos chatos entre elas. — Abood completou, levantando o seu copo logo após mais uma pérola de sabedoria árabe.

‒ Amém.

Acabamos o almoço e decidimos continuar a pé pelas próximas estações. A partir da Bloor-Yonge, estamos na região mais movimentada da cidade e as estações são bem próximas umas das outras. Além disso, apenas após o sétimo pint estávamos sentindo o efeito do álcool. A caminhada estava definitivamente ajudando nisso. Também havia o fato de que a temperatura mais fria do outono canadense nos ajudava a beber mais devagar. Enfim, estava tudo sob controle e estávamos determinados a manter as coisas assim o maior tempo possível.

Um dos efeitos do álcool que começavam a acontecer eram as vontades abruptas de ir ao banheiro. Por isso, apertamos o passo até College. Entramos em um bar para universitários (sinônimo de cerveja barata) e fomos direto aos toaletes. Assim que eu entrei, lembrei de ter lido em algum lugar que o melhor jeito de avaliar a limpeza de um restaurante ou bar é pelo banheiro. Entre ignorar isso ou sair correndo daquele bar, decidimos continuar por lá. Afinal, era só uma cerveja, mas, para não abusar da sorte, evitamos pedir água aqui (no Canadá, toma-se água da torneira e, em bares e restaurantes, ela é grátis). Tomamos a cerveja rapidinho e corremos para a próxima parada.

Banheiro do bar. Arquivo pessoal.

Dundas é a estação que fica abaixo da Dundas Square, uma praça que foi feita aos moldes da Times Square. Isso significa, novamente, locais caros ao redor. Mas, dessa vez, sabíamos de alguns pequenos bares nas ruas detrás da praça que eram mais baratos. E lá fomos.

Não vou dizer que entramos em um local bacana, mas bêbados são estóicos por natureza e estávamos com o padrão cada vez mais baixo. A verdade é que o local era um misto de tabacaria, dessas que vendem uns presentinhos importados da Ásia, com umas mesas de bar atrás. Não havia nem cozinha no local, apenas uns pacotes de salgadinhos. Como já havíamos evitado a água no último bar, tivemos que arriscar dessa vez. Tomamos de uma golada e fomos para a cerveja.

‒ Olha, tenho que dizer que não imaginei que a gente ia chegar até aqui. — comentou Abood.

‒ Para ser sincero, nem eu. Mas penso que mesmo que a gente não termine, vai ter sido uma experiência divertida. — respondi.

‒ Saúde. — Abood concordou levantando o seu copo.

Compramos um salgadinho para viagem e saímos de lá para a próxima estação, Queen.

Ladeira abaixo

(a partir daqui, os diálogos se tornam cada vez menos compreensíveis. Então, serão omitidos a menos que sejam absolutamente necessários. Nesse caso, eu explicarei mais ou menos o que queríamos dizer).

Agora, estávamos em uma zona conhecida. A Queen Street é uma rua frequentada por hipsters. Isso significa bares diferentes, não muito caros, boa comida, hippies vendendo artes das calçadas e jovens vestidos de publicitários caminhando de um lado para outro. Havia vários bares que já havíamos ido e dessa vez não iríamos cair em uma roubada.

Aproveitamos também para comer alguma coisa gordurosa. A escolha óbvia foi um poutine, o prato tradicional do Canadá. Trata-se de uma porção de batata frita coberta com gravy (um molho à base de caldo de carne) e curds (a explicação rápida é que é uma espécie de queijo coalho bem fresco). Calórico o suficiente para baixar um pouco o nosso nível de álcool.

Poutine. Arquivo pessoal.
King Street. Arquivo pessoal.

