Meu primeiro intercâmbio

Como uma experiência me tornou maior que a Lua

Luanna Benfica
Revista Passaporte
7 min readMar 30, 2018

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Saber que você está prestes a realizar um sonho, da um frio na barriga!
A sensação de felicidade do “agora vai”, misturada com a insegurança do
“e agora”.

É engraçado planejar algo durante muito tempo, e na hora de realizar, se questionar se estava pronta para fazer isso. Parecia simples!

No meu caso, só pareceu mesmo!
Depois que tudo já estava certo para o meu intercâmbio, eu me desliguei da situação. Sem ansiedade, sem planos, sem euforia. Isso tudo por conta do medo e da insegurança que estavam me rodeando.

Eu iria para outro país, sozinha, onde eu não conhecia ninguém, odiava o idioma e ficaria na casa de uma família que não era a minha.
Fiquei receosa com essas situações. Meus pulos de alegria se tornaram noites frias e lodosas em posição fetal.

Hoje estou aqui, feliz por ter superado tudo que me barrava. Todo o medo de estar sozinha e toda a insegurança de falar inglês. Não foi fácil, mas foi mais fácil do que eu imaginava.

A experiência de fazer um intercâmbio é tão única, que penso que todos que tiverem a oportunidade de embarcar nessa aventura, devem fazer.
É claro que não é tão simples. Ele não vem de mão beijada. Requer um planejamento financeiro.
Eu abri mão de várias coisas durante um ano, mas isso não me incomodava porque eu queria tanto fazer o intercâmbio que eu só pensava nas coisas que eu poderia fazer quando chegasse lá.
Quando eu comecei a pesquisar, eu estava no auge da empolgação.
Mandei e-mails para várias agências de intercâmbio de São Paulo e comecei a fazer cotações.
Eu sabia que queria ir para o Canadá!
Eu fechei meu intercâmbio com a Experimento. Não foi a agência mais barata, porém foi a que me passou mais segurança.
Conversamos muito sobre as coisas que eu gostava, as que não gostava, falamos sobre as escolas, as famílias e a assistência que iria ter, indo para outro país. Eles me ajudaram a escolher Vancouver e a escola que eu iria estudar, a EC Vancouver.

A Yany, minha consultora, me deu toda a atenção. Sempre tirava minhas duvidas por e-mail, por telefone e muitas vezes pessoalmente.
Dias antes da viagem, eu tive minha última reunião, onde ela me explicou tudo novamente e me falou sobre como essa experiência é incrível e tinha que ser vivida da melhor maneira possível! Isso foi muito importante para mim que era intercambista de primeira viagem.

Eu sempre tive um bloqueio muito grande pro inglês. Não gostava de falar!
Na verdade, eu tinha medo de falar!
Eu não esperava voltar para o Brasil fluente em inglês. Eu esperava voltar sem medo de falar. Sem essa insegurança que eu tinha antes de ir.

“Meus pulos de alegria se tornaram noites frias e lodosas em posição fetal.”

A minha chegada

Minha primeira semana em Vancouver foi muito difícil.
Na casa moravam os pais e dois filhos. Um de 13 anos e outro de 16 anos. Logo na primeira manhã eu fiquei enrolando horrores na cama tentando me preparar para conversar com eles.
A host mother era muito simpática, mas falava muito rápido e de dez palavras que ela dizia, eu só conseguia entender quatro. A casa tinha algumas regras. Nada demais. A mais difícil pra mim foi que o tempo máximo no banho era de cinco minutos. Eu achei que tivesse entendido errado, mas não. Eram cinco minutos por banho!

Eu já pensava em como iria lavar meu cabelo em cinco minutos! Não dava!
Em dias de lavar cabelo eu demorava um pouco mais, confesso.
Não andar de sapato pela casa, era outra regra. Nem mesmo de chinelo.
Tirando essas duas regras, o restante foi tranquilo. Eu passava pouco tempo com a família, mas quando estavam lá, eram simpáticos comigo.
Eu não me sinto à vontade na casa de outras pessoas, então não demorou muito pra eu ficar desconfortável. Não por causa deles! Por minha causa mesmo.

Homestay ou república estudantil?

“Mas, se você não gosta, por que não ficou em república estudantil?”

Simples!
Por ser meu primeiro intercâmbio, eu achei que seria melhor pra mim. Além do mais, é bom viver um pouco de cada experiência.
Agora que eu já fiquei em homestay, sei que no meu próximo intercâmbio não quero ficar. Mas isso vai de pessoa para pessoa.
Tenho amigos que já ficaram em homestay e ficariam de novo. O importante é a experiência!

