Peru — Cusco

Luanna Benfica
Revista Passaporte
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7 min readSep 17, 2019

A cidade que precisa ser sentida.

A bandeira de Cusco é a de sete cores, que representa as cores Incas. (FOTO: Vitória Rocha)

Cusco é uma cidade completamente rústica, as casas são todas de tijolos e a maioria delas não têm pituras na área externa. Não é uma cidade rica de dinheiro, mas é milionária de cultura e isso é o que te deixa mais apaixonada por cada cantinho.
Lá eles falam três idiomas: Espanhol, Quéchua e buzina HAHAHAHA. Isso é real. O trânsito de lá é a maior loucura que já vi na minha vida. Quando o carro da frente pensa em parar, o de trás já esta com a mão na buzina. Eles passam com carro em lugares que parece não ter espaço nenhum. Fiquei impressionada em como eles conseguem dirigir lá, tem que ter uma manha e um reflexo muito bom. Os pedestres tem que ter coragem para atravessar a rua e muitos lugares não tem farol. Nem mesmo a faixa de pedestre eles respeitam.

Quando resolvi conhecer o Cusco, eu não esperava que fosse ter um misto de sensações e sentimentos tão grandes. Cada dia naquele lugar era uma surpresa.

HOSPEDAGEM

Nós reservamos um airbnb para passarmos os seis dias em Cusco, mas não saiu exatamente como planejamos.

O local não tinha água quente! Por essa a gente não esperava. O chuveiro saía três gotas por vez e estava tão frio que foi difícil tomar banho.
A proprietária foi ao apartamento olhar e não resolveu nada. No outro dia saímos 4h da manhã para fazer um passeio e quando chegamos por volta de meia noite e meia, não tinha água! Resolvemos então que não ficaríamos mais lá. No outro dia acordamos bem cedo e encontramos um apart hotel no bookin — Mirado Apart.
O apartamento era enorme, tinha água quentinha, as camas era bem confortáveis. O café da manhã estava incluso e as recepcionistas eram muito atenciosas. Até pediam comida pra gente para não errarmos o pedido.

PASSEIOS

A parte mais esperada da viagem!
Planejamos todos os nossos passeios aqui no Brasil. Fizemos várias pesquisas de agências de passeios. Olhamos blogs, grupos de facebook, pedimos dicas para pessoas que já tinham ido e com isso fizemos nosso roteiro.

Não sabíamos quão caro é conhecer Machu Picchu, porém vale muito à pena.

Ao contrario da maioria, nós não fechamos os passeios quando chegamos lá. Fechamos aqui do Brasil com o Fermin, um guia que nos foi indicado. Ele fez o orçamento do nosso roteiro, comprou todos os nossos ingressos e nós acertamos tudo lá no dia que chegamos.

Machu Picchu

A primeira coisa que eu queria dizer é que lá é MUITO QUENTE!
Conhecer Machu Picchu estava na minha lista há muito tempo, e quando eu optei por ir para Cusco, foi o primeiro lugar para qual pensei em conhecer. Não só por ser uma das sete maravilhas do mundo, mas porque eu queria sentir a energia do lugar e ouvir as histórias vendo com meus próprios olhos.
Nosso trem para Machu Picchu iria sair de Ollantaytambo, e nos levaria até Águas Calientes. Chegando lá, nós pegamos um ônibus que sobe até Machu Picchu, mas também tem a opção de subir andando, que leva de 1 a 2 horas.

Uma foto antes dela “ir atrás” da gente

A entrada em Machu Picchu tem hora marcada. A nossa era as 11h da manhã. É permitido ficar 4 horas lá dentro.
Nosso guia, Josmar, estava na entrada quando chegamos. Ele falava Português e nos explicou cada detalhe daquele lugar. Ele era muito simpático e ajudou com as melhores fotos. Principalmente com as lhamas. Super paciente e dedicado, dá para ver que tem amor pelo que faz.

Indescritível a energia deste lugar. (Arquivo Pessoal)

Quando entramos em Machu Picchu, conseguimos sentir a energia incrível que tem lá. É inexplicável! É acolhedor e, ao mesmo tempo é forte. Dá para sentir que muita coisa aconteceu naquelas montanhas.
Josmar nos disse que tudo que estávamos vendo são apenas 40% de Machu Picchu e que os outros 60% estão em baixo da terra!
Descobrimos também que o povo que vivia lá não era o Inca. Inca era uma pessoa só, que era o líder de todos. O povo era o Quéchua. Conhecer esse lugar é uma tonelada de emoções e histórias únicas!

A alegria de poder sentir tudo isso!

Montaña de Siete Colores

A 5.000 mil metros acima do nível do mar, a Montanã de Siete Colores sem dúvidas foi o passeio mais difícil de fazer. Se você esta pensando em conhecer, saiba que precisa se preparar, porque não é um caminho fácil, mas vale muito a pena viver a experiência.

A trilha da Montanha. (Arquivo Pessoal)

É uma caminhada de 4 km subindo pelas montanhas. A paisagem é surreal. O caminho é uma trilha única. Você sobe e desce pelo mesmo lugar.
Logo quando chegamos, encontramos muitos Quéchuas que moram na região. Eles vendem lanches, água, e até mesmo agasalhos.
Para subir a montanha, além de ir a pé, você também tem a opção de subir à cavalo, que custa 70 Soles. Como eu disse, é bem difícil a subida da montanha, e eles fazem essas viagens guiando o cavalo várias vezes por dia. Muita gente fala que não tem coragem de pagar porque é sofrido, e sim, é realmente sofrido, mas, por outro lado é a maneira que eles têm de sustentar as suas famílias.
Cada família é composta por mais de três filhos, e essa é uma das maneiras encontraram de ganhar o sustento deles. O trabalho no cavalo é separado por semana, para que todas as famílias consigam ter um lucro. Na semana 1 trabalha a família A, B e C, na semana 2 trabalha a família D, E e F, e por assim sucessivamente.

No topo da montanha é muito frio por conta do vento. É possível ver as cores bem nítidas, mas nem sempre consegue-se ver as 7 cores, devido a minerais que só aparecem em algumas épocas do ano.
Segundo recomendações da nossa guia, não se pode ficar mais de 30min lá em cima. Como a altitude é muito acima do que estamos acostumados, ela disse que os sintomas de tontura, dor de cabeça, enjoo aumentam se passar mais do que o tempo estimado.
Nós sentimos muita falta de ar durante a caminhada, mas no final é o mais difícil. A subida fica mais íngreme. Parece que o corpo começa a amolecer, e é muito mais difícil de respirar, você da meio passo e parece que está andando a dias. Mas devagar consegue chegar.

Chinchero

(Arquivo Pessoal)

A caminho de Moray paramos em Chinchero. Lá vivem várias famílias artesãs vendendo os seus trabalhos.
Elas nos mostraram um pouco do processo para conseguir as cores para as lãs, e é tudo muito impressionante. O vermelho vem de um fungo que cresce no cacto. Misturando esse fungo com outros nutrientes, elas conseguem vários tons de vermelho. É admirável de ver todas as demonstrações, e no final elas cantam uma música em Quéchua para nós.

Elas começam a aprender as técnicas artesãs com 6 anos de idade, e se elas não aprendem, elas não podem se casar. (Arquivo Pessoal)

Mara e Moray — Salineiras

Um dos lugares que eu mais queria conhecer nessa viagem!
Vocês sabiam que o Peru é um dos lugares onde mais tem espécies de batata? Eu estou falando isso justamente por causa desse lugar, Moray era onde os Quéchuas faziam “experiências agrícolas”. Cada círculo tem uma diferença de altitude de 0,5 e era assim que eles sabiam em que microclima cada cultivo se reproduziria melhor. Não tinha irrigação na época, os cultivos dependiam totalmente da chuva.
É muito louco você parar para pensar que foi a tantos anos, e que eles tanto conhecimento.

Elas possuem esse formato para seguir o curso das montanhas em volta. (Arquivo Pessoal)

As salineiras são compostas por quase 3 mil tanques. Eles abastecidos por uma nascente de água doce que corta as montanhas, onde existem grandes pedras de sal, tornando a água salgada. Eles nos deixam experimentar e é muito salgada.

(Arquivo Pessoal)

Elas funcionam apenas em época de seca. A água salgada que fica nos tanques evapora com o calor deixando apenas o sal.
Lá é produzido três tipos de sal: a primeira camada de sal é utilizada para fins medicinais, a segunda que é mais pura é utilizada para cozinhar, e a terceira que é a mais pura de todas é utilizada para produtos mais sofisticados.
É incrível todo esse trabalho que eles fazem até hoje.

(Arquivo Pessoal)

Toda a história do Peru me encantou muito. Todos os conhecimentos do passado que foram deixados para eles. Esses lugares que vivenciaram tudo isso de perto e continuam de pé, ainda trazendo retorno financeiro para essas pessoas que vivem lá. Tudo feito manualmente exatamente como era antes.
É uma viagem repleta de cultura. Uma cultura bem diferente da que convivemos no dia a dia.

Se um dia você tiver a oportunidade de conhecer o Peru, vá. Mas vá com coração aberto para tudo que esse país tem a te oferecer.

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Luanna Benfica
Revista Passaporte

Aquariana, apaixonada por fotografia, viagens e culinária local. 🤝