O caminho sem volta que é viver a vida

Luís de Magalhães
Revista Passaporte
Published in
2 min readMay 14, 2023

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Em algum momento da vida, do nada, a gente para para pensar em como chegamos onde estamos. Quais decisões nos levaram a estarmos exatamente onde estamos.

Esse é um exercício meio louco, porque, embora um conjunto de decisões nos levaram a estar onde estamos, foram poucos os momentos chave que mudaram de fato nossa vida. Os pontos de inflexão na nossa história que separaram o antes disso e o depois disso.

Pra mim, isso foi lá em 2013. E escrevendo este texto, acabo de me dar conta que foi há exatos 10 anos.

Enfim, lá em 2013 eu tomei uma decisão diferente do que a maioria dos meus amigos de 23 anos: decidi viajar sozinho para fora do país. Conheci em 15 dias alguns pontos da Argentina e do Uruguai.

Aí está. Esse foi o meu momento antes-depois. Um deles, pelo menos. Antes dessa viagem, minha vida era uma. Depois, outra.

Assim como toda decisão na nossa vida, foi um caminho sem volta. Para o bem e para o mal.

Depois disso, foram inúmeras viagens, mochilões, países, hosteis, trilhas, templos, igrejas, línguas faladas, experiências.

Mas para mim, o que mais moldou o meu estilo de vida e quem eu sou pessoalmente e profissionalmente foi o fato de pertencer a uma comunidade internacional. Lá atrás, ficando em hostel. Hoje, sendo nômade digital.

A maravilha de poder falar fluentemente três línguas me possibilitou a não somente entrar nessas comunidades, mas me identificar.

Enquanto com brasileiros as conversas são muito direcionadas para trabalho, família, política, festas, memes, etc., nessas comunidades a conversa flui de uma maneira mais natural pra mim. São assuntos mais interessantes, sobre cidades, experiências, onde ir e não ir, histórias de vida.

Voltando para o Brasil, isso faz uma falta muito grande. Como ainda somos um país muito fechado para o turismo internacional, essas comunidades são bem raras — no Rio e algumas no sul do país.

É muito difícil para mim me entreter falando de BBB ou de futebol por horas e horas. Ou sobre filhos e comprar uma casa. Eu não me importo sobre essas discussões, nem para o bem nem para o mal. O problema é que essa indiferença leva ao tédio e o tédio à inquietude.

E aí entramos num ciclo de “não parar quieto”. Sim, isso ninguém me contou lá atrás, quando comecei a viajar.

Como tudo na vida, tentar viver a vida ao máximo tem seu preço.

Baía de Jeffreys

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