A Escola

Meu primeiro dia de aula foi normal comparado com a dificuldade que eu estava esperando. Como eu disse acima, escolhi a EC Vancouver como instituição de ensino e não me arrependo.
Para quem pretende estudar e trabalhar, eu não sei se é uma escolha legal.
A EC tem um ótimo ensino, e as aulas são bem dinâmicas. Os professores são atenciosos e na minha turma nós fazíamos as atividades em dupla. Podíamos mudar o par a cada dia, e assim sempre estávamos nos comunicando com todos os alunos.

As aulas durante a semana são intercaladas. Três dias da semana a aula é no período da manhã, e dois dias a aula é no período da tarde.
Para quem quer trabalhar, talvez seja um pouco mais complicado.

A escola é o melhor lugar para se fazer amigos! É incrível!
Todos querem conhecer um pouco mais sobre a cultura dos alunos de países distintos. Querem falar sobre a cultura deles, compartilhar histórias e claro treinar o inglês!

Não fique em um grupo de brasileiros!! Não é por maldade!
Acontece que você esta alí para aprender inglês, e querendo ou não, se você está com pessoas do mesmo país que você, vocês vão falar na língua nativa.
Se você estiver com pessoas que não falam o seu idioma, você vai se virar nos trinta e dar um jeito de explicar o que você quer dizer. Funciona muito bem e te ajuda muito mais.
Não estou dizendo para não ter amigos brasileiros! Estou dizendo para não fazer apenas amigos brasileiros, faça vários amigos de muitos países e juntos pratiquem o inglês.

As Amizades

Eu fiz uma amiga coreana que irei levar para a vida toda!
No começo, o inglês dela era bem difícil pra mim, e tenho certeza que o meu também era bem difícil pra ela.
Fomos nos entendendo e sem dúvidas nos ajudamos muito! Era uma maneira simples de praticar o inglês!
Muitas vezes eu me senti sozinha, principalmente quando estava chovendo. Parecia que toda cidade se escondia em baixo do guarda chuva e só era possível ver o queixo das pessoas.
O horário era muito diferente do Brasil e era sempre difícil. Mas com a Ye Eun tudo ficou mais fácil. Se for fazer um intercâmbio, não tenha medo de fazer amigos. Levarei todos que conheci no coração, mas a Ye Eun com certeza foi um presente de Deus nessa viagem!

Pude perceber que…

Depois de um mês fora eu passei a ver muitas coisas com outros olhos!
Você esta ali, em uma cultura diferente da sua, longe de todos que você ama, e no fundo sabemos que é necessário viver essas experiências tanto para o pessoal como para o profissional.
Eu tiro meu chapéu para as pessoas que conseguem ficar um ano ou dois fora do país. Um mês pra mim ao mesmo tempo que foi incrível, todos os dias eu senti vontade de voltar pra casa.
Eu senti falta de muitas coisas além do namorado, família e amigos.
Eu senti falta da comida! Tempero brasileiro é muito sensacional! No Canadá existe uma diversidade muito grande de imigrantes. Lá tem comida de todos os lugares do mundo!

Tive a honra de aprender muito com eles!

A Comida

Na residência que eu fiquei, era incluso café da manhã e jantar.
Na primeira vez que a minha host mother fez macarrão sem molho foi muito estranho!
Não era alho e óleo! Era macarrão cozido!!

Acho que foi o mais estranho pra mim. Mas em um mês, eu consegui me acostumar, e no fim estava comendo tranquila.
Eu não achei a comida lá cara, e tentei comer a maior diversidade de alimentos possível. Então eu comi comida japonesa, coreana, chinesa, tailandesa, mexicana, italiana e claro, hambúrguer e pizza!
Pelo que sei, só tem dois restaurantes brasileiros em Vancouver. Eu não fui porque estava afim de experimentar tudo que conseguisse.
Mesmo não tendo gostado de tudo, foi uma ótima experiência. Então, se for para o Canadá estudar ou passear, esteja preparado para culinária com um tempero bem diferente do Brasil! Ouse muito e experimente as comidas que você não têm costume de comer.

A comida mais apimentada da minha viagem. _Coreana_

Conclusão

Eu sempre soube que fazer intercâmbio seria uma experiência incrível! Sabia o quanto isso iria agregar na minha vida. Não só pelo idioma, mas por tudo que eu iria vivenciar, tudo que eu iria experimentar, por todos os lugares que eu iria conhecer. É único!

Eu estava com medo, estava insegura, e agora me sinto extremamente feliz por ter ido sem deixar que esses sentimentos me barrassem.
Apenas fui! Com a cara e com medo! Tudo saiu muito melhor do que eu tinha imaginado.
Digo novamente! Se você tem a oportunidade de fazer um intercâmbio, se esforce o máximo que puder e faça!! Seja para o Canadá ou para qualquer lugar do mundo! A experiência será inesquecível!

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Luanna Benfica
Revista Passaporte

Aquariana, apaixonada por fotografia, viagens e culinária local. 🤝