A próxima parada foi King, que ficava na rua homônima. Assim como Queen Street, essa era uma rua boêmia. Mas, ao invés de hipsters, King Street era frequentada por endinheirados. Sabendo que dessa vez não iríamos fugir de gastar uns dólares a mais por um pint, eu e Abood fomos em um bar já conhecido, o Beerbistro. Não que fôssemos clientes frequentes do local, não tínhamos nem roupa para estar lá (entramos vestindo calças jeans e moletom, enquanto o bar estava abarrotado de ternos). O que acontece é que eles têm uma belíssima carta de cervejas e era um bar bem recomendado na cidade. Assim, um dia nos demos a ousadia de tomar duas cervejinhas por lá. Hoje, acabamos sendo ousados outra vez.

Quando saímos, percebemos que o álcool já estava chegando mais forte. Estávamos exatamente na metade do caminho e cada vez mais otimistas. Talvez fosse a coragem dos bêbados, mas o importante era a vontade de seguir em frente. E assim fomos para a estação mais a sul da cidade e que dividia a linha amarela ao meio, Union.

Essa é a estação mais próxima das arenas esportivas da cidade, assim como de alguns locais de grandes shows e, principalmente, da CN Tower, a construção que é marca da cidade. Isso também significa bares caros. Mas, quanto mais bebíamos, menos nos importávamos com isso.

Fomos em um bar de esportes bem perto da Union Station e, ao menos, havia mais gente usando jeans e moletom. Também pedimos uma porção de picles fritos, o que pode soar estranho, mas é um dos melhores petiscos para se comer com cerveja. Mais do que nunca, era importante comer frituras e encher as veias de gordura para conseguir controlar o avanço do álcool. Já estávamos abordando a bebedeira com uma estratégia de guerra.

Os dois soldados marcharam para os bares seguintes, cada vez mais cambaleantes. as estações de St. Andrew e Osgoode ficavam nas ruas King e Queen, respectivamente, assim, o estilo dos bares eram os mesmos das estações homônimas. St. Patrick ficava do outro lado da Dundas Street, a mesma da praça. Também era dominada por lojas e bares caros, mas conseguimos encontrar um local mais barato com dois minutos de caminhada a mais. Queen’s Park beirava o parque de mesmo nome e a University of Toronto, a maior da cidade, cheia de universitários beberrões. Assim, foi fácil encontrar um bar barato. Museum ficava perto do Royal Ontario Museum, uma bela peça de arquitetura, mas um pouco vertiginosa depois de dezessete pints. Como a estação também ficava perto da Universidade, conseguimos outro bar barato. A mesma coisa aconteceu em St. George, a última estação rodeando a University of Toronto.

Royal Ontario Museum. Arquivo pessoal.

Na seguinte estação, Spadina, decidimos ir ao Madison, um pub onde sempre íamos, assim como vários estudantes da nossa escola. Era um local barato e conhecido e a princípio parecia uma boa ideia. Mas, depois de encontrar alguns amigos por lá e não conseguirmos falar coisas com muito sentido, a ideia já não pareceu muito interessante.

Outro problema é que o Madison é gigantesco. Ele foi feito dentro de uma antiga mansão e tem vários ambientes divididos entre três andares e um subsolo. Tudo isso ligado por várias escadas que eu nunca entendi para onde iam. Então, resolvemos beber no último andar, que normalmente era mais vazio e não conseguimos encontrar a saída facilmente. Por isso, entre descer uma escada e subir outra, acabamos encontrando vários conhecidos que, também bêbados, puxavam assuntos meio sem sentido. Como também dávamos respostas desconexas, de uma estranha maneira, a conversa acabava fazendo sentido. Mas, também acabamos perdendo algum tempo e tínhamos pouco mais de uma hora para terminar as três estações seguintes.

O sprint final

Vamos aos desafios. O primeiro era que as próximas estações já eram um pouco mais distantes e, assim, teríamos que tomar o metrô, que funcionava até a 1:30 da madrugada. Ou seja, como já era quase meia noite e meia, teríamos mais ou menos uma hora para completar as duas estações seguintes (incluindo tomar os metrôs, encontrar os bares e tomar as cervejas) e estar de volta no metrô para a última estação. Um agravante era que, como já estávamos consideravelmente cambaleantes, iríamos atrasar ainda mais. Teríamos que compensar tudo isso tomando cerveja mais rápido, o que não seria nada fácil àquela altura.

