@Parque Güell
O lugar fica no alto de um penhasco, ou assim deveria ter sido séculos atrás. Hoje toda essa área é construída e as calçadas ao seu entorno são verdadeiras escadarias. Lá de cima vê-se o parque rodeado pela cidade de Barcelona que se avista por todos os lados dos vários cantos. Uma silhueta em grande parte esculpida pelo próprio Gaudí.
Já havia estado aqui antes. Sempre uma emoção visitar mais essa fantasia louca da aristocracia rica e extravagante catalã. Um verdadeiro parque temático.
Difícil saber aonde ficar e se aquietar nessa paisagem de imagens, formas e cores exuberantes. Nada é retilíneo, os caminhos sinuosos, os prédios, janelas parecem feitos de massa de modelar por uma criança genial. Impossível não sorrir ante as surpresas de um colorido banco interminável, todo torcido feito uma serpente. Um enorme lagarto coberto de ladrilhos nos assusta logo na entrada do parque.
Uma exposição nada linear de texturas, mosaicos, colunas, telhados pontudos.
Muita gente, muita gente mesmo subindo e descendo as ladeiras.
Essa genialidade extravagante de alguns espanhóis, evoca algo de primitivo e belo de nossa infância. Dali, Picasso, Gaudí, mas também Rubens, El Grego e Velasquez ainda nos provocam e nos desconstroem. Esse lugar é mais um monumento à nossa eterna capacidade de nos surpreender e nos encantar com nossa própria imaginação.
Lugares assim contam uma história, há que se prestar atenção.
Faz calor e estou exausto da caminhada, da subida do ponto de ônibus até a entrada do parque. Das enormes escadarias e caminhos internos. Da profusão de cores, salamandras, dos infinitos fragmentos coloridos de louças espalhados pelas paredes e murais que olho sem parar. Dos intermináveis turistas curiosos e barulhentos com suas pequenas descobertas. Viramos um bando de crianças exploradoras. Crianças de todas idades.
Preciso parar um pouco. Entardece.
Descubro que esse é um “highlight” da visita: ver o por do sol em Barcelona. Casais de todas as combinações e cores vão se acomodando no largo pátio que se abre para a cidade lá embaixo.
É final de outono. O tom laranja começa lá no horizonte e chega até nós. Percebo o ar frio. O burburinho finalmente se acalma. Os grupos se formam, se acomodam ao redor dos muros coloridos. Casais, pequenas tribos, os “loners”, tomam-se selfies sorridentes e tentam eternizar as emoções redescobertas.
Hora de recolocar a mochila nas costas e iniciar a descida.