Angela Mansim
Revista Passaporte
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2 min readOct 25, 2021

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A partida é sempre tão contra-intuitiva. O corpo só quer conforto. A alma só quer segurança. A mente só não quer pensar. Temos tudo contra a mudança e tudo a favor de continuar com as pernas para cima no sofá.

A partida é dolorosa. Por mais feliz que se esteja, dá-se as rédeas da vida para o bom e velho acaso. Não há como controlar um ambiente desconhecido. O que nos resta é apreciar a nossa tão evitada e covarde vulnerabilidade.

A partida é o marco. Só existe uma única certeza, a de que tudo irá mudar a partir de lá. Não serás mais o mesmo e, por mais que te retornes, nada mais será igual. Partir é desapegar do que passou.

A partida é necessária. Apreciamos os mais aventurosos, premiamos os exploradores e veneramos os audaciosos. Louvamos porque sabemos que não são normais. Sabemos que estão perseguindo caminhos contra-intuitivos, dolorosos, marcantes, porém, necessários. Alguém há de partir.

Il faut aller voir. Alguém precisa ir ver com os próprios olhos. Alguém precisa partir para que muitos outros partam.

Não há porque subestimar e embelezar a partida. Partir não é gostoso e jamais há de ser. Mas chegar, onde quer que seja, faz valer a partida. Confiar na intuição, sentir a dor e desejar o marco.

Partir é necessidade para poder chegar.

Partir é o primeiro passo.

Não importa o que aconteça, nunca deixe de partir.

Do conforto de Bali, Indonésia para a desconhecida Istambul, Turquia.

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Angela Mansim
Revista Passaporte

Designer de textículos. Livre & maluca, amém. Instgrm: @angelamansim.