Rauðasandur — Oeste islandês

O enriquecimento de quem parte

o que aprendi com o intercâmbio de jovens do Rotary

João Pedro Della Vecchia Gottardo
Revista Passaporte
Published in
2 min readMar 17, 2018

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Paul Theroux, escritor americano de literatura de viagem, afirmou que viajar é um ato de desaparecimento, defendendo a importância de se resguardar e de tirar um tempo para si próprio. A reflexão precisa ser feita, viajar é sim desaparecer, mas é só sumindo que a gente se encontra.

Quando se fala em PIJ (Programa de Intercâmbio de Jovens do Rotary), acima de tudo, falamos de autoconhecimento. Isso porque as situações às quais somos expostos durante o período, são capazes de nos desafiar, e promovem assim, crescimento pessoal, visual e experiências perenes. Por mais clichê que possa parecer, fazer um intercâmbio é ampliar a visão que temos de nós mesmos.

Imprevistos são atemporais. Isso é um fato. E não importa o quanto estejamos preparados para enfrentá-los, eles vão acabar balanceando a nossa rotina. Estar vivendo em outra família, longe de casa, com uma sociedade que se organiza de forma diferente, aumenta a probabilidade de eventos anormais em escalas gritantes. Sendo assim, um viajante aprende a se moldar conforme a situação ordena. Um jovem que participa do PIJ retorna para casa apto para enfrentar situações adversas.

Cada país é ímpar, portanto, faz com que o nível de tolerância e maleabilidade pessoal sejam trabalhados no cotidiano. A variedade de valores promove o desconforto, é inevitável. Mas quando somos o diferente, nós quem devemos promover a mudança. Compreendendo as diferenças e a assimetria das pátrias promovemos uma supressão do nosso etnocentrismo.

Todavia destaco, que possivelmente a principal dadiva do Intercâmbio de Jovens do Rotary, é a descoberta de novas características pessoais. Exploramos o nosso autoconhecimento e perdemos, por vezes, nossas melhores qualidades. Uso como exemplo a comunicação, no caso da não fluência da língua. Nesse processo, naturalmente, passamos a identificar características na nossa personalidade que antes eram obliteradas por outras mais fortes. Por conseguinte, nos tornamos seres mais confiantes e suscetíveis as vicissitudes da vida.

Viajar é um dos melhores investimentos que se pode fazer. Pois além de promover o nosso desenvolvimento como ser humano, nos enriquece visualmente. Somos sobrecarregados por boas lembranças e por paisagens antes impossíveis. Amyr Klink, um navegador brasileiro diz que: ‘’Um homem precisa viajar, por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros e tevês, precisa viajar, por si, com os olhos e pés, para entender o que é seu …”. E realmente, foi com o intercâmbio que eu pude entender o que me pertence verdadeiramente. É viajando que a gente se encontra e é só encontrando-se que somos felizes.

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