O segundo desafio era que a nossa dicção já não era a melhor e, no Canadá, os funcionários de bares e restaurantes não servem álcool a quem está visivelmente embriagado. Como eu tinha uma técnica para fingir segundos de sobriedade quando estava bêbado, disse a Abood que pediria as cervejas a partir de então.

Arquivo pessoal.

Tomamos o metrô de Spadina e chegamos a Dupont. Como a rua onde ficava a estação era bem boêmia, não teríamos problemas para encontrar um bar. Buscamos um que estivesse um pouco cheio para que o plano tivesse mais chances de funcionar (quanto mais gente, menos atenção o bartender vai prestar em nós). Chegamos no balcão e eu disse a Abood para ficar do meu lado mas olhando para trás, para que o atendente não visse a sua cara embriagada. Então, me apoiei no balcão, abaixei ligeiramente a cabeça e continuei olhando fixamente para o bartender, assim eu conseguiria disfarçar os olhos de peixe morto sem deixá-los arregalados. Escolhi a cerveja com o nome mais fácil e ensaiei a frase mais curta para pedí-la “two pints of Bud, please”. Por último, e mais importante, apoiei o dinheiro no balcão com uma gorjeta visivelmente gorda para tentar arrancar o máximo de boa vontade de quem fosse me atender.

O bartender veio até mim e, com um movimento de cabeça, perguntou o que eu queria. Falei confiantemente a frase ensaiada enquanto empurrava o dinheiro com os dedos. Funcionou.

Bebemos a cerveja rapidinho e tomamos o metrô para St. Clair West, que também ficava em uma rua boêmia. Repetimos a mesma estratégia e, à 1:20 da manhã, estávamos tomando o metrô para a última estação.

Esses quase quarenta minutos até pararem de vender cerveja na cidade seriam importantes, já que Eglinton West ficava em uma região comercial e a maior parte do que estava aberto por lá eram fast foods que não vendiam cerveja. Mas, depois de caminharmos um pouco pelas ruas ao redor, encontramos um dive bar aberto.

Dive bars são bares de bairros, normalmente pequenos e com poucas mesas. Pedimos as nossas cervejas no balcão e fomos nos sentar. Apesar de o bar estar um tanto vazio, não tive receio de nos negarem cerveja. Eu imaginava que esses bares meio detonados não seguiam a lei tão firmemente. Afinal, se seguissem, teriam que rever muitas coisas. Então, talvez a confiança extra tenha ajudado.

Falamos algumas coisas que agora não fazem muito sentido e, com aqueles copos um pouco mal limpos, brindamos o fim de uma aventura. Pedimos um pouco de água para ajudar na viagem de volta para casa e a partir daí não lembro muito bem.

Epílogo

No dia seguinte, acordo em minha cama. Não sei como cheguei, mas cheguei. Pego o celular para ver se Abood também tinha chegado quando leio uma mensagem sua de madrugada dizendo “estou em casa”. Levanto para ir ao banheiro. A minha cabeça está estourando e o meu estômago parece estar no pior dia da sua história.

Vou até a cozinha com os olhos meio fechados para evitar a luz do dia que incomoda como um refletor apontado direto para a minha cara. Encho um copo com gelo e água, espero alguns segundos e viro tudo. Repito o processo mais uma vez enquanto tomo algumas Aspirinas. Para terminar, dissolvo um antiácido em um último copo de água, bebo e volto para a cama. Cubro a cara com o cobertor. Não penso muito nos detalhes da noite anterior. Agora, só quero dormir. Talvez… não sei… Mas, talvez, eu devesse começar a ignorar as minhas ideias mais idiotas.

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