#Ninguém volta igual: Bahia.

Bruna Próspero Dani
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Published in
3 min readMay 5, 2018

Fragmentos de histórias de um mochilão improvável por terras baianas.

“Quando eu penso na Bahia nem sei que dor que me dá

(…) se eu pudesse qualquer dia ia de novo pra lá”

Não foi a primeira, nem segunda ou terceira vez, mas para mim, a Bahia sempre precisa ser visitada novamente. Sempre. Não importa quantas vezes, ou o quanto quero conhecer novos lugares, a Bahia sempre tem uma coisa nova para dar.

Dessa vez, foram dezessete dias de 161,3 km de caminhada em areia fofa ou em trilhas íngremes e de muitas pedras. 222.963 passos acompanhados de paisagens incríveis e pessoas do bem.

408 horas divididas entre o norte, o sul e o interior da Bahia.

Começamos em Boipeba (norte), seguimos para Chapada Diamantina (interior baiano) e finalizamos no sul desse estado ensolarado, rítmico e sorridente passando por Porto Seguro, Trancoso e Caraíva.

“Mas ninguém faz esse roteiro” , cansamos de ouvir.

“Mas a gente quer fazer”, não cansamos de responder.

Não seguimos rotas prontas, mas talvez tenhamos seguido a lua. Ou foi ela quem nos seguiu?

Primeiro ela nos sorriu lá em Moreré e depois veio grande e volumosa nascendo aos poucos no mar da praia do Espelho.

Lua cheia em Caraíva

Três voos, alguns barcos, lanchas, catamarãs, ônibus e vans. Algumas noites viradas, risadas de doer a barriga, pé na areia, mãos em pedras e histórias, muitas histórias de guias que nos mostraram as cachoeiras mais bonitas de Lençois e arredores.

Nos nossos planos apenas as datas dos voos: Ida — Salvador — Porto Seguro – Volta.

É que ela não cabe em planos muitos redondos. Precisa ser sentida e ser vivida no tempo dela. Nunca está atrasada. Tem sempre um cheiro pra te dar.

Tem sempre uma carona inesperada e uma solução desejada para passar mais um tempinho em alguma ilha pouco conhecida. Sempre um forró ou um Caetano de fundo, sempre apimentada e calorosa.

Depois de uma temporada por lá, não tem como voltar igual, não.

De fato: são alguns roxos a mais, arranhões pela perna, esmaltes a menos, milhões de pontas duplas novas, um encardido no pé que não sai nem com reza brava, um tom a mais na pele, algumas pintas novas e roupas a menos.

Mas não é isso que fica nem que transforma de verdade.

O que transforma é conhecer gente de todos os cantos do Brasil e do mundo encantados pelo estado. É abraçar o desconhecido, comer um prato novo e dormir na rede. É embarcar em uma aventura desconhecida com seus amigos de anos, de semanas, de um dia. É cantar o mesmo forró durante todos os dias — com empolgação — mesmo sem saber toda letra. O que transforma é se permitir fluir como a Bahia e sentir o quanto isso é bom.

É aceitar os imprevistos e perceber que tudo tem um motivo, mesmo que essa seja a frase mais clichê do século.

É entender que a Bahia é um estado de espírito. “Se avexe não, meu rei, por aqui não tem tempo ruim.”

Ninguém Volta Igual foi o que eu ouvi antes de embarcar para a minha “primeira” viagem. E, de fato, a gente sempre volta um pouco, ou um tanto diferente depois de qualquer roteiro. Não importa o destino ou quantidade de diárias. Escrever sobre elas é uma forma de reviver momentos, tirar frases e parágrafos soltos do papel e incentivar novas aventuras por aí.

E você, algum lugar já te mudou? Conta aí!

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