Angela Mansim
Revista Passaporte
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2 min readApr 23, 2018

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Hora certa é prisão que não nos deixa partir. Hora certa é invenção que jamais arrisca o presente. Hora certa é jovem, bela & boba e promete futuros para nunca cumprir.

Certa pois é sempre a hora de ir.

Engane-se. Engane-se mesmo. Até mesmo conforto é invenção. A sensação de segurança é invenção. Por fim, não há o que impeça de ir e fazer. Por fim, é tudo só medo.

A preguiçosa hora certa? As frágeis expectativas dos outros? O mesmo medo de falhas? O desconfiado orgulho? A inocente promessa de futuro? Todos fazem acreditar que há algo a perder. Engane-se. Engane-se mesmo.

Para não temer pois é preciso partir.

Felicidade não espera. Felicidade não espera aposentadoria. Aposentadoria, sinto dizer, é mais invenção. Não se contente em viver a vida que você não quer hoje. Não se contente em viver a vida em duas semanas de férias ao ano.

Para felicidade pois decida ir.

Profissões não são. Pessoas podem ser. Podem ter qualidades para realizar o que quiserem. Ter vinte e cinco profissões diferentes em sete anos. Ser vinte e cinco profissões em sete anos. E porque não.

É possível fazer pois o que se quiser ser.

Venda tudo. As roupas, os móveis, os apegos. Venda as raridades, os presentes, as notícias. Venda o sofá, venda as malícias. Venda os copos, as taças, as carícias. Venda a comodidade, venda as panelas.

Vá. Realize. Faça as malas. Feche a casa. Saia do emprego. Entregue as chaves. Dance sozinho enquanto doa os livros. Devolva os presentes sumidos.

É preciso ter menos coisas.

É preciso tomar decisões quando se quer viver o incomum.

Não existe hora certa.

Façamos nossas as palavras de Amyr Klink: “Pior do que não terminar uma viagem, é nunca partir.”

Forbidden City, Beijing — China.

Instagram todo meu.

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Angela Mansim
Revista Passaporte

Designer de textículos. Livre & maluca, amém. Instgrm: @angelamansim.