#Ninguém volta igual: Havaí

Tentativa de um guia não-clichê sobre o paraíso.

Bruna Próspero Dani
uma-maleta-de-mão
6 min readMay 28, 2018

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“Tá vendo esse pontinho aqui no meio do nada?”

Jerry Lee nos questionava apontando para o meio do oceano pacífico em um enorme mapa-múndi.

“Pois bem. Nós estamos aqui.”

Jerry é japonês e, como muitos conterrâneos, foi morar em terras havaianas ainda bem jovem.

Ele era o coordenador dos alunos da Global Village e dava mais dicas de cervejas e passeios do que qualquer outra coisa.

Acho que ele sempre faz questão de sinalizar a exata localização dos alunos recém chegados ao “Aloha State”, pois a maioria chega por lá ainda sem se dar conta de que o arquipélago fica bem no meio do nada.

Sabe como é, né? Um pessoal easy-going…

Jerry tratou logo de avisar também sobre os possíveis terremotos, roubos de bicicleta e orientou para que comprássemos cadeados, o que ninguém esperava. Ser roubado no Havaí? Que roubada!

Minha primeira compra em terras havaianas, aliás, foi uma bicicleta daquelas que não possuem freios na mão e sim a pedalada para traz. E é claro que, por conta disso, já levei um tombo logo no segundo dia. Demorei uma semana para me acostumar com o frenesi de Honolulu. Mas, vale a pena se locomover de bike por lá, mesmo sem grandes estruturas para isso.

Nunca imaginei também que em Waikiki não teria uma ciclovia, então me jogava no trânsito atrás dos meus amigos suíços (bem mais acostumados com as bikes do que eu) e corria para a calçada sempre que dava, mesmo com medo da polícia me multar. Imagina ser multada nde bike no Havaí?

Mas não se engane, apesar de Waikiki ser cheia de concreto e até urbanizada, tudo lá respira natureza.

Sim, lá em Waikiki a orla é cheia de resorts cinco estrelas e a Kalakaua Avenue repleta de shoppings e lojas como Gucci, Tiffany e claro Quicksilver, Billabong, Rip Curl e Roxy, que por lá se igualam a magnitude da Louis Vitton. Ufa!

Mas de qualquer um desses pontos é possível enxergar uma montanha, um vulcão, um pedacinho do céu tingido pelo pôr do sol.

Mas se você ainda precisar de mais natureza vá para North Shore e fique esperto para encontrar o Kelly Slater ou o Jack Johnson a poucos centímetros de você. Vá para a costa leste também e se encante com a cor do mar de Kailua e Lanikai.

Pipeline/North Shore. Foto: Cibele Oliani

Dê uma dispensada nos mapas e, ao se perder, você poderá encontrar uma fazenda de abacaxis, casinhas de madeira e comida havaiana de verdade.

A ilha de Oahu por si só já é linda e cheia de aventuras para explorar, mas lembre-se que o arquipélago é formado por 07 ilhas: Oahu, Big Island, Maui, Kauai e Molokai, Lanai e Niihau.

Essa última não pode ser acessada, mas se você tiver tempo visite pelo menos alguma outra. As sensações e paisagens são completamente diferentes.

O que eu posso te dizer é que você deveria se deixar levar pela estrada de Hana em Mauí e dar de cara com a Red Sand Beach, uma praia que deveria estar em todas as listas intituladas como "As praias mais lindas do mundo".

Red Sand Beach.

Em Maui também vale a pena nadar com tubarões e ver o sol se pôr do topo do vulcão Haleakala.

Pô do sol em Haleakala, Maui.

Em Big Island, a maior ilha do Havaí, eu te aconselharia a chegar pelo aeroporto de Kona (você pode descer no aeroporto de Kona, que é o lado do vulcão e que por isso apresenta paisagens formada por ele, ou Hilo que é uma parte mais tropical). Chegar em Kona é uma sensação inexplicável e com uma energia que vêm do centro da terra, que só indo para entender.

E experimente ir para lá com poucos planos.

Me permitir ir sem plano nenhum, foi o que me proporcionou experiências inimagináveis e inesquecíveis. Frio na barriga? A cada segundo, claro…

Ter que dormir na rede de um hostel que estava com as camas esgotadas não é nada mal para quem gosta de ver as estrelas. E isso são coisas que você só consegue sendo, digamos assim, não planejado (para não dizer desorganizado).

"Inexplicável, inimaginável, inesquecível." Me desculpem, mas é que é bem difícil falar de um lugar que você se apaixonou sem ser minimamente clichê.

Mas voltando ao assunto: a única coisa que você realmente deveria ter de se preocupar em Big Island é estar com roupas para todos os climas. Em um único dia você pode ter a sensação de frio polar, ao subir ao subir o Mauna Kea (maior montanha do mundo contando à partir da sua base submersa). Depois sentir o calor do centro da terra ao visitar o vulcão ativo Kilauea e depois curtir uma praia com clima tropical.

Mauna Kea

Mas a maior dica para quem vai ao Havaí é viver realmente o lugar. E para isso, separei algumas coisas importantes:

Como repeti muitas vezes durante esse texto, não faça roteiros muito redondos antes de partir para essas ilhas.

E não deixe de utilizar os ônibus que sempre estarão atrasados, mas sempre irão te receber com um “Aloha, welcome aboard”. Você logo vai entender o “I’m not late, I’m on Hawaiian time”. Não esqueça de provar um Mai Tai (bebida típica de lá) e uma cerveja e um café feitos em Kona. Não perca a oportunidade de conhecer um autêntico havaiano e conversar com ele.

Não os agradeça com "thanks" e sim com "mahalo".

Fique atento para ver alguns arco-íris diariamente. Não ligue para as baratas que aparecem todas as noites e saiba que pelo menos por lá não existem cobras. Vá em alguma balada local (não aquelas cheia de turistas) e curta um reggae havaiano. Aliás, conheça as bandas de lá. Mas, curta também uma segunda-feira no turístico Lulu’s com driks a um dólar.

Não fique preso às praias mais conhecidas e citadas nos blogs de viagens. Pergunte sobre os “Secret Points” e surpreenda-se. Vale até lugares proibidos. (Só não conta lá em casa). Ponto importantíssimo: Não se esqueça das cachoeiras e vulcões.

Secret Beach, em Oahu

Não deixe de viver um romance, mesmo que breve. Se tiver tempo, pode viver vários, inclusive. Não é a toa que o estado é cenário de muitas comédias românticas e palco de muitos casamentos reais.

Esteja aberto a reconhecer irmãos de alma. A ilha tem dessas coisas de promover esses encontros.

Reconheci as minhas.

Reserve alguns dias para ver o sol nascer e veja o sol se pôr T-O-D-O-S os dias. Acredite, nunca é a mesma cena, sempre tem um colorido diferente.

Lembre-se de viver e praticar o espiríto "ALOHA". Em terras havaianas e quando voltar, também.

E o mais importante de TUDO: Não deixe de jogar um colar de flores (chamado lei) para a estátua do Duke na Praia de Waikiki.

Diz a lenda, que todos que jogam um colar para ele voltam para lá.

Por via das dúvidas, é bom jogar logo uns cinco.

Garantido minha volta ao paraíso. Mahalo Nui Loa, Duke.

Ninguém Volta Igual foi o que eu ouvi antes de embarcar para a minha “primeira” viagem. E, de fato, a gente sempre volta um pouco, ou um tanto diferente depois de qualquer roteiro. Não importa o destino ou quantidade de diárias. Escrever sobre elas é uma forma de reviver momentos, tirar frases e parágrafos soltos do papel e incentivar novas aventuras por aí.

E você, algum lugar já te mudou? Conta aí!

E se você gostou, clica nas palminhas (elas vão de 1 a 50) e me ajuda a saber o que está legal ou não por aqui. ;